quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O que deve ser evitado numa dissertação?

Sempre após o título de uma redação, é recomendado não colocar ponto [ . ];
Ao terminar o texto, não coloque qualquer coisa escrita ou riscos de qualquer natureza;
No final da redação não precisa autografar;
Prefira usar palavras de língua portuguesa, evitar os estrangeirismos e palavras rebuscadas;
Não use chavões, provérbios, ditos populares ou frases feitas;
Não use questionamentos em seu texto, sobretudo em sua conclusão;
Jamais usar a primeira pessoa do singular, a menos que haja solicitação do tema (Exemplos: O que você acha sobre o aborto - ainda assim, pode-se usar a 3ª pessoa);
Evite usar palavras como "coisa" e "algo", por terem sentido vago. Prefira: elemento, fator, tópico, índice, item ou outros palavras sinônimas;
Repetir muitas vezes as mesmas palavras empobrece o texto. Lance mão de sinônimos e expressões que representem a ideia em questão;
Só cite exemplos de domínio público, sem narrar seu desenrolar. Faça somente uma breve menção;
A emoção não pode perpassar nem mesmo num adjetivo empregado no texto.
Atenção à imparcialidade;
Evite o uso de etc. e jamais abrevie palavras;
Não analisar assuntos polêmicos sob apenas um dos lados da questão.


Referências
_____. Partes de uma dissertação. PCI Concursos, 2012. [Artigo] Acesso em: 29/08/2012.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Como fazer um bom fichamento?


Exigências básicas para se fazer um bom fichamento:

1 Identificar a Fonte da Leitura (Livro, Tese não publicada, Artigo em revista etc);
1.1 Ano da Publicação (ou do documento, caso não tenha sido publicado);
1.2. Nome da Editora (em caso de ter sido publicado);
1.2.1. Número da Edição e/ou da impressão (nem sempre existe em publicações mais antigas);
1.2.2. Número de páginas (do livro e/ou da parte lida).
1.3. Título da Obra;
1.3.1. Título da Obra no Original (em caso de obra estrangeira. Está na ficha catalográfica)
1.3.2 Título do Capítulo ou do trecho lido (caso tenha lido um trecho sem título ou sub-título, procure dar um a partir da frase empregada pelo autor no início de um parágrafo);
1.4. Localização da obra (se obtida em biblioteca, da propriedade do próprio aluno etc);
1.5. Nome do Autor (ou autores) e/ou do Organizador;
1.5.1. Nome do Tradutor (no caso de ser uma obra escrita originalmente em outro idioma);
2. Tema da Obra (Administração, Sociologia etc.);
2.1. Palavras-chaves (caso haja na ficha catalográfica da obra valha-se delas, mas use também as que te pareçam mais indicadas);
2.2. Idéia ou idéias principais do autor (registre as que lhe pareçam as mais importantes. Aqui já se exigirá do aluno um esforço de síntese ao tentar captar tais idéias);
2.2.1. Objetivo (s) principal (is) do autor (nem sempre o autor explicita seu objetivo);
3. Reprodução de trechos da leitura (dos que considerar os relevantes para a apreensão do conjunto da leitura. Importante ao final da reprodução identificar o item e a página de onde copiou);
3.1. Conceitos utilizados acompanhados da explicação do autor;
3.2. Nomes de outros autores ou livros citados no texto (trata-se da bibliografia comentada pelo autor ao longo de seu texto e sobre a qual ele faz referências);
4. Glossário de palavras e conceitos (há semelhança com o item 3.1.,mas há ligeira diferença);
5. Comentários do aluno sobre a leitura (fácil, difícil, o que aprendeu, o concluiu, etc.).
5.1. Dúvidas da leitura que deseja esclarecer em aula (se mais de uma numerá-las).

Quanto a forma de elaboração do fichamento, penso ser apropriado que este seja feito com ao menos duas (2) colunas para melhor divisão e clareza, mas não mais do que quatro (4) a fim de não torná-lo detalhado demais.

A MÚSICA E A POESIA NEGRA NO CONTEXTO BRASILEIRO

ARANTES, Alessandro de Oliveira (EMBNT/UERN/PCP/ASPAM).

“é através do som do tambor, instrumento que demarca a musicalidade africana, que o poeta elabora sua visão de irmandade de um povo em diáspora” (ADOLFO, 2000:26).

RESUMO:

Este trabalho tem como princípio fundamental, mostrar um pouco do contexto da música e poesia negra no Brasil, abordando alguns aspectos de forma breve, e de grande importância, onde procuramos iniciar falando um pouco acerca do contexto sociocultural e histórico, enfocando nas linhas iniciais a questão de que nosso país é uma sociedade multicultural, formada por vários povos, e que coexistem em um todo, e que contribuíram grandemente para estabelecer uma cultura forte e miscigenada, sendo esta uma marca que faz de nossa nação única; também abordar sobre a música e a poesia negra, especificamente no Brasil, onde procuramos explicar de forma simples que as diferentes manifestações artísticas, no âmbito do texto e da música, mostrando que os elementos conseguem coexistir harmonicamente, e que juntos conseguem valorizar as suas raízes negras. Depois abordamos um pouco sobre a música negra no Brasil, mostrando os diferentes e mais populares ritmos de origem negra, enfocando aqueles que são mais presentes, também sobre os instrumentos usados por esses movimentos, também falamos sobre a poesia negra brasileira. Também, abordamos sobre a poesia negra, procurando mostrar de forma breve alguns expoentes dessa literatura, mostrando suas marcas mais importantes.

PALAVRAS-CHAVE: Sociedade brasileira. Povos. Expressão cultural. Resistência. Música. Poesia e literatura.

INTRODUÇÃO:

A sociedade brasileira contemporânea que temos hoje se originou não somente da herança cultural europeia e indígena, sendo assim, as várias etnias que coexistem e integram a nossa sociedade multicultural, desse país que hoje é chamado de Brasil; nós brasileiros devemos bastante, particularmente aos povos que compõe e que ajudaram (de maneira indireta) a contribuir com a formação de uma nação multicultural, sendo que a nossa cultura foi formada a partir da incorporação e miscigenação de valores, elementos étnicos e sociais de cada povo que veio imigrado para nossas terras, também aqueles que vieram escravizados dos países africanos, refugiados da Ásia e Europa, povos colonizadores de Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra, que na tentativa de colonizar e estabelecer uma nova nação subordinada a uma nação maior fez com que a sua cultura fosse imposta em detrimento daquelas já existentes (as indígenas, pré-colombianas e ancestrais) que há milênios permanecem e sobrevivem, algumas extintas e outras respirando e assimilada a outras culturas.

