quinta-feira, 27 de agosto de 2009

AS PALAVRAS DE JESUS

Palavras e pensamentos de JESUS

“Sou filho do Deus Todo-Poderoso; logo, deveria ser todo-poderoso como Ele. Apesar disso, sei que quero comer e nenhum pão vem a minha ajuda. Isso prova que não sou todo-poderoso”.
“É certo que não posso transformar pedras em pão, mas está na minha mão reprimir os impulsos da matéria, e levantar-me contra o desejo. Assim, apesar de não ser todo poderoso na carne, sou todo-poderoso nas ilimitadas faculdades do espírito; portanto sou essencialmente filho de Deus, não na forma tangível, mas na forma do espírito”.
“Se sou filho do espírito, bem posso libertar-me da escravidão da matéria e destruir o meu corpo”.
“Nasci pelo poder do espírito, mas na carne. Tal foi a vontade de meu, Pai e não me é possível opor-me á sua suprema vontade”.
“E se não está na tua mão deixar insatisfeitos os desejos da matéria nem emancipar-te do corpo”.
“Deves apagar os instintos da carne e desfrutar de todos os prazeres que ela te proporciona”.
“Não me é possível deixar insatisfeitos os desejos da carne, nem me é permitido aniquilá-la. Mas a vida que há em mim é toda poderosa no espírito de meu pai. Daí resulta que, feito carne o espírito de meu pai, devo servir e trabalhar para sua glória”.

"A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira." [ Leon Tolstói ]

Fonte: L. Tolstoi/Sabedoria e Pensamento/As Palavras de Jesus/Ed.Ediouro-1984

terça-feira, 25 de agosto de 2009

QUEM FOI GALILEU

Grande Físico, Matemático e Astrônomo, Galileu Galilei nasceu na Itália no ano de 1564. Durante sua juventude ele escreveu obras sobre Dante e Tasso. Ainda nesta fase, fez a descoberta da lei dos corpos e enunciou o princípio da Inércia. Foi um dos principais representantes do Renascimento Científico dos séculos XVI e XVII.

Descobertas, idéias e estudos

Galileu foi o primeiro a contestar as afirmações de Aristóteles, que, até aquele momento, havia sido o único a fazer descobertas sobre a física. Neste período ele fez a balança hidrostática, que, posteriormente, deu origem ao relógio de pêndulo. A partir da informação da construção do primeiro telescópio, na Holanda, ele construiu a primeira luneta astronômica e, com ela, pôde observar a composição estelar da Via Látea, os satélites de Júpiter, as manchas do Sol e as fases de Vênus. Esses achados astronômicos foram relatados ao mundo através do livro Sidereus Nuntius (Mensageiro das Estrelas), em 1610. Foi através da observação das fases de Vênus, que Galileu passou a enxergar embasamento na visão de Copérnico (Heliocêntrico – O Sol como centro do Universo) e não na de Galileu, onde a Terra era vista como o centro do Universo.
Por sua visão heliocêntrica, o astrônomo italiano teve que ir a Roma em 1611, pois estava sendo acusado de herege. Condenado, foi obrigado a assinar um decreto do Tribunal da Inquisição, onde declarava que o sistema heliocêntrico era apenas uma hipótese. Contudo, em 1632, ele voltou a defender o sistema heliocêntrico e deu continuidade aos seus estudos.
Muitas idéias fundamentadas por Aristóteles foram colocadas em discussão por indagações de Galilei. Entre elas, a dos corpos leves e pesados caírem com velocidades diferentes. Segundo ele, os corpos leves e pesados caem com a mesma velocidade.
Em 1642, ele morreu cego e condenado pela Igreja Católica por suas convicções científicas. Teve suas obras censuradas e proibidas. Contudo, uma de suas obras (sobre mecânica) foi publicada mesmo com a proibição da Igreja, pois seu local de publicação foi em zona protestante, onde a interferência católica não tinha influência significativa. A mesma instituição que o condenou o absolveu muito tempo após a sua morte, em 1983.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A DEUSA DO AMOR





Virgem que veio do mar
Estrela sempre luminosa da manhã
Deusa radiante da beleza feminina
Amante do encanto virginal da sensualidade
Vênus eterna da tolerância e beleza
Baila na luz, oculta dentro de nossos olhos
Sensualidade feminina
Eternamente revelada na mulher.



O pintor Apeles representara em um admirável quadro o nascimento de Afrodite chamada Anadiómente, ou seja, "que sai do mar". Esse quadro foi consagrado à Deusa pelo próprio Imperador Augusto e, ainda existia na época do poeta latino Ausone, que fez dele uma breve mais viva descrição:

"Vede, diz ele, como esse excelente mestre soube exprimir a água cheia de espuma que corre através das mãos e dos cabelos da Deusa, sem lhe ocultar nem uma das graças: também desde que Atena percebeu, dirigiu essas palavras a Hera: Cedamos, cedamos oh! Hera, a essa Deusa que nasce, todo o prêmio da beleza."

A imagem de Afrodite emergindo do mar foi imortalizada durante a Renascença por Botticelli em "O nascimento da Vênus". Esta pintura mostra uma mulher nua, delicada e graciosa, sobre uma concha, sendo levada para a praia pelos deuses do vento e uma chuva de rosas.

Há um grande número de estátuas de Afrodite (Vênus): as mais célebres são a Vênus de Medicis, que se acreditava ser uma cópia de Vênus de Cnide, executada por Praxíteles, a Vênus de Arle, a Vênus de Milo, descoberta em Milo pelo Conde Marcellus, em 1820.

Uma das mais curiosas estátuas dessa Deusa, variação da Vênus hermafrodita, era a Vênus barbata. Estava em Roma: representava na sua parte superior um homem com cabeleira e barba abundantes, enquanto a parte inferior era de mulher. Essa singular estátua foi consagrada à Deusa por ocasião de uma moléstia epidêmica, em conseqüência da qual as damas romanas perdiam os cabelos. A Afrodite atribuiu-se a cura.

Em muitos quadros modernos, Afrodite é representada sobre o seu carro, tirado por dois cisnes: usa uma coroa de rosas e uma cabeleira loira; nos olhos brilha a alegria, paira o sorriso nos lábios; em torno dela brincam dois pombos e uma grande quantidade de pequenos amores.

Em uma medalha que pertenceu a Imperatriz Faustina, vê-se a imagem de "Vênus mãe": segura uma maçã com a mão direita, e com a esquerda uma criança envolta em cueiros. Em outra medalha da mesma imperatriz, vê-se a "Vênus vitoriosa". Com suas carícias, a Deusa se esforça em deter Ares, que parte para a guerra.

O nome de Afrodite, surge da mesma forma que seu nascimento: "afrós" significa "espuma" em grego. Contudo, o útero do mar que a acolheu e alimentou o sêmen do céu não foi concebido como uma concha até que Botticelli a imortalizou com a dita imagem (kteís, a palavra grega que designa a concha, significava também os genitais femininos).

Seu nome latino, Vênus, é a raiz da expressão "doença venérea". A sexta-feira (vendredi, em francês), dia da semana, era-lhe consagrada (Veneris dies).



Afrodite também era chamada "Dionéia" como sua mãe. "Anadómene", isto é, "saindo das águas". Possuía um cinto onde estavam encerradas as graças, os atrativos, o sorriso sedutor, o falar doce, o suspiro mais persuasivo, o silêncio expressivo e a eloqüência dos olhos. Conta-se que Hera o pediu emprestado a Afrodite para reanimar a paixão de Zeus e para vencê-lo na causa dos gregos contra os troianos.


Da espuma do mar, fecundada pelo sangue de Urano (o Céu) nasceu uma jovem levada em primeiro lugar para a ilha de Cítera e em seguida a Chipre. Deusa encantadora, não tardou percorrer a costa, e as flores nasciam sob os seus pés delicados. Chama-se Afrodite (Vênus), ou Citeréia, do nome da ilha a que aportou, ou ainda Cipris, do nome da ilha em que é honrada. Pelo menos, é essa a tradição mais difundida, pois algumas lendas diferentes vieram confundir-se em Vênus que, às vezes, surge como filha de Júpiter e de Dionéia. É também a que devemos adotar, pois os artistas que representaram o nascimento de Vênus mostram sempre a deusa no momento em que sai das vagas.
Nas pinturas antigas, Vênus é freqüentemente representada deitada sobre uma simples concha; nas moedas, vemo-la num carro puxado pelos Tritões e pelas Tritônidas. Finalmente, numerosos baixos-relevos no-la apresentam seguida de hipocampos ou centauros marinhos. No século dezoito, os pintores franceses, e notadamente Boucher, viram no nascimento de Vênus um tema infinitamente gracioso e útil à decoração. Uma multidão de pequenos cupidos paira nos ares ou escolta a deusa. Aliás, os pintores franceses seguiram, nesse ponto, as tradições bebidas da Itália.
Conformando-se à narração dos poetas, Albane colocou a deusa num carro puxado por cavalos marinhos. Assim é que ela vai ter a Cítera, onde a aguarda Peitho (a Persuasão), que, na margem, estende os braços à jovem viajante. Cupido está sentado perto do mar; as Nereidas e os Amores montados em delfins formam o cortejo da deusa. Alegres Amores festejam a chegada de Vênus, e outros esvoaçam no ar semeando flores na passagem.
www.rosanevolpatto.trd.br/deusaafrodite1.htm

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Oposição do homem voltado para o céuao homem voltado para a terra

Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
É verdade, Senhor, que hei delinqüido,
Delinqüido vos tenho e ofendido,
Ofendido vos tem minha maldade.

Maldade que encaminha à vaidade,
Vaidade que todo me há vencido.
Vencido quero ver-me e arrependido,
Arrependido a tanta enormidade.

Arrependido estou de coração,
De coração vos busco, dai-me os braços,
Abraços que me rendem vossa luz.

Luz que claro me mostra a salvação,
A salvação pertendo em tais abraços,
Misericórdia, amor, Jesus, Jesus.

O conflito permanente do poeta cindindo entre a consciência do pecado e a necessidade da salvação, entre o desejo da transgressão e a solicitação do perdão, entre certezas divinas e dúvidas terrenas,...

Gregório de Matos

Fonte: http://www.filologia.org.br/abf/volume3/numero1/01.htm

sábado, 15 de agosto de 2009

DIA 21 DESTE MÊS FAZ 20 ANOS QUE O RAUL FEZ SUA VIAGEM SEM VOLTA



Raul Santos Seixas (Salvador, 28 de junho de 1945São Paulo, 21 de agosto de 1989), conhecido por "Maluco Beleza", foi um cantor e compositor brasileiro, pioneiro do rock no
Pensamentos


"A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal."
"Ninguem tem o direito de me julgar a não ser eu mesmo. Eu me pertenço e de mim faço o que bem entender."
"Todos os partidos são variantes do absolutismo. Não fundaremos mais partidos; o Estado é o seu estado de espírito."
"Só há amor quando não existe nenhuma autoridade."
"O sonho do careta é a realidade do maluco."
"A desobediência é uma virtude necessária à CRIATIVIDADE."
"Ninguém morre, as pessoas despertam do sonho da vida."
"Quero a certeza dos loucos que brilham. Pois se o louco persistir na sua loucura, acabará sábio."
"Eu não sou louco, é o mundo que não entende minha lucidez."
"Somos prisioneiros da vida e temos que suportá-la até que o último viaduto nos invada pela boca adentro e viaje eternamente em nossos corpos."
"A formiga é pequena, mas elas são um exército quando juntas."
"De que o mel é doce é coisa que eu me nego a afirmar, mas que parece doce eu afirmo plenamente."
"Nunca é tarde demais pra começar tudo de novo."
"Há Homens que nascem póstumos."
"Que capacidade impiedosa essa minha de fingir ser normal o tempo todo."
"Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu."

CURIOSIDADES

Raul Seixas desde criança escrevia textos e poesias. Fazia também revistas em quadrinhos para seu irmão (Plínio) a quem vendia. Seu sonho também era ser um escritor.
Raul Seixas e Waldir Serrão foram um dos primeiros garotos a terem contato com discos de Rock n Roll no Brasil, na Bahia, por que estava infestada de americanos nos anos 50/60, que se mudavam por questões de trabalho, assim toda a cultura do Rock foi trazida através deles.
No final dos anos 60, Raul Seixas teve um encontro com Mick Jagger. Que o incentivou a tocar música africana, pois vendo a música brasileira na raíz, havia percebido que a bossa nova era uma farsa.
Raulzito e os Panteras (banda de Raul) acompanhava artistas de pedigree que iam fazer shows na Bahia, entre eles: Roberto Carlos, Jerry Adriani e Wandérleia.
Raul Seixas passou nos primeiros lugares no vestibular de Direito, para impressionar a familia de Edith, que seria desde então a sua primeira esposa.
No inicio dos anos 70, Raul ao lado de Leno ( Da dupla Leno e Lilian ) gravou um disco chamado "Vida e Obra de Johnny McCartney", um disco que caso fosse lançado seria uma evolução musical incrível para a época, pois seria um divisor de águas entre a Jovem Guarda e o Rock Nacional, porém pelo forte teor político, ele foi censurado. Raul divide parceria com Leno em 6 faixas do Disco. "Sentado no Arco-Iris", segundo Leno, foi a primeira letra que Raul tivera realmente orgulho de escrever, lembrando que desde então suas letras eram românticas feitas para a Jovem Guarda.
Antes de ser cantor, Raul Seixas atuou como Produtor da CBS, produzia diversos artistas da Jovem Guarda, e compunha para eles também, entre artistas que gravaram suas canções destacam-se: Jerry Adriani, Diana, Leno e Lilian, entre outros.
A primeira música assinada por Raul Seixas/Paulo Coelho, "Caroço de Manga", na verdade foi composta apenas por Raul Seixas, para incentivar o amigo, ele colocou o nome de Paulo Coelho na música, que mais tarde afirmou que aprendeu a escrever graças a linguagem popular que Raul Seixas o ensinara. Outra questão interessante é que os parceiros de composições de Raul Seixas costumavam ser seus amigos e por vezes até suas mulheres, frisando que Raul Seixas era muito generoso em dividir parcerias com todos eles.
Raul Seixas no Festival Internacional da Canção, escreveu duas músicas, Let me sing, Let me sing my Rock n Roll e Eu sou eu, Nicuri é o Diabo, na primeira ele dividiu parceria com sua primeira mulher, para driblar o regulamento, que só exigia que apenas uma música por compositor fosse escrita no concurso.
Raul Seixas compôs Metamorfose Ambulante aos 12 anos.
A canção Gita, foi inspirada num livro hindu, chamado Baghavad Gita. Raul Seixas afirmou que compôs a música para falar de DEUS, como um "todo".
A canção Um Messias Indeciso, foi inspirada num livro chamado: As Ilusões - As aventuras de um Messias Indeciso.
A canção Sociedade Alternativa é inspirada em escritos de um ocultista chamado Aleister Crowley.
A canção Água Viva, foi inspirada em um texto de São João da Cruz, um santo da Igreja católica.
Raul Seixas queria ser um ator, chegou a fazer um projeto de um filme que foi mal-sucedido, ele seria o personagem principal e também havia escrito o enredo. Ele dizia: " Sou tão bom ator, que finjo ser compositor e cantor, e todo mundo acredita. "