O Brasil de hoje como conhecemos, está passando por um processo de valorização das culturas que nela existem, principalmente aquelas que foram subjulgadas e proibidas em décadas passadas por regimes ditatoriais, que suprimiam qualquer forma de expressão, culto, música, poesia e literaturas oriundas dos povos por eles tidos como inferiores. Entre os quais, destacam-se os cidadãos oriundos das etnias africanas, asiáticas e de alguns países sul-americanos e europeus, mais especificamente as culturas africanas tiveram um grande papel em nossa cultura, e que será abordado nessa pesquisa, onde procuramos mostrar como ela se faz presente em tudo que fazemos, mais especificamente na música e poesia que será alvo de nossa abordagem teórico-metodológica.

1      A MÚSICA E A POESIA NEGRA NO CONTEXTO BRASILEIRO

A música e a poesia de origem negra coexistem no Brasil de forma harmoniosa, sendo que a primeira vem se fortalecendo de uma forma impressionante, e passando a influenciar e a originar ritmos e estilos musicais novos ou mesclados com outros, igualmente a poesia que vem se revelando como um forte instrumento de expressão, resistência e libertação dos valores negros, e um resgate de sua identidade étnica, o que foi inspirado no movimento chamado de Pan-africanismo, que tinha como princípio resgatar e valorizar os elementos pluriculturais negros, revelando ao mundo uma nova maneira de ser negro, resgatando o orgulho da identidade negra, revalorizando suas tradições e sua participação na história, conforme Laranjeira (1995) nos diz que é, hoje, tido como assente que o Pan-africanismo influenciou todos os grupos e movimentos da sociedade, da política e da cultura dos negros africanos e extra-africanos no sentido de uma identificação com sua comunidade racial e, muitas vezes, com um sentimento e uma prática de solidariedade e fraternidade universal.

Essas ideias libertárias e princípios de integração e valorização dos negros de maneira geral foram disseminados no Brasil pelos escravos e imigrantes oriundos dos Estados Unidos principalmente e também de Angola, Guiné, Moçambique, África do Sul, Jamaica, Haiti e Suriname, onde fugindo da repressão causada pelos povos dominadores, e pela escravização que ocorriam nesses países, e alguns deles ao chegar a nosso país, passaram a influenciar de forma significativa e a contribuir com os elementos de sua cultura na nossa já existente.

1.1  A MÚSICA NEGRA NO BRASIL

A música negra em nosso país teve como origens através da incorporação de movimentos culturais existentes em outros países, e que foram trazidos para nossas terras através da migração que mencionamos no capitulo anterior, e que tinham como princípio básico a necessidade de valorizar e resgatar ideais, valores étnicos e herança cultural, artística e social de seus povos de origem; além de proporcionar essa matriz de distinção étnico-cultural, também como forma de resistência, expressão e libertação, além de exaltar princípios religiosos, artísticos e literários (esse último será abordado mais a frente).

Especificamente, a música originária dos povos africanos existe hoje sobre diferentes formas, e sobrevivem em nossa sociedade de forma pura ou miscigenada, sendo assim, no Brasil existem mais de 60 gêneros musicais de origem negra, alguns puros e outros mistos, e também alguns novos, que se originaram através da evolução de outros, entre os quais destacamos alguns que são mais difundidos e conhecidos:

a)      Samba: Estilo musical originário da mistura de ritmos africanos, especificamente os de Angola, e que chegaram à Bahia durante a época da escravatura, e que deram origem ao samba de roda, e posteriormente aos samba como conhecemos hoje, que foi concebido através da mistura dos elementos do Maxixe, lundu, semba, batucada, jongo, modinha e choro;
b)     Afoxé: É um ritmo afro de origem iorubá, para alguns pesquisadores seria uma forma diversa do maracatu. O termo Afoxé da África denota a festa profano-religiosa efetuada pela nação no momento oportuno. A expressão afoxé teve uso restrito, apenas entre os seus participantes, já que os autores dedicados ao estudo do maracatu não a registram;
c)      Lundu: gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim.
d)     Maracatu: Estilo musical rítmico característico do estado de Pernambuco é caracterizado principalmente pela percussão forte, em ritmo frenético, que teve origem nas congadas, cerimônias de coroação dos reis e rainhas da Nação negra, originaram-se também de manifestações artísticas locais;
e)      Pagode: Originário do samba, sendo um gênero musical originado no Rio de Janeiro, que surgiu nos fundos de quintais, muito comuns no subúrbio da cidade.
f)      Rap: Estilo musical caracterizado por um discurso rítmico com rimas e poesias, que surgiu no final do século XX entre as comunidades negras dos Estados Unidos. É um dos cinco pilares fundamentais da cultura hip-hop, podendo ser interpretado a capella bem como com um som musical de fundo, chamado beatbox. Os cantores de rap são conhecidos como rappers ou MCs, abreviatura para mestre de cerimônias.
g)     Reggae: Estilo musical desenvolvido originalmente na Jamaica do fim da década de 1960. Embora por vezes seja usado num sentido mais amplo para se referir à maior parte dos tipos de música jamaicana, o termo reggae indica mais especificamente um tipo particular de música que se originou do desenvolvimento do ska e do rocksteady.
h)     Soul: é um gênero musical dos Estados Unidos que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final da década de 1950 e início da década de 1960 entre os negros.
i)       Funk Carioca: Esse estilo musical é oriundo do Rio de Janeiro, mais precisamente das favelas. Apesar do nome, é diferente do funk originário dos Estados Unidos. Isso ocorreu, pois a partir dos anos 1970 eram realizados bailes black, soul, shaft ou funk, com o tempo, os DJs foram buscando novos ritmos de música negra, mas o nome original permaneceu.
j)       Ijexá: O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés, possuindo um ritmo suave, mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança, onde é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso.
k)     Axé: Estilo musical surgido na Bahia na década de 80, esse ritmo se tornou a marca registrada do estado, originou-se segundo Syllos & Montanhaur (2002) da mistura entre o frevo pernambucano, ritmos afro-brasileiros, reggae, merengue, forró, maracatu, calipso e outros ritmos afro-latinos.
l)       Gospel: Gênero musical composto e produzido para expressar a crença, individual ou comunitária, cristã. A música gospel é escrita e executada por muitos motivos, desde o prazer estético, com motivo religioso ou cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial.
                Existem também em nosso país, ritmos que não são populares, mas que representam uma significativa parcela da população, e que por elas são praticadas, sendo eles: Blues, Rhythm and Blues (R&B), Hip-Hop, Ska e Jazz.