"Caroço de Manga" em LP e CD)


Álbuns póstumos


1984 - Ao Vivo - Único e Exclusivo
1991 - Eu, Raul Seixas (Show na Praia do Gonzaga, Santos, 1982)
1993 - Raul Vivo (Reedição de Ao Vivo - Único e Exclusivo com faixas extras)
1994 - Se o Rádio Não Toca (Show em Brasília, 1974)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

As sete palavras de Jesus na cruz




As sete palavras de Jesus na cruz são uma coleção de sete breves frases segundo a tradição

pronunciadas por Jesus durante sua crucificação. Estas frases - ou palavras, em seu sentido lato - são objeto de uma devoção especial e de meditação principalmente durante a Semana Santa, entre os Cristãos, e foram recolhidas dos Evangelhos. Sua ordem e expressão variam ligeiramente entre os diversos Evangelhos, e seu conjunto completo não é encontrado em nenhum deles.

Primeira palavra

"Pai, perdoai-os porque eles não sabem o que fazem." (Lucas, 23:34). Esta primeira frase foi dita em forma de prece para que Deus perdoasse a ignorância daqueles que o crucificavam: os soldados romanos e a multidão que o acusava. Esta prece reflete e confirma uma exortação anterior de Jesus, quando instava a seus seguidores que amassem e perdoassem seus inimigos (Mateus 5:44). Alguns manuscritos antigos omitem a menção àquela frase [1]

Segunda palavra

"Em verdade eu te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23:43). No momento em que Jesus é crucificado, dois ladrões também o são, e suas cruzes se erguem ladeando a de Jesus. O ladrão à sua direita reconhece sua inocência, e pede que seja lembrado quando Jesus entrar em seu Reino, e Jesus lhe responde daquela forma. A versão original nos manuscritos hebraicos não traz pontuação, e tampouco a versão em grego encontrada na Septuaginta, permitindo alguma confusão de sentidos pelo possível deslocamento da prosódia, gerando a alternativa "Em verdade, eu te digo (que) hoje, estarás comigo no Paraíso". Esta dubiedade tem sido causa de debates entre Católicos e Protestantes sobre a existência ou não de um estágio intermediário entre a vida física e o Paraíso, chamado de Purgatório. Aparentemente, a aceitação da versão sem pausa após hoje, como consta no subtítulo, exime o chamado Bom Ladrão de uma passagem pelo Purgatório, e tem sido invocada para os Protestantes negarem sua existência

Terceira palavra

"Mulher, eis aí teu filho; olha aí a tua mãe." (João 19:26-27). Jesus, do alto da cruz, contempla os poucos amigos que o seguiram até o Calvário, e com aquelas palavras confia seu discípulo (cujo nome não é citado, mas crê-se que seja João) aos cuidados de sua mãe Maria, e ela a ele. A Igreja Católica costuma tomar esta incumbência simbolicamente, como Maria sendo entregue a toda a igreja nascente, como imagem de sua maternidade universal, e como uma prova de que ela não tinha outros filhos, que poderiam cuidar dela. Se eles existissem, tal afiliação seria considerada insultuosa aos negligenciados irmãos de Jesus, no contexto da cultura judaica do século I.

Quarta palavra

"Eli, Eli, lama sabachthani? (Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)" (Mateus 27:46 e Marcos 15:34).
Esta frase é uma que se destaca no conjunto, por ter sido a única registrada tanto por Marcos como por Mateus, e por ter sido transmitida a nós em uma outra linguagem, o aramaico. Expressa o sentimento de total abandono experimentado por Jesus em seu sacrifício e a necessidade de enfrentar a agonia sem qualquer valimento, nem mesmo o divino, a fim de cumprir seu desígnio e realizar sua obra de salvação.

Quinta palavra

"Tenho sede". (João 19:28) Aqui fica patente a natureza humana de Jesus, não era uma reclamacão ou um pedido mas uma afirmação clara de que Ele era de carne osso, tinha fome sede como todos os humanos. E é por isso que Ele se compadece nós, pois Ele conhece todas as nossas dores (Hebreus 4:15 e 15).

Sexta palavra

"Está consumado" (João 19:30) Jesus declara que tudo o que devia ser feito foi cumprido, e é interpretada como um sinal de que a obra de salvação se tornará eficaz por intermédio de seu sacrifício em prol de todos os homens.

Sétima palavra

"Pai, em tuas mãos entrego meu espírito". (Lucas 23 46)
Terminada sua agonia, Jesus se abandona aos cuidados de seu Pai e, assim fazendo, expira.
Fonte: Wikpédia

terça-feira, 11 de agosto de 2009

POR QUE ELES NÃO SE REGENERAM?

Vindo da Universidade, estava pensando a respeito do sistema de regeneração das pessoas que pagam, ou pagaram alguma sentença criminal.
Como elas fazem para se regenerar?
Ser inclusas na sociedade novamente?
Hora, até onde sabemos, o que representa o homem na sociedade não é simplesmente o que ele faz, deixa de fazer ou o que ele pensa e deixa de pensar, mas sim, principalmente, a dignidade de um homem é tida através de sua educação, trabalho/emprego e família. Sendo assim eu me pergunto: como um homem depois de ter cometido um erro, crime, poderá posteriormente retomar sua vida, tê-la de volta, se o que é mais importante na vida dele, a justiça de certa forma tira os dele?
Ou então. Porque é que quando qualquer pessoa, ao procurar um emprego, é submetido a tirar um ATESTADO DE BOA CONDUTA?
E se a pessoa tiver a “ficha suja”, e não conseguir o trabalho que procura? O que esse cristão vai pensar nessa hora? Como ele vai encarar a vida daí para frente?
Você daria um emprego a um ex-prisioneiro? Qual a diferença de quem comete um crime brutal para quem mata os pobres de fome? Já pensaram como Jesus distinguiriam essa situação?
Será que quem erra tem realmente o direito de se corrigir?
Será que o sistema político-social contribui de forma correta para que os criminosos tenham verdadeiramente uma chance de deixar a vida pregressa para traz e tentar viver uma nova vida?
Se o homem depende do trabalho para sobreviver, aliás, muitos casos o motivo pelo qual se cometeu um crime é justamente a falta de condições de sobrevivência digna como: trabalho, comida, moradia, educação, saúde e etc., o que será desse mesmo ser humano, se ao ser “liberto”, se é que se pode chamar isso de liberdade, o mesmo não consegue ser recebido pela sociedade? E pior, nem um trabalho de carteira assinada as empresas ou pessoas são capazes de oferecê-lo?
Então fica aqui meu pensamento sobre o assunto: “ O sistema e a sociedade Poderiam fazer muito mais do que o que fazem”, a começar pela forma de olhar para essas pessoas, depois a forma de recebê-las...