1.1.1        Instrumentos Musicais de origem negra

            Entre os inúmeros instrumentos musicais de origem negra ou africana, destacamos aqueles que são mais conhecidos, e amplamente utilizados em nossa música, nos diferentes ritmos e estilos musicais hoje. Destacamos o Berimbau, Pandeiro, Atabaque, Timbau, Timba, Surdão de mão, Tambor, Afoxé, Pandeirola, Banjo, Cuíca, Conga, Xequerê, Marimba, Tantã, Surdo, Tamborim, Repique, Arghul, Balafon, Bendir, Caxixi, Ganzá, Djembe, Ghaida, Korá, Reco-reco, Senza, Quissanga, Uffataha, Ud, e muitos outros que não foram mencionados por aqui. Entre esses instrumentos supracitados, vemos que muitos deles são amplamente utilizados em nossa música, o Samba é com certeza o que agrega mais instrumentos dessa origem, assim como a Suingueira (pagode baiano), as baterias das escolas de samba e o Axé, que fazem uso destes instrumentos com intensidade e frequência.

1.2    A POESIA NEGRA NO BRASIL

A poesia negra brasileira como conhecemos existe no chamado grupo de literaturas afro-brasileiras, sendo que elas são pouco acessíveis, por não serem muito populares ou não serem acessíveis ao público por uma série de fatores que não irei me deter nesta abordagem, sendo assim, a poesia ainda resiste, e tem como sua principal forma de divulgação, no caso brasileiro, as obras são geralmente edições do autor, vendidas em bares, portas de teatro e outros espaços públicos (mas raramente em livrarias).
Uma das primeiras tentativas de caracterização geral da produção poética negra brasileira foi feita por Cassiano Nunes, no ensaio “A poesia negra no Modernismo Brasileiro”, publicado no número 5 da revista Cultura em 1972, onde o autor procurou mostrar e sugerir que as características da produção poética negra brasileira devem ser divididas de quatro formas básicas: os temas da vida da população negra, a utilização de ritmos negros, a utilização de um vocabulário “novo, rico e sugestivo” e a expressão das vivências negras. Também o autor nos mostra que as “vivências negras” seriam “Alegria natural, despreocupação, prática de magia, sentimentos de religiosidade”, mas também afirma que o negro brasileiro desconhece o rancor, sentimento hoje alimentado em algumas situações artificialmente, maliciosamente, pelo negro norte-americano. “Ao lado das justas explosões de ira, também vicejam o vigarismo, a chantagem, a profissionalização da negritude” (Nunes 1972: 119-121).
Sendo assim, notamos que a poesia negra brasileira se assemelha com aspectos da literatura negra americana, mas difere na questão da retratação do comportamento e vivência dos negros, conforme exalta Benedita Damasceno (1988) explorando algumas das características da poesia negra brasileira moderna são basicamente:
A procura e/ou afirmação da identidade negra; b) a ausência de um código de cor básico e obrigatório; c) o uso de temas da vida e da população negra resultante de vivências próprias ou de estudos e observações conscientes; d) a reprodução de ritmos negros; e) a introdução na poesia de termos e palavras do vocabulário afro-brasileiro; f) a transformação e a reabilitação semântica da linguagem (DAMASCENO 1988: 69).
Também ela defende e estabelece que existam quatro constantes discursivas ou “leis fundamentais” da poesia negra brasileira: entre elas a emergência do eu enunciador, que revela “a determinação do poeta de desvencilhar-se do anonimato e da ‘invisibilidade’ que o relegou a sua condição de descendente de escravos ou ex-escravos; a construção de uma epopeia negra, por meio da qual se procede ao resgate da história do negro, (re)contada em versão ‘não oficial’; a reversão dos valores, buscando a afirmação da identidade negra pela inversão ideológica do universo semiótico ligado ao negro, num quase virar do avesso as isotopias do “negro burro”, “negro indolente” etc.; uma nova ordem simbólica, que nada mais é do que uma consequência natural da “lei” anterior, na qual o poema se torna o espaço da destruição de uma simbologia estereotipada (Bernd, 1988: 77, 89). No início do século XX como surgimento de uma atuante imprensa negra no Brasil, e é por meio dela que se faz conhecido o nome do poeta Lino Guedes (1897-1951), considerado por Oswaldo de Camargo (1987: 75) como o primeiro poeta negro brasileiro que aceitou-se como negro.
            Nos dias de hoje, se aceitar como negro na literatura é algo bem difícil, pois muitos ainda temem sofrer preconceitos ou ser discriminado por suas origens, além de pensar que as pessoas irão julgar mal seus trabalhos, por causa de um estereótipo de que o negro não teria a capacidade de criar tais obras, mas como vemos em nossa sociedade, essas barreiras estão sendo quebradas e o negro está conseguindo se destacar nesse cenário.
A literatura negra se define, assim, na medida em que o(a) autor(a) negro(a) torna-se sujeito de seu próprio discurso. Deixa de ser personagem secundário, deixa de ser o “ele/ela” para ser protagonista, tornando-se o “eu” que tem a posse de suas falas. Mas a passagem do ser o “outro” na produção literária para um “eu” requer necessariamente a experiência histórica do ser negro; também “o conceito de literatura negra não se atrela nem à cor da pele do autor nem apenas à temática por ele utilizada, mas emerge da própria evidência textual cuja consistência é dada pelo surgimento de um eu enunciador que se quer negro” (BERND, 1988, p. 2).

1.2.1 Poetas negros e sua literatura como forma de expressão

Dentre os expoentes da literatura negra assim citamos alguns autores negros que ficaram conhecidos por sua rica poesia Oswaldo de Camargo, que além de poeta, é jornalista, contista, novelista e músico amador, sendo que ele é considerado a maior autoridade brasileira em literatura negra, pois desde os 17 anos, ele dedica-se a literatura e a seu acervo literário, um dos mais brilhantes quando o assunto é negritude. Nascido em 1936, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, ele é um dos responsáveis pela inclusão da literatura negra no circuito cultural do Brasil; também destacamos Lima em 1926, quando aparece a figura de um poeta pobre e pequeno, surgindo assim uma nova fase da literatura negra; também Lino Guedes, que escreve com os olhos voltados para a comunidade negra; Luiz Gama e Cruz e Souza escreveram sobre o negro, mas não para um público negro, enquanto Lino Guedes escreve como negro, também sobre o negro e para o negro, num momento de ebulição cultural e social; depois veio Solano Trindade com sua poesia política, contestatória e marxista, que dá um rumo de grandeza à literatura negra cantando e exaltando Zumbi dos Palmares, fazendo com que a literatura negra atual segue essas duas tendências, somadas às influências africanas e, sobretudo norte-americanas, além de outros que não foram possíveis de mencionar, pois são vários, cada qual com sua obra em particular e que merecem uma atenção especial sobre suas publicações e também aqueles que fazem ou fizeram parte dos movimentos literários que passaram ou ainda estão vigentes no país.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, a sociedade brasileira deveria valorizar mais e passar a reconhecer que a música e a poesia negra tem um papel importante na formação da sociedade brasileira, sendo que, a primeira, se faz mais presente no cotidiano, enquanto a poesia ainda se encontra um pouco inacessível, por muitos leitores ainda desconhecerem alguns nomes dessa literatura, também elas passaram a serem mais estudados por pesquisadores, interessados em descobrir e entender de fato o que ela é, assim como a música negra, que vem influenciando significativamente na música brasileira, bem como, também, os movimentos culturais de maneira geral, e principalmente aqueles que possuem a mesma origem. Outro ponto a ser exaltado é a tamanha influência que a cultura africana teve em nosso país, contribuíram para a diversificação rítmica, poética, musical e literária, também com a parte de instrumentos musicais e técnicas rítmicas, além da escrita e forma das poesias, abordando temas do cotidiano negro, procurando exaltar e trazer para o conhecimento público os sentimentos, ideais, sonhos, e toda forma de expressão e exaltação dos valores e preservação de culturas afro-brasileiras, proporcionando uma liberdade de expressar e demonstrar seus valores e o que sentem de fato.

REFERÊNCIAS

ADOLFO, Sérgio Paulo (2000): Vozes negras em terra de branco. In: Signum: Estudos Linguísticos. Londrina, n. 3, p. 19-30.

ALENCAR, Edigar de. Nosso senhor do samba. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1988.

ARANHA, Ana. Vinte anos de baianidade. Revista Época [on line], Edição 351. [S. I.]: 07 fevereiro 2005. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT904129-1661,00.htm >. Últilmo acesso em 15 setembro 2012.

BERND, Zilá (1988b):. Introdução à Literatura Negra. São Paulo, Brasiliense.
CAMARGO, O. org. 1986. A razão da chama: antologia de poetas negros brasileiros. São Paulo: Edições GRD.
DAMASCENO, B. G. 1988. Poesia negra no Modernismo brasileiro. Campinas: Pontes.

GARDEL, André. O Encontro Entre Bandeira e Sinhô. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1996

LARANJEIRA, Pires (1995): A Negritude africana de língua portuguesa. Porto, Afrontamento.

MORAIS JUNIOR, Luis Carlos de. O Sol nasceu pra todos: a História Secreta do Samba. Rio de Janeiro: Litteris, 2011.

NUNES, C. 1972. “A poesia negra no Modernismo brasileiro”. Cultura 5: 118-123.

OXFORD English Dictionary (Dicionário de Inglês Oxford). Oxford University Press. ISBN13: 9780195170771
O AFOXÉ trata-se de mais um ritmo afro presente na cultura local: De origem iorubá, a palavra afoxé poderia ser traduzida como "a fala que faz". Wikipédia, 2012. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Afox%C3%A9_(ritmo)> Acesso em: 07 nov. 2012.

SANTOS, Donizeth Aparecido. Espéculo. Revista de estudios literarios. Universidad Complutense de Madrid - Espanha. Madrid, UCM, 2010. Disponível em: acesso em: 07 nov 2012.

SYLLOS, Gilberto de. e MONTANHAUR, Ramon. Bateria e Contrabaixo na Música Popular Brasileira. 3ª edição.Rio de Janeiro: Lumiar,2002, (p. 65).

_____. Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira. Instituto Cultural Cravo Albin, UFRJ/UNIRIO/SEE-RJ/. Rio de Janeiro: Brasil, 2012. Disponível em: http://www.dicionariompb.com.br/ Acesso em: 07 nov. 2012.



ANEXOS

ANEXO 1: Exemplo de Lundu
Umbigada (Lundu de Roda)

(Autor desconhecido)
Uê, uê... uê, uá..Uê, uê... uê, uá...
A lua vai saí e eu vô girá. A lua vai saí e eu vô girá.
Vou caçá meu tatu, meu tamanduá.
Vou caçá meu tatu, meu tamanduá.
Uê, uê... uê, uá...Uê, uê... uê, uá...
Umbigada de papudoé papudo que dá.
Eu também sô papudoeu também quero dá.
Uê, uê... uê, uá...Uê, uê... uê, uá...
O jacu tá no pau, atira, Antonio.
O jacu tá no pau, eu vô atirá.
Umbigada de papudo é papudo que dá.
Eu também sô papudo eu também quero dá.
Uê, uê... uê, uá...Uê, uê... uê, uá...
Urubu desceu na terra com fama de dançadô.
Gavião pegô a dama gavião foi quem dançô.
Ora dança, urubu! Não senhor! Ora dança, urubu! Não senhor!

ANEXO 2: EXEMPLO DE POESIA NEGRA
BATUQUE

Batuque
tuque
tuque
todo o muque
no tambor.
/.../
Esses negros loucos batendo
já com a cor de Exu-Bará nos dedos,
couro contra couro,
mas o couro do inhã é mais forte,
lá vai seu ronco de trovoada
e a terra vai rachar em fendas
- toque de Xangô.

Batuque
tuque
tuque
todo o muque
no tambor. (Silveira, 1981:16)

ALÔ

Alô Guianas 
Surinam 
Colômbia 
Todamérica 
nossos tambores 
de caule e couro 
e som de cerne 
se saúdem 
fraternos. ( Silveira, 1981:13 )

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Língua Brasileira? Afinal, que língua é falada no Brasil?