domingo, 9 de agosto de 2009

100 HOMENS QUE MUDARAM A HISTÓRIA DO MUNDO

Quando deixamos de existir neste plano físico, o que sobra de nossa existência são as lembranças que deixamos nos que nos conheceram; o(s) fruto(s) do trabalho que tenhamos realizado; e no caso daqueles que deixaram descendentes, parte da herança genética, que continua ativa, podendo se reproduzir (mas só parte dessa herança permanece nos descendentes, a outra parte vem do outro progenitor, que, espera-se, tenha uma herança genética diversa da nossa).Em geral, a existência de um ser humano toca - e afeta - a de uns tantos ou quantos conhecidos. No decorrer da História, no entanto, alguns homens realizaram façanhas que afetaram as vidas de milhares, ou milhões de outros seres humanos. Em certos casos o impacto de tais façanhas só tem maior importância em relação aquele momento específico, em outros casos, o impacto se faz sentir por muitas gerações, chegando a ser decisivo em tudo que ocorre daquele momento em diante.As vidas de Buda e Jesus permanecem como paradigmas para bilhões de pessoas até hoje. Já a de Alexandre, o Grande, que por alguns anos governou a maior parte do mundo civilizado, se olharmos o mundo como era cem anos depois de sua morte, pode-se dizer que a História subseqüente teria sido diferente sem ele?Sobre tudo isso, podemos ler em 100 homens que mudaram a História do Mundo (Bill Yenne, Editora Prestígio Cultural). Nele temos breves biografias de nomes como Moisés, Gutenberg, Lutero, Lênin; a lista segue até Bill Gates.Este tipo de livro, "Os cem mais", tem pipocado em nossas livrarias, "Os 100 livros mais importantes", "Os 100 maiores cientistas", "100 batalhas que mudaram o Mundo", etc. Claro que tais títulos, pela falta de profundidade, tendem a diluir a História. Ler três páginas sobre Winston Churchill não torna ninguém um especialista na matéria – ora, o próprio Churchill escreveu seis volumes sobre a Segunda Guerra Mundial, na qual ele foi uma das figuras mais decisivas. Mas, apesar da diluição, como consta do prefácio escrito pela historiadora carioca Mary del Priore, “Sabemos, contudo, que não adianta ficar enrolado numa toga, isolado na torre de marfim da academia, ignorando as mudanças na mídia e no mercado editorial.” Apenas um parêntese: que foto terrível de Mary del Priore publicaram no livro. Ela está com o dedo indicador na boca, parece foto de pin up dos anos 40, não combina com uma professora universitária. E se não há foto do autor, por que haver foto de alguém que escreveu só o prefácio? Mas quanto ao conteúdo, gosto deste tipo de livro, com verbetes breves. Este especificamente, mais do que os outros de "cem mais" é adequado para alunos de segundo grau. E são bons para levar pro banheiro – e não há nada de pejorativo neste comentário, ao contrário do que possa parecer. São leitura leve e agradável.No caso específico de 100 homens que mudaram a História do Mundo, seria ainda mais agradável se tivesse ocorrido uma revisão decente. O conectivo “de” é volta e meia ignorado, a pontuação é falha e palavras que estão deslocadas na sentença entram assim mesmo (“Sidarta foi criado num ambiente luxuoso palácio e cercado de conforto material”, Pág. 25). Estamos falando da 2a. edição. Ou o "ambiente" ou o "palácio" teriam que ser cortados. Todo mundo erra, é claro; não é motivo para crucificar o livro. Nem o é quando Pasteur aparece grafado como “Paster” (uma única vez).A seleção dos cem sujeitos importantes sempre poderá ser questionada. A inclusão de Charles Dickens, o número 67 da lista (que é cronológica e não por ordem de importância), parece-me exagerada. E como o autor é americano, inclui ali o nome de três dos "Pais da Pátria": Benjamin Franklin, George Washington e Thomas Jefferson. Bastaria um dos três: Washington; os outros dois poderiam ser mencionados no verbete. Mas a coisa vai bem até John Kennedy. Só que no final, cede-se ao politicamente correto e inclui-se Nelson Mandela e Gorbachev.Mandela é importante pra África do Sul e pro movimento negro internacional, mas seu peso na política mundial é pequeno. E Gorbachev e sua política foram apenas uma reação à falência da URSS na década de 1980, conseqüência da política de investimentos militares do governo Reagan nos EUA. Se algum dentre estes dois deveria entrar, seria Reagan; mas Gorbachev é comuna e mais simpático, fica-se com ele. O reverendo americano Martin Luther King Jr. aparece com justiça na lista, no número 97 - o primeiro Martin Luther, ou sua forma latinizada, Martinho Lutero (1483-1546), também consta, sob o número 43. Nosso querido Santos-Dumont também está lá, Brasil-sil-sil! Será que na edição original americana era o nome dele que aparecia ou os dos irmãos Wright? Outros nomes do século XX que poderiam figurar: D. W. Griffith – o criador da linguagem narrativa no cinema, mas também malvisto por ter louvado o segregacionismo racial em seu filme O Nascimento de uma Nação (1915); Walt Disney, que mudou a noção mundial de entretenimento. Desde a década de 1960 todas as pessoas inseridas no século XX, o que exclui os miseráveis e os tribais, foram criadas assistindo a desenhos animados. John Rock e Gregory Pincus, os homens que inventaram a pílula anticoncepcional. E pessoas sobre as quais não costumamos pensar, mas sem as quais a vida na Terra seria muito pior: os cientistas que criaram adubos nitrogenados e pesticidas para controles de pragas agrícolas, que permitiram um salto da produtividade nos anos 1950/60. E Ju-Yung Chung (ou Chung Ju-Yung), criador da Hyundai, a maior empresa de capital privado de um país não-desenvolvido e fator decisivo no progresso econômico do mesmo (a Coréia do Sul; a empresa começou como construtora de navios já há uns sessenta anos). Entre os cem homens listados, apenas duas famílias têm a honra de ter mais de um membro. Julio César e seu sobrinho-neto Augusto; e os americanos Roosevelt, Theodore e Franklin Delano (primos). Curioso que, com tantas dinastias ocupando o poder por séculos na Europa, haja tão poucos parentes. É aí que entra justamente o que falei sobre o que sobra de um homem depois que ele morre: são as lembranças que deixamos nos que nos conheceram; o(s) fruto(s) do trabalho que tenhamos realizado. Já vimos que a vocação para grandeza não passa necessariamente de pai para filho. Ainda que Bach (número 52 da lista), Mozart (número 59), Beethoven (60) e Picasso (87) tenham sido iniciados em seus ofícios pelos respectivos pais. Mas a grandeza, ou vontade de potência – e já que usamos este termo, Nietzsche não está na lista - pode passar de um mestre para um pupilo, vejam a seqüência: Sócrates deu aula para Platão, que deu aula para Aristóteles, que deu aula para Alexandre, o Grande. Todos os quatro estão na lista. Tudo bem que Alexandre era filho de Felipe II da Macedônia, um rei que realizou grandes conquistas e teve a sabedoria de chamar Aristóteles para ser professor de seu filho. Mas Felipe II não está na lista. E quinze séculos mais tarde, São Tomás de Aquino, o número 32, retomou o trabalho de Aristóteles, adaptando-o ao Cristianismo. E quatro séculos adiante, Descartes (o 49) mergulhava em S. Tomás. As idéias vivem, se alteram, se adaptam. É este o legado que fica. Mas não esqueçamos que monstros constam da lista. Por mais que os odiemos, não podemos negar sua importância histórica: Hitler, Stálin, Mao Tsé-Tung, assassinos de milhões, estão todos lá.Só uma curiosidade que particularmente me interessou, envolvendo Samuel Morse (no. 63), o inventor do telégrafo, e o já citado Louis Pasteur (no. 70), que descobriu o processo para conservar leite e bebidas alcoólicas que recebeu seu nome, a pasteurização, e além disso desenvolveu vacinas contra doenças graves, como a raiva. Ambos foram artistas e professores de desenho, antes de partirem para a ciência. Bem, não deveria ser surpresa, Leonardo Da Vinci (36 da lista), também era artista e cientista. Até Hitler dava suas pinceladas. Morse e Pasteur fizeram bem em abraçar a ciência. Não seriam nunca artistas tão bons como o número 41, Michelangelo.

sábado, 8 de agosto de 2009

Prova de Literatura Brasileira

Prova de Literatura Brasileira I
Nesta próxima segunda-feira, dia 10/08/2009, haverá prova de Literatura Brasileira I.
O Conteúdo para ser trabalhado vai basear-se nas obras discutidas pelos grupos que são:

AUTOR OBRA
1. Tomaz Antonio Gonzaga Marília de Dirceu
2. Claudio Manoel da Costa Vila Rica
3. Gonçalves Dias Canção do Exílio
4. Gonçalves de Magalhães Suspiros Poéticos
5. Basílio da Gama Uruguaia
6. Frei Santa Rita Durão Caramuru

Fonte: Turma de Letras do 4º Período/UERN/Macau/RN

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Por Quem Os Sinos Dobram

Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Cê sabe que a gente precisa entrar em contato
Com toda essa força contida e que vive guardada
O eco de suas palavras não repercutem em nada

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado, é...
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais

É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que você quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que você pode mais.

Musica do Raul Seixas

AGENDA DA SEMANA

Ontem (05/agosto/2009),não houve aula. Pois a Professora Mariana não compareceu.

Hoje (06/08/2009) está previsto a aula de Literatura Brasileira.

Além dos trabalhos previsto para a aula de hoje, também vai ser apresentado o grupo do Fernando/Alessandro/Alcimar/Gerson/Canindé e Richardson, referente ainda a aula passada.

Amanhã (07/08/2009), seria a aula do Professor Bosco com a disciplina de Diacronia do Portugues, mas como o mesmo deu a aula nesta terça-feira (04/08/2009) no lugar da Professora Luzinete, então a mesma dará aula ao invés de Bosco nesta sexta-feira.

Lembrando que será dada a continuação das apresentações dos seminários.

Turma de Letra/4º Período/UERN/MACAU/RN

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A POESIA E A SOCIEDADE




A Função Social da Poesia
Por T. S. Eliot (1943)



Ensaio retirado de seu livro On Poetry and Poets, London, Faber and Faber, 1971.


Tradução de Bruno I. Mori


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O título deste ensaio é tão provável de sugerir coisas diferentes a diferentes pessoas que posso ser desculpado por primeiro explicar o que não quero dizer com ele antes de ir começando a explicar o que quero dizer de fato. Quando falamos da “função” de qualquer coisa, tendemos a estar pensando no que essa coisa deveria fazer em vez de no que realmente faz ou tem feito. Essa é uma distinção importante, pois não pretendo falar do que acho que a poesia deveria fazer. Pessoas que nos contam o que a poesia deveria fazer, especialmente se são poetas elas próprias, em geral têm em mente o tipo particular de poesia que gostariam de escrever. É sempre possível, é claro, que a poesia possa ter no futuro um diferente emprego do que tivera no passado; mas, mesmo que assim o seja, é válido decidir primeiro que função ela teve no passado, tanto num tempo como noutro, numa língua como noutra, e universalmente. Eu poderia facilmente escrever sobre o que faço eu mesmo com a poesia, ou o que gostaria de fazer, e então tentar persuadi-los de que isso é exatamente o que todos bons poetas tentaram fazer, ou deveriam ter feito, no passado – apenas não tiveram completo êxito, mas talvez isso não seja culpa deles. Porém, parece-me provável que, se a poesia – e quero dizer toda grande poesia – não tivera função social no passado, não seja de se esperar que tenha alguma no futuro.

Quando digo toda grande poesia, tenciono evitar outro modo de que possa tratar do assunto. Alguém pode tomar os diversos tipos de poesia, um após outro, e discutir a função social de cada variedade sucessivamente, sem atingir a questão geral de qual é a função da poesia enquanto poesia. Quero distinguir entre funções gerais e particulares, para que saibamos do que não estamos falando. A poesia pode ter um propósito social deliberado e consciente. Em suas formas mais primitivas esse propósito é muitas vezes bastante claro. Há, por exemplo, runas e cantos antigos, alguns dos quais possuíam fins mágicos um tanto práticos – livrar de mau olhado, curar alguma doença ou aplacar algum demônio. A poesia é usada desde os primeiros tempos em rituais religiosos e, quando cantamos hinos, ainda estamos usando poesia para um propósito social particular. As formas primordiais de épicos e sagas podem ter transmitido o que se tinha por história, antes de sobreviverem apenas para entretenimento comunitário; e, antes do uso da linguagem escrita, uma forma regular de versos deve ter sido extremamente útil à memória – e a memória dos primitivos bardos, contadores de estórias e estudiosos deve ter sido prodigiosa. Em sociedades mais avançadas, tais como as da antiga Grécia, também são conspícuas as reconhecidas funções sociais da poesia. O drama grego desenvolve-se a partir de ritos religiosos e persiste como uma cerimônia pública formal associada a tradicionais celebrações religiosas; a ode pindárica desenvolve-se em relação a uma ocasião social particular. Certamente, tais usos definidos da poesia deram a esta a estrutura que tornou possível o alcance da perfeição em seus tipos particulares.

Algumas dessas formas, como as do cântico religioso que mencionei, subsistem na poesia mais moderna. A acepção do termo poesia didática sofreu algumas mudanças. Didático pode significar “transmitindo informação”, pode significar “dando instrução moral” ou pode significar algo que compreenda ambos os sentidos. As Geórgicas de Virgílio, por exemplo, são poesia extremamente bela e contêm informações bastante sensatas sobre agricultura. Entretanto, pareceria impossível, no presente, escrever um livro atualizado sobre agricultura que também fosse ótima poesia: em primeiro lugar, o assunto mesmo tornou-se muito mais complicado e científico; em segundo lugar, ele pode ser exposto mais facilmente através da prosa. Também não devemos, como o fizeram os romanos, escrever em verso tratados astronômicos e cosmológicos. O poema cujo intuito ostensivo é o de transmitir informação foi suplantado pela prosa. A poesia didática gradualmente tornou-se limitada à poesia de exortação moral, ou à poesia que visa a persuadir o leitor do ponto de vista do poeta sobre algo. Inclui, portanto, grande parte do que se pode chamar de sátira, embora a sátira esteja imbricada com a poesia burlesca e a paródia, que têm primariamente a intenção de fazer rir. Alguns dos poemas de Dryden, no século XVII, são sátiras no sentido em que pretendem ridicularizar os objetos contra os quais são dirigidos, e também didáticos na intenção de persuadir o leitor de pontos de vista religiosos e políticos particulares; e, ao fazerem-no, também utilizam o método alegórico de disfarçar a realidade em ficção: The Hind and The Panther, que pretende persuadir o leitor de que a Igreja de Roma tinha a retidão moral a seu favor contra a Igreja Anglicana, é seu mais memorável poema deste tipo. No século XIX, um zelo por reformas sociais e políticas inspirou muito da poesia de Shelley.