“Não falamos português, falamos brasileiro!”, diz Eni P. Orlandi, autora do livro Língua Brasileira e Outras Histórias. A autora tem também um artigo publicado intitulado Língua Portuguesa, na revista Ciência e Cultura. Nele, a autora afirma que a dúvida sobre qual idioma nós falamos é antiga! Segundo ela, “esta é uma questão que se coloca desde os princípios da colonização no Brasil”.
“A língua brasileira, ou o português no Brasil, não é apenas uma contextualização do português de Portugal; ela é uma historicização singular, efeito da instauração de um espaço-tempo particular diferente do de Portugal. Espaço-tempo que se caracteriza pela forte unidade da língua brasileira na representação do imaginário nacional. Em países de colonização, como o Brasil, dá-se o processo do que chamamos heterogeneidade linguística pelo qual a língua funciona em uma identidade dupla. Desse modo, línguas que são consideradas as mesmas, porque se historicizam de maneiras diferentes em sua relação com a formação dos países, são línguas diferentes. Ou seja, falamos a ‘mesma’ língua, no caso do português do Brasil e o de Portugal, mas falamos diferente.” (Fonte: Enciclopédia das Línguas no Brasil)
Para Orlandi, a língua brasileira é tão diferente da portuguesa quanto o latim é do português. A Revista Galileu de outubro dá alguns exemplos das diferenças entre a “mesma língua”! Quem for assinante pode ler a matéria aqui, se não for seu caso, aqui vão alguns exemplos:

Tempos Compostos    
A preferência nacional é por tempos construídos com dois verbos, enquanto o português prefere os tempos simples          
Brasileiro – “Vai passar nessa avenida um samba popular”                 
Português – “Passará nessa avenida um samba popular”
Topicalização
Em terras brasileiras, costumamos repetir parte das frases de maneiras diferentes
Brasileiro – “O menino, ele saiu depressa”                   
Português – “O menino saiu depressa”
Gerúndio
Nós preferimos dizer no gerúndio, e o português, no infinitivo    
Brasileiro – “Às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois”               
Português – “Às vezes no silêncio da noite, eu fico a imaginar nós dois”
Discurso
O jeito de pensar, construir as frases e os significados é diferente entre brasileiro e português   
Brasileiro – “A coxinha acabou”                           
Português – “Temos coxinha, mas acabou”
Pronomes
O brasileiro gosta de colocar o pronome antes do verbo e o português, depois
Brasileiro – “Deixa disso, camarada, me dá um cigarro”               
Português – “Deixa disso, camarada, dê-me um cigarro”
Significados
E as duas línguas tem a mesma palavra, mas com definições diferentes
Brasileiro: Bizarro (com o sentido de esquisito, com aspecto estranho) 
Português: Bizarro (com o sentido de bem equipado, bem-apessoado)
Segundo a revista, não chega a ser um problema essas diferenças, “é apenas o nosso jeito de falar”.
Porém, em alguns casos chega a ser engraçado. Por exemplo, se esse blog estiver sendo lido por um português, e eu escrever que é melhor que ele tome uma pic* no c*, ele vai procurar um médico. Se for um brasileiro, vai entender porque eu coloquei esses asteriscos no meio!

Referências:

CARDOSO, Bruno.  Língua Brasileira?. In: portal: O jornalista.com. O jornalista: Brasil, 2009.

ORLANDI, Eni. P. Língua Brasileira apud Português. In: ELB Labeurb. Unicamp: Campinas, 2010. <http://www.labeurb.unicamp.br/elb/portugues/lingua_brasileira.html>

Conjunções, quais são e como funcionam?


As conjunções são palavras invariáveis que servem para articular/ligar frases ou elementos semelhantes da mesma frase.
            Há dois tipos de conjunções: coordenativas e subordinativas.

Conjunções coordenativas – ligam dois elementos semelhantes da mesma frase ou duas frases da mesma natureza, independentes gramaticalmente mas entre as quais existe uma relação.

Ex. :
            Alguns rapazes e algumas raparigas foram ao cinema.
            Hoje foram ao cinema, mas amanhã vão ao teatro.

Conjunções subordinativas – ligam duas frases, uma das quais está subordinada, ou seja, depende de outra. As conjunções subordinativas introduzem as frases subordinadas.

Ex. :
            Quando saíram, foram ao cinema.


COORDENATIVAS

CONJUNÇÕES

LOCUÇÕES

Copulativas
(indicam adição)


e, nem, também, que
não só ... mas também,
não só ... como também,
tanto ... como

Adversativas
(indicam oposição)

mas, porém, todavia,
contudo, entretanto, que
apesar disso, no entanto, ainda assim, não obstante, de outra sorte


Disjuntivas
(indicam alternativa)


ou
ou ... ou, já ... já, ora...ora, nem ... nem, quer ... quer, seja... seja, seja   ... ou

Conclusivas
(exprimem uma conclusão)

logo, pois, portanto
por conseguinte,
por consequência

SUBORDINATIVAS
CONJUNÇÕES
LOCUÇÕES


Causais


porque, pois, porquanto, como (= porque),
que ( = porque)


visto que, pois que, já que, por isso que , por isso mesmo que


Temporais


quando, enquanto, mal, apenas, que

antes que, depois que, logo que, assim que, desde que, até que, primeiro que, sempre que, todas as vezes que, tanto que, à medida que, ao passo que



Finais



que ( = para que)


para que, a fim de que

  Para além destas conjunções subordinativas, há ainda as subordinativas concessivas, consecutivas, comparativas e integrantes que serão estudadas mais tarde.

Referências:

SOA. Lurdes. Conjunções. Informativo. In Língua Portuguesa. Programa Prof2000. Portugal, 2012. [Artigo]<http://www.prof2000.pt/users/lurdes_soa/conjun%C3%A7%C3%B5es-info.htm>

terça-feira, 16 de outubro de 2012

VERBOS TEMPORAIS


Pensando, vivendo, observando, falando e pensando
Naquilo que nos faz ser, poder, ter e dizer
Coisas que vemos, sentimos, ouvidos e vemos em nossos dias.

Por sermos seres crescentes, consequentes, complacentes
Em conseguirmos aquilo que cremos, podemos, vemos, ao nossos pés
E lutamos para conquistar, mostrar e vivenciar a quão ilustre e divina vida.