Quanto à poesia dramática, há uma função social de um tipo que lhe é agora peculiar. Pois enquanto a maior parte da poesia atual se escreve para ser lida a sós, ou em voz alta em companhia de poucos, o verso dramático em si tem como função produzir uma impressão imediata e coletiva sobre um grande número de pessoas reunidas para assistir a um episódio imaginário representado num palco. A poesia dramática é diferente de qualquer outra, mas, como suas leis específicas são as do drama, sua função está mesclada com a função do drama em geral, e não estou aqui interessado nas funções sociais específicas do drama.

Quanto à função específica da poesia filosófica, isso envolveria uma análise e um relato histórico de certa extensão. Acho que mencionei tipos de poesia o suficiente para deixar claro que a função específica de cada uma está relacionada a alguma outra função: da poesia dramática com o drama, da poesia didática de informação com a função de seu tema, da poesia didática de filosofia, religião, política ou moral com a função de cada um desses assuntos. Podemos considerar a função de qualquer um desses tipos e ainda assim deixar intocada a questão da função da poesia. Pois tudo isso pode ser tratado em prosa.

Mas antes de prosseguir, quero afastar uma objeção que pode ser levantada. As pessoas às vezes desconfiam da poesia que possui um propósito particular: poesia na qual o poeta está advogando opiniões sociais, morais, políticas ou religiosas. E estão muito mais inclinadas a dizer que ela não é poesia quando não gostam das opiniões particulares; do mesmo modo que outras pessoas muitas vezes pensam que algo é verdadeira poesia porque por acaso exprime um ponto de vista que apreciam. Devo dizer que esta questão – se um poeta está usando sua poesia para advogar ou atacar um comportamento social – não importa. Versos ruins podem ficar transitoriamente em voga quando o poeta reflete uma atitude popular do momento; mas a real poesia sobrevive não só a uma mudança de opinião popular, mas à completa extinção do interesse pelas questões com as quais o poeta estava tão apaixonadamente preocupado. O poema de Lucrécio persiste um grande poema, embora suas noções de física e astronomia estejam desacreditadas; os de Dryden, embora as disputas políticas do século XVII não mais nos interessem; exatamente como um grande poema do passado ainda pode dar grande prazer, embora seu tema seja algum que devamos hoje tratar em prosa.

Agora, se devemos encontrar a essencial função social da poesia, temos de olhar antes para suas mais óbvias funções, aquelas que deve desempenhar se é que deve desempenhar alguma. Penso que a primeira de que podemos ter certeza é a de que a poesia deve proporcionar prazer. Se você perguntar que tipo de prazer, só posso então responder que é o tipo de prazer que a poesia proporciona: simplesmente porque qualquer outra resposta nos levaria a divagações sobre estética e a questão geral da natureza da arte.

Suponho que se concordará que todo bom poeta, seja ele um grande poeta ou não, tem algo a dar-nos além de prazer: pois se fosse apenas prazer, o prazer mesmo não poderia ser do tipo mais elevado. Além de qualquer intenção específica que possa ter a poesia, tais como as que já exemplifiquei em seus vários tipos, há sempre a comunicação de alguma nova experiência, ou uma inédita compreensão do familiar, ou a expressão de algo que vivenciamos mas para o qual não temos palavras, o que engrandece nossa consciência ou refina nossa sensibilidade. Mas não é com tal benefício individual dado pela poesia, não mais que com a qualidade do prazer individual, que este ensaio está preocupado. Creio que todos entendemos ambos o tipo de prazer que a poesia pode proporcionar e o tipo de diferença, além do prazer, que ela faz às nossas vidas. Sem produzir esses dois efeitos, ela simplesmente não é poesia. Podemos admitir isso, mas ao mesmo tempo não notar algo que ela faz por nós coletivamente, como sociedade. E digo isso em seu sentido mais amplo. Pois julgo importante que todo povo deva ter sua poesia própria, não simplesmente para aqueles que apreciam poesia – essas pessoas poderiam sempre aprender outra língua e apreciar sua poesia – mas porque isso realmente faz diferença à sociedade como um todo, e isto vale para as que não gostam de poesia. Incluo até aqueles que não sabem os nomes de seus próprios poetas nacionais. Esse é o real assunto deste ensaio.

Observamos que a poesia distingue-se de toda outra arte por ter um valor pelo povo que é da raça e língua do poeta, valor que não pode ter por nenhum outro. É verdade que até a música e a pintura possuem um caráter local e racial: mas certamente as dificuldades de apreciação nessas artes, para um estrangeiro, são muito menores. É verdade por outro lado que textos em prosa têm um significado em sua língua original que se perde na tradução; mas todos sentimos que perdemos muito menos ao ler um romance em tradução que ao ler um poema; e na tradução de alguns tipos de trabalho científico a perda é virtualmente nula. Que a poesia é muito mais local que a prosa pode-se ver na história das línguas européias. Ao longo da Idade Média e até há poucas centenas de anos, o latim permanecia a língua para filosofia, teologia e ciência. O impulso rumo ao uso literário das línguas dos povos começou com a poesia. E isso parece perfeitamente natural quando percebemos que a poesia, primariamente, diz respeito à expressão do sentimento e da emoção; e que o sentimento e a emoção são particulares, enquanto o pensamento é geral. É mais fácil pensar numa língua estrangeira do que nela sentir. Portanto, nenhuma arte é mais obstinadamente nacional que a poesia. Um povo pode ter sua língua detraída, suprimida, e outra língua compelida sobre as escolas; mas a menos que se lhe ensine a sentir numa nova língua, a antiga não foi erradicada e reaparecerá na poesia, que é o veículo do sentimento. Acabo de dizer “sentir numa nova língua”, e quero dizer algo mais que meramente “exprimir seus sentimentos numa nova língua”. Um pensamento expresso numa língua diferente pode ser praticamente o mesmo pensamento, mas um sentimento ou uma emoção expressa numa língua diferente não é o mesmo sentimento ou emoção. Uma das razões para aprendermos bem pelo menos uma língua estrangeira é que adquirimos um tipo de personalidade suplementar; uma das razões para não adquirirmos uma nova língua em lugar da nossa é que a maioria de nós não quer tornar-se uma pessoa diferente. Uma língua superior raramente pode ser exterminada exceto pelo extermínio das pessoas que a falam. Quando uma língua suplanta outra é muitas vezes porque possui vantagens que a elevam e que oferecem não uma mera diferença, mas uma gama mais ampla e mais refinada que a língua primitiva não só para pensar, mas para sentir.

Emoção e sentimento são então mais bem expressos na língua comum das pessoas – isto é, na língua comum a todas as classes: a estrutura, o ritmo, a sonoridade, o estilo de uma língua exprimem a personalidade do povo que a fala. Quando digo que é a poesia, em vez da prosa, que se preocupa com a expressão da emoção e do sentimento, não quero dizer que a poesia não precisa possuir conteúdo intelectual ou significado, ou que a grande poesia não contém mais desse significado que a poesia inferior. Porém, desenvolver esta investigação me tiraria de meu objetivo imediato. Considerarei de acordo que as pessoas encontram a expressão mais consciente de suas mais profundas emoções na poesia de sua própria língua, em vez de em qualquer outra arte ou na poesia de outras línguas. Isso não significa, é claro, que a verdadeira poesia está limitada a sentimentos que todos podem reconhecer e compreender; não devemos limitar a poesia à poesia popular. Basta que, num povo homogêneo, os sentimentos dos mais refinados e complexos indivíduos tenham algo em comum com os sentimentos dos mais grosseiros e simples, algo que não têm em comum com os de pessoas de seu mesmo nível que falam outra língua. E, quando uma civilização é saudável, o grande poeta terá algo a dizer a seus compatriotas em todos os níveis de educação.

Podemos dizer que o dever do poeta, como poeta, é apenas indiretamente para com seu povo; seu dever direto é para com sua língua: primeiro, preservar e, segundo, ampliar e aperfeiçoar. Ao exprimir o que outras pessoas sentem, ele também está mudando o sentimento, por torná-lo mais consciente; está fazendo-as mais sabedoras do que já sentem, e portanto ensinando-as algo sobre si mesmas. Ele, no entanto, não é apenas uma pessoa mais consciente que as demais; é, além disso, individualmente distinto das outras pessoas, e também de outros poetas, e pode fazer seus leitores conscientemente compartilhar novos sentimentos que até então não haviam vivenciado. Essa é a diferença entre o escritor que é meramente excêntrico ou louco e o autêntico poeta. Aquele pode ter sentimentos que são únicos mas não podem ser compartilhados, e que são, portanto, inúteis; este descobre novas variações de sensibilidade que podem ser apropriadas por outrem. E, ao exprimi-las, ele está desenvolvendo e enriquecendo a língua que fala.

Já disse quase o suficiente sobre as diferenças impalpáveis do sentir entre um povo e outro, diferenças que são confirmadas, e ampliadas, por suas diferentes línguas. Mas as pessoas não apenas vivenciam o mundo diferentemente em diferentes lugares; vivenciam-no diferentemente em tempos diferentes. De fato, nossa sensibilidade está constantemente mudando, como muda o mundo em nosso redor: o nosso não é o mesmo que o dos chineses ou dos hindus, mas também não é o mesmo que o dos nossos ancestrais, passadas várias centenas de anos. Não é o mesmo que o de nossos pais; e, finalmente, nós próprios não somos bem as mesmas pessoas que éramos há um ano. Isto é óbvio; mas o que não é tão óbvio é que esta é a razão por que não podemos nos permitir parar de escrever poesia. A maioria das pessoas educadas sente certo orgulho dos grandes autores de sua língua embora possa nunca lê-los, exatamente como é orgulhosa de qualquer outro mérito de seu país: uns poucos autores até se tornam célebres o bastante para serem mencionados de vez em quando em discursos políticos. Porém, a maior parte das pessoas não se dá conta de que isso não é suficiente; de que a menos que elas continuem a produzir grandes autores, e especialmente grandes poetas, sua língua se deteriorará, sua cultura se deteriorará e talvez seja absorvida por uma mais forte.

Um ponto, é claro, é que se não temos literatura viva nos tornaremos mais e mais alienados da literatura do passado; a não ser que mantenhamos uma continuidade, nossa literatura do passado se tornará mais e mais remota até que nos esteja tão estranha quanto a literatura de um povo estrangeiro. Porque nossa língua continua mudando; nosso modo de vida muda de todas as maneiras sob a pressão de mudanças materiais em nosso meio ambiente; e a não ser que tenhamos aqueles poucos homens que combinem uma excepcional sensibilidade com um poder excepcional sobre as palavras, nossa própria habilidade não apenas de exprimir, mas até de sentir mesmo as mais grosseiras emoções, degenerará.

Importa pouco se um poeta teve um grande público em seu próprio tempo. O que importa é que sempre deve existir pelo menos um pequeno público para ele em todas as gerações. Entretanto, o que acabei de dizer sugere que sua importância é para com seu próprio tempo ou que poetas mortos deixam de ser importantes para nós a não ser que tenhamos poetas vivos também. Insistiria até em meu primeiro ponto e diria que é uma circunstância um tanto suspeita se um poeta conquista um público muito rapidamente: pois nos leva a temer que ele não está realmente fazendo algo de novo, que só está dando às pessoas aquilo a que já estavam acostumadas, e portanto o que já tiveram dos poetas da geração anterior. Mas que um poeta deva ter o certo, pequeno público em seu próprio tempo é importante. Deve sempre haver uma pequena vanguarda de pessoas, apreciadoras de poesia, que são independentes e estão um tanto à frente de seu tempo ou prontas para assimilar mais rapidamente a novidade. O desenvolvimento da cultura não significa trazer todos ao front, o que significa nada mais do que pôr todos em concordância: significa a manutenção de uma élite tal, com o principal e mais passivo corpo de leitores não atrasado mais do que cerca de uma geração. As mudanças e desenvolvimentos da sensibilidade que aparecem antes entre uns poucos se estenderão gradualmente para a língua, através da influência destes sobre outros – e mais instantaneamente populares – autores; e na época em que elas já estiverem bem estabelecidas, novos avanços se exigirão. Além do mais, é através dos autores viventes que os mortos continuam vivos. Um poeta como Shakespeare influenciou profundamente a língua inglesa não apenas por sua influência em seus sucessores imediatos. Pois os maiores poetas têm aspectos que não se revelam prontamente; e, por exercerem uma influência direta em outros poetas séculos depois, eles continuam a influenciar a língua vivente. Na verdade, se um poeta inglês pretende aprender como usar as palavras em seu próprio tempo, deve devotar um minucioso estudo àqueles que melhor usaram-na no tempo deles; àqueles que, em seu próprio tempo, renovaram a língua.

Até agora apenas sugeri o ponto final, que considero se poder dizer, a que chega a influência da poesia; e isso pode ser melhor colocado pela asserção de que ela fará diferença, afinal, ao discurso, à sensibilidade, às vidas de todos os membros de uma sociedade, a todos os membros da comunidade, a todo o povo, quer leiam e gostem de poesia, quer não: de fato, até mesmo quer saibam, quer não, os nomes de seus maiores poetas. Na mais distante periferia, sua influência certamente é bastante difusa, bastante indireta e bastante difícil de se provar. É como acompanhar o curso de um pássaro ou de um avião num céu limpo: se você o vira quando estava um tanto próximo, e continuara fitando-o enquanto voava cada vez mais longe, ainda poderá vê-lo a grande distância, distância a que o olho de outra pessoa, a quem você tentasse apontá-lo, seria incapaz de encontrar. Assim, se você acompanhar a influência da poesia, através daqueles leitores por ela mais influenciados, àquelas pessoas que em absoluto nunca lêem, encontrá-la-á presente em todo lugar. Pelo menos a encontrará caso a cultura nacional esteja viva e saudável, pois numa sociedade saudável há uma influência contínua e recíproca e uma interação das partes sobre as outras. E isto é o que quero dizer com a função social da poesia em seu sentido mais amplo: que ela realmente, em proporção a sua excelência e vigor, influencia o discurso e a sensibilidade da nação inteira.