Por: Alessandro De Oliveira Arantes

terça-feira, 18 de setembro de 2012

ASSASSINARAM O PORTUGUÊS


Assassinaram o português,
Em plena campanha política em frente do mar
Naquela noite, falaram mal os cidadãos
Não sabiam nem como falar avião,
Além de outras palavras,
Que nem eles sabiam pronunciar,
E foi então que falaram lá fora,
Dizendo que não sabia falar,
E aí a galera se apavora,
Quando ele vai enfim falar.

E aí?
Assassinaram o português!
Em plena campanha política em frente do mar
Naquela noite, erraram tanto os plurais,
Trocaram todas as vírgulas e também os tempos verbais,
Deixando tudo no singular,
Além de não entender o que foi falar,
Desceu o pau nos acentos lá fora,
Dizendo que os iria consertar,
Mas mesmo assim a galera deu risada,
Quando um deles foi falar.

E aí, meu irmão?
Assassinaram o português!
Em plena campanha política em frente do mar
Naquela noite, eles falaram dos irmão
Mas não sabiam prestar a atenção,
E se esqueceram do plural lá fora,
Falando sem muita atenção,
Descendo o pau nos acentos e pontos finais,
E achando que tudo isso é normal.
E agora vejo o porquê de tudo isso,
Porque eles não sabem falar,
E ainda dizem nas ruas,
Que sabem falar.

E aí, meu irmão?
Assassinaram o português!
Na campanha política em perto do mar,
Onde todos não entendiam um tostão,
Das palavras, ou dos velhos jargões,
Que vivem há muito tempo,
Apenas fazendo errar,
Naquelas palavras difíceis,
Tentando improvisar,
E é aí que a coisa piora,
Quando um deles tenta melhorar,
E aí não mais para fazer mais nada,
E agora é só escutar.

(Ah!...Ah!...Ah!)

Assassinaram o português!

ALESSANDRO DE OLIVEIRA ARANTES

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Regras básicas para a elaboração de uma redação II: Argumentar e Avaliar


Não comece a redação com períodos longos. Exponha logo suas ideias.
-Não fundamente seus argumentos com fatos que não sejam de domínio público.
-Os argumentos do desenvolvimento da redação devem surpreender o leitor. -Suas ideias precisam ser saborosas para atrair sua atenção.
-Dê sua opinião, argumentando. Não use expressões como eu acho, eu penso, para mim ou quem sabe, pois denotam imprecisão em suas ponderações. É preciso mostrar conhecimento e domínio sobre o tema que está escrevendo.

A autocrítica pode ser essencial quando se deseja melhorar o texto.
Avalie o texto. Verifique se as frases soam bem, se não contêm cacófatos ou rimas. Começou bem a redação e terminou-a melhor ainda?
A avaliação de uma redação segue um critério rigoroso, pois está relacionada à norma culta da língua portuguesa. Além da parte específica de gramática, muitas vezes recorre-se à grafologia para verificar-se o perfil psicológico e pendores vocacionais do candidato à função que pleiteia.


Referências:

TORQUATO, Adilson. Completíssimo manual de redação: como evitar a anulação de sua redação. Mundo vestibular, 2012. [artigo] Acesso em: 27/08/2012.




sábado, 8 de setembro de 2012

Regras básicas para a elaboração de uma redação I: Uso do Aposto


Como usar o Aposto?

Use o aposto — explicação sobre um termo ou expressão da frase — quando, ao mesmo tempo em que caracterizar você pretender explicar a própria atitude da personagem.

Mariana, enfurecida, arremessou o valioso colar no rio.
A Universidade pública deve ser defendida por todos, ricos ou pobres.  
O estudo do Romeno, língua neolatina como o Português, pode ser bastante facilitado com o uso de uma gramática comparativa.


Referências:

TORQUATO, Adilson. Regras básicas para a elaboração de uma redação. In: Completíssimo manual de redação: como evitar a anulação de sua redação. Mundo vestibular, 2012. [artigo] Acesso em: 27/08/2012.


O que fazer para não ter a sua redação anulada?

A redação poderá ser anulada, ou receber nota zero, se:

1. Estiver ilegível. 
2. Fugir do assunto.        
3. For escrita a lápis.      
4. For escrita com rasuras e sem título.       
5. For apresentada sob a forma de verso.    
6. Não obedecer ao espaço e ao número de parágrafos determinados.
7. Não seguir as instruções relativas ao tema escolhido.
8. Tiver menos ou mais linhas do que a quantidade preestabelecida.
9. Contiver cópias das ideias do texto de motivação, quando este for dado.
10. Contiver elemento que identifique o candidato (como letra de forma ou de imprensa, por exemplo).



Referências:

TORQUATO, Adilson. Completíssimo manual de redação: como evitar a anulação de sua redação. Mundo vestibular, 2012. [artigo] Acesso em: 27/08/2012.

domingo, 22 de julho de 2012

Paz (Deífilo Gurgel)


É preciso deixar o coração
cantar uma canção de amor e paz.
E partir, repartindo madrigais
entre homens, famintos de ilusão.

Porque, amanhã, quem sabe? brotarão
flores e frutos, onde agora jaz
esta flora de pedras e calhaus
e os homens todos se compreenderão.

E mesmo, quem me diz que eu, amanhã,
serei o mesmo lúcido jogral
que ora tange o alaúde sem temor?

Por isto, urge que eu cante esta canção
de amor e paz, um canto universal,
para que nasça e frutifique o amor.

DEÍFILO GURGEL

sábado, 7 de julho de 2012

O aluno por ele mesmo (Autoria desconhecida)

O aluno não copia, nem cola; ele apenas analisa e compara resultados...
O aluno não conversa muito; ele apenas dialoga, troca opiniões...
O aluno não dorme em sala de aula; na verdade, ele se concentra...
O aluno não se distrai; ele examina cientificamente o voo das moscas...
O aluno não falta na escola; é que ele é solicitado em outros lugares...
O aluno não diz besteira; ele desabafa, bota pra fora o seu eu interior...
O aluno não masca chiclete; na verdade, ele estimula as mandíbulas...
O aluno não vê ou lê revista na aula; ele só que se informar melhor...
O aluno não destrói a escola; ele só exercita os músculos...
O aluno não escreve pornografia no banheiro; ele só alivia as tensões...
O aluno nunca erra na prova; ele apenas tem uma opinião diferente...
O aluno não tolera horário vago; ele só quer ampliar o intervalo...
O aluno não tira nora baixa; ele só quer experimentar novos resultados...
O aluno não copia monografias dos outros; ele apenas tira xerox...

AUTORIA DESCONHECIDA

Tecendo a Manhã (João Cabral de Melo Neto)


Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

JOÃO CABRAL DE MELO NETO

Regresso ao Lar (Abílio Guerra Junqueiro)

Ai, há quantos anos que eu parti chorando 
deste meu saudoso, carinhoso lar!...
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!...
Minha velha ama, que me estás fitando,
canta-me cantigas para me eu lembrar!...

Dei a volta ao mundo, dei a volta à vida...
Só achei enganos, decepções, pesar...
Oh, a ingénua alma tão desiludida!...
Minha velha ama, com a voz dorida.
canta-me cantigas de me adormentar!...

Trago de amargura o coração desfeito...
Vê que fundas mágoas no embaciado olhar!
Nunca eu saíra do meu ninho estreito!...
Minha velha ama, que me deste o peito,
canta-me cantigas para me embalar!...

Pôs-me Deus outrora no frouxel do ninho
pedrarias de astros, gemas de luar...
Tudo me roubaram, vê, pelo caminho!...
Minha velha ama, sou um pobrezinho...
Canta-me cantigas de fazer chorar!...

Como antigamente, no regaço amado
(Venho morto, morto!...), deixa-me deitar!
Ai o teu menino como está mudado!
Minha velha ama, como está mudado!
Canta-lhe cantigas de dormir, sonhar!...

Canta-me cantigas manso, muito manso...
tristes, muito tristes, como à noite o mar...
Canta-me cantigas para ver se alcanço
que a minha alma durma, tenha paz, descanso,
quando a morte, em breve, ma vier buscar!

Guerra Junqueiro, in 'Os Simples'

ABÍLIO GUERRA JUNQUEIRO

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Meninos Carvoeiros (Manuel Bandeira)

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
— Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.

Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe, dobrando-se com um gemido.)

— Eh, carvoero!
Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles . . .
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

—Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados.


MANUEL BANDEIRA

Tópicos de Gramática: Sintaxe (Parte I)

1. Frase

É todo enunciado de sentido completo. É todo enunciado capaz de estabelecer comunicação. A frase é formada por unidades comunicativas que expressam ideias, emoções, apelos... Unidades que, portanto, expressam comunicação. Elas podem ser nominais ou verbais.

2. Oração

Oração é a frase que contém um verbo (ou locução verbal), e que se organiza aos redor de um verbo (ou locução verbal).
O número de orações de uma frase é igual ao número de verbos (ou locuções verbais) que esta frase contém.

-A oração pode ser constituída por um só verbo.
-A oração pode ser constituída por uma locução verbal.

3. Período

Chamamos de período a frase constituída por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido completo.
Período é a frase organizada com uma ou mais orações, podendo ser simples ou composto.

Falha de Comunicação (Autoria desconhecida)

Num país socialista, onde a natalidade era importante, o Presidente instituiu uma lei que obrigava os casados a terem o maior número possível de filhos e dava uma tolerância de 5 anos. Aqueles que não conseguissem, teriam um agente colaborador. E assim foi o diálogo de um casal interessado na Lei.

M - Querido, hoje completamos o quinto aniversário de casamento.
H - É, infelizmente não tivemos o herdeiro.
M - Será que vão enviar o tal agente...
H - Não sei. Se ele vier, eu não tenho nada a fazer.
M - Eu menos ainda!
H - Vou sair, estou atrasado para o trabalho.
                          ... Logo após a saída do marido, batem à porta, e a mulher abrindo-a encontra um homem à sua frente. Era um fotógrafo que se enganara de endereço...
Fotógrafo - Bom dia, eu sou...
Mulher - Há... já sei! pode entrar.
F - Seu marido está em casa?
M - Não, ele foi trabalhar, mas está a par de tudo e... concorda.
F - Ótimo! Então vamos começar...
M - Mas assim tão rápido?!...
F - Preciso ser breve, pois ainda tenho 6 casas para visitar.
M - Puxa!... E o senhor aguenta?
F - Aguento, pois gosto muito do meu trabalho. Sinto muito prazer com ele.
M - Então vamos fazer.
F - Permita-me sugerir: uma no quarto, duas no tapete, uma no corredor, duas na cozinha e a última no quintal.
M - Nossa! Não é muito?
F - Minha senhora, na minha profissão, nem o melhor artista consegue na primeira tentativa. É tentar muitas vezes para acertar em cheio.
M - O senhor já visitou alguma casa neste bairro?
F - Não, mas trago comigo algumas amostras do meu trabalho. Veja... (mostrando fotos de crianças) não são lindas?
M - Como são lindos estes bebês! É trabalho seu?
F - Sim, veja este aqui. Foi conseguido na porta de um supermercado.
M - Nossa, não lhe parece um lugar bastante público?!
F - Sim, mas a mãe era artista de cinema e queria publicidade.
M - Eu não teria coragem de fazer isto.
F- Este aqui foi em cima de um ônibus. Dureza, sabe, senhora!
M - Imagino.
F - Este aqui foi num parque de diversões, em pleno movimento.
M - Puxa!... Como é que o senhor conseguiu?
F - Não foi fácil, sabe. Se não fossem os guardas tirarem os curiosos de cima, nós não teríamos terminado. E tem outros mais. Um no Circo, na igreja, na loja...
M - Ainda bem que sou discreta. Não quero que ninguém veja.
F - Então, se me dá licença... Vou armar o tripé.
M - Tripé?... Para que?
F - Bem, madame. É necessário, pois o meu aparelho além de ser pesado, depois de pronto, mede um metro.
            A MULHER DESMAIOU...



AUTORIA DESCONHECIDA




O palácio da aventura (Antero de Quental)

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura.
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada e espada já, rota e armadura...
E eis que súbito o aviso fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o vagabundo, o Deserdado...
Abrir-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

ANTERO DE QUENTAL

Tormento do Ideal (Antero de Quental)

Conheci a Beleza que não morre
E fiquei triste. Como quem da serra
Mais alta que haja, olhando aos pés a terra
E o mar, vê tudo, a maior nau ou torre,

Minguar, fundir-se, sob a luz que jorre;
Assim eu vi o mundo e o que ele encerra
Perder a cor, bem como a nuvem que erra
Ao pôr do sol e sobre o mar discorre.