Você não deve imaginar que estou dizendo que a língua que falamos é determinada exclusivamente por nossos poetas. A estrutura da cultura é muito mais complexa que isso. Com efeito, será igualmente verdadeiro que a qualidade de nossa poesia é dependente do modo de as pessoas usarem sua língua: porque um poeta deve tomar como seu material sua própria língua, como ela é realmente falada em sua volta. Se estiver se aperfeiçoando, ele lucrará; se estiver se deteriorando, deve fazer o melhor possível com ela. A poesia pode até certo ponto preservar, e até restaurar, a beleza de uma língua; pode e deve também ajudá-la a se desenvolver, a ser igualmente sutil e precisa nas mais complicadas condições e para os propósitos inconstantes da vida moderna, como o fora em e para uma época mais simples. Mas a poesia, como todo outro singular elemento nessa misteriosa personalidade social que designamos nossa “cultura”, deve estar dependente de muitas circunstâncias que estão além do controle desta.

Isso me conduz a algumas reflexões finais de uma natureza mais geral. Minha ênfase até este ponto foi sobre a função nacional e local da poesia; e isto deve ser suavizado. Não quero deixar a impressão de que a função da poesia é dividir pessoas de pessoas, pois não acredito que as culturas de diversos povos da Europa possam prosperar isoladas umas das outras. No passado, houve sem dúvida grandes civilizações, produzindo grande arte, pensamento e literatura, que se desenvolveram em isolamento. Disto não posso falar com segurança, pois algumas delas podem não ter sido tão isoladas como parece à primeira vista. Mas não tem sido assim na história da Europa. A Grécia Antiga mesma devia muito ao Egito, e um tanto às fronteiras asiáticas; e nas relações dos Estados gregos entre si, com seus diferentes dialetos e diferentes modos, podemos encontrar uma influência recíproca e estímulo análogos aos dos países da Europa uns sobre os outros. A história da literatura européia, no entanto, mostrará que nenhuma tem sido independente da outra; mas que tem havido um constante intercâmbio, e que, em troca, cada uma tem sido continuamente revitalizada, de tempos em tempos, por estimulação externa. Uma autarquia geral na cultura simplesmente não funcionará: a esperança de perpetuar a cultura de qualquer país reside na comunicação com as outras. Porém, se a separação de culturas na unidade da Europa é um perigo, também o seria uma unificação que levasse à uniformidade. A variedade é tão essencial quanto a unidade. Por exemplo, para certos propósitos restritos, há muito a se dizer em favor de uma lingua franca universal como o Esperanto ou o inglês básico. Mas supondo que toda a comunicação entre as nações fosse feita em língua tão artificial, quão imperfeita ela seria! Ou, então, seria inteiramente adequada em alguns pontos particulares, e haveria uma completa falta de comunicação em outros. A poesia é um constante lembrete de todas as coisas que só podem ser ditas em uma língua, e que são intraduzíveis. A comunicação espiritual entre povos e povos não pode ser conduzida sem os indivíduos que se dêem o trabalho de aprender pelo menos uma língua estrangeira tão bem quanto alguém pode aprender qualquer língua, exceto a sua própria; e que conseqüentemente sejam capazes, em maior ou menor grau, de sentir em outra língua tanto quanto em sua própria. E o entendimento que alguém faz de outro povo, dessa maneira, precisa ser suplementado pelo entendimento feito por aqueles indivíduos deste outro povo que se esforçaram para aprender a língua deste alguém.

De maneira incidental, o estudo da poesia de outro povo é peculiarmente instrutivo. Eu disse que há qualidades da poesia de toda língua que somente aqueles que a têm como língua nativa podem compreender. Mas há também outro lado para isso. Percebi algumas vezes que, ao tentar ler uma língua que não conhecia muito bem, não entendia um fragmento de prosa até que o entendesse de acordo com os padrões do professor escolar: isto é, tinha de me certificar da acepção de toda palavra, de apreender a gramática e a sintaxe, e então poderia ponderar em inglês o trecho. Mas também percebi algumas vezes que um fragmento de poesia, que não conseguiria traduzir, contendo muitas palavras não familiares a mim, e sentenças que não conseguiria construir, trazia algo imediato e vívido, que era único, diferente de qualquer coisa em inglês – algo que não conseguiria colocar em palavras e, no entanto, senti que compreendera. E ao aprender melhor aquela língua, percebi que esta impressão não era um engano, não era algo que imaginara estar na poesia, mas algo que realmente estava lá. Por isso, em poesia você pode, de quando em quando, penetrar em outro país, por assim dizer, antes de seu passaporte ter sido emitido ou sua passagem retirada.

A questão toda da relação entre países de línguas diferentes mas de culturas relacionadas, dentro do âmbito da Europa, é portanto aquela a que somos levados, talvez inesperadamente, por investigarmos a função social da poesia. Certamente não pretendo passar deste ponto para questões puramente políticas; mas gostaria de desejar que aqueles que estão preocupados com questões políticas cruzassem mais freqüentemente a fronteira em direção a essas coisas que tenho considerado. Pois elas dão o aspecto espiritual de problemas cujo aspecto material é o interesse da política. Do meu lado, preocupa-se com coisas vivas que têm suas próprias leis de crescimento, que nem sempre são razoáveis, mas devem precisamente ser aceitas pela razão: coisas que não podem ser metodicamente planejadas nem colocadas em ordem mais do que se podem disciplinar os ventos e as chuvas e as estações.

Se, finalmente, estou certo de acreditar que a poesia tem uma “função social” para com todas as pessoas da língua do poeta, estejam elas conscientes da existência dele ou não, segue que importa a cada povo da Europa que os demais povos continuem a ter poesia. Não consigo ler poesia norueguesa, mas se me fosse dito que não mais se tem escrito poesia em norueguês, devo sentir um alarme que seria muito mais que simpatia generosa. Considerá-lo-ia um sinal de doença provável de se espalhar por todo o Continente; o início de um declínio que indicaria que as pessoas em todos os lugares deixariam de ser capazes de exprimir, e conseqüentemente ser capazes de sentir, as emoções de seres civilizados. Isto, é claro, pode acontecer. Muito foi dito em todos os lugares sobre o declínio da fé religiosa; não tanta atenção foi dada ao declínio da sensibilidade religiosa. O problema da era moderna é não meramente a incapacidade para acreditar em certas coisas a respeito de Deus e do homem em que acreditavam nossos antecessores, mas a incapacidade para sentir através de Deus e do homem como eles o fizeram. Uma crença em que você não mais acredita é algo que até certo ponto você ainda pode entender; mas quando o sentimento religioso desaparece, as palavras pelas quais os homens lutaram para exprimi-lo perdem seu significado. É verdade que o sentimento religioso varia naturalmente de país para país, e de época para época, assim como o faz o sentimento poético; o sentimento varia, mesmo quando a crença, a doutrina, permanece a mesma. Mas esta é uma condição da vida humana, e é da morte que estou apreensivo. É igualmente possível que o sentimento pela poesia e os sentimentos que são o material da poesia possam desaparecer em todos os lugares: o que talvez ajude a facilitar aquela unificação do mundo que, para o bem deste, algumas pessoas consideram desejável.