Pedindo à forma, em vão, a idéia pura,
Tropeço, em sombras, na matéria dura,
E encontro a imperfeição de quanto existe.

Recebi o batismo dos poetas,
E assentado entre a formas incompletas,
Para sempre fiquei pálido e triste.

ANTERO DE QUENTAL

Século de Progresso (Noel Rosa)

A noite estava estrelada
Quando o samba se formou.
A lua veio atrasada
E o samba começou.
Entretanto, ali perto,
Morria um tiro certo
Um valente muito sério,
Professor dos desacatos,
Ensinava aos pacatos,
O rumo do cemitério.
Chegou alguém apressado
Naquele samba animado
Que, cantando, assim dizia:

No século do progresso
O revólver teve ingresso
Pra acabar com a valentia

NOEL ROSA

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O gênero notícia (Parte II)

Título e tempo verbal:


Numa frase curta, sem ponto final, onde o tempo verbal é presente, se destaca por dar à notícia um caráter de atualidade, mesmo que o fato já tenha acontecido.

Usos do tempo verbal:

Os tempos verbais podem ser usados em várias situações, entre elas podemos observar que eles são usados para expressar fatos que acontecem com frequência ou para aproximar do momento atual algo que ocorreu há muito tempo, como ocorre nos relatos de fatos históricos, também em definições e descrições.

Notícia e tempo verbal:

O fato relatado pela notícia geralmente já aconteceu, por esse motivo, o tempo verbal do lide e do corpo da notícia é geralmente o passado.

Lide e as informações principais:

Perguntas: Quem? O que? Quando? Onde? Como? Por que?
Respostas:

Ordenação das respostas no lide:


Perguntas: Quem fez? O que? Quando? Onde? Como? Por quê?
Respostas:


Uso do substantivo, artigo, adjetivo e concordância nominal:

Artigos e adjetivos são palavras que se relacionam como o substantivo e devem concordar com ele em número e gênero. Se um substantivo for masculino e singular, o artigo e o adjetivo deverão estar no masculino e no singular, isto chamamos de concordância nominal.

Plural dos substantivos terminados em -ão:

Os substantivos terminados em -ão formam os plurais: -ões, -ães, -ãos.

- Na maioria dos substantivos terminados em -ão (singular) muda para -ões (plural), os aumentativos;
- Nos substantivos terminados em -ão (singular) muda para -ães (plural);
- Nos substantivos oxítonos e paroxítonos terminados em -ão (singular) acrescenta apenas o s (plural);
- Outros substantivos possuem mais de uma forma para o plural.

Pontuação:

Os sinais de pontuação servem para indicar ao leitor como ler o texto, marcando pausas, entonações, etc.

Ponto de interrogação |  ?  |   Ponto de exclamação |  !  |  Vírgula |  ,  |  Ponto e vírgula |  ;  | Ponto  |  .  |
Dois pontos |  :  | Travessão  |  -  | Parênteses | (  ) |  Reticências |  ...  |  Aspas |  " "  | Colchetes | [  ] |

Parênteses (  ) : usados para destacar uma explicação ou comentário.
Aspas " " : indicam a fala de alguém, abrindo e fechando o pensamento da mesma.
Travessão  - : indicam o mesmo que as aspas, em notícias ele não é usado.

Sinônimos e usos no dicionário:


São palavras que possuem significados muito parecidos, mas não são iguais, ou seja, se assemelham por uma ideia geral, comum, mas se diferenciam por uma ideia especial e própria.


4º Períodos EJA - EMBNT - 2º Bimestre - 2012
Por: Profº Grad. Alessandro de Oliveira Arantes (EMBNT/NAESM/UERN)
Escola Municipal Benvinda Nunes Teixeira




O gênero reportagem

1. Conceito básico:

A reportagem é um dos principais gêneros de caráter informativo que possibilita o leitor a obter novos saberes. Elas se estruturam de várias maneiras diferentes, também podem variar conforme os veículos em que elas são divulgadas, seja por revistas, documentários, blogs e sites, diários de notícias, ou rádio.

2. Conceitos empregados na reportagem:

2.1. Fontes:

São tudo aquilo que presta informação ao repórter, elas podem vir de instituições ou empresas que divulgam comunicados oficiais para a imprensa. Elas podem vir desde prefeituras até hospitais, e também de pessoas envolvidas com algum evento, prestando informações a pedido do repórter. Além dos repórteres, pode-se também conseguir informações com informantes exclusivos, confidenciais e até de especialistas em algum assunto, no caso de algo muito específico.

2.2. As fontes, o jornalista e o texto:

Antes de serem impressas, as notícias e as reportagens são lidas por redatores e editores, que corrigem e modificam o texto original, adequando a linguagem a padrão de um determinado jornal, de acordo com a ideologia que ele defende, isso é chamado de edição; também para que a reportagem fique dentro do espaço que estava previsto, os editores podem fazer cortes no texto, afim de complementar uma reportagem, com informações adicionais. Por isso é muito importante perceber que um texto como a reportagem passa por várias mãos até chegar ao leitor; se o leitor resolve manter ou cortar ou dá destaque a alguma matéria ou aspectos, ele irá impor uma versão de uma determinada visão do fato. O curioso é que existe no senso comum a ideia de que a imprensa é imparcial, neutra, mas vemos que isso não é possível, pois o jornalista, ao ouvir vários depoimentos, ele parece dar voz a todas as partes envolvidas, mas a todo o tempo ele organiza esses discursos, por isso quando lemos o texto devemos observar como o autor conduziu as informações.


2.3. Fato, dado e opinião:


Sempre que uma reportagem aparecer dados de maneira geral, devemos verificar a procedência dela, também temos que nos atentar para a linguagem dela, se ela é objetiva ou impessoal (que retrata a realidade de forma clara) ou subjetiva ou pessoal (quando veicula uma opinião além da realidade), diferenciando ambas as linguagens.


2.4. Formas de citar o discurso:


Podemos citar o discurso de duas formas: diretamente ou indiretamente, semelhante as linguagens vistas, quando o redator cita diretamente um depoimento, ele praticamente reproduz a fala da pessoa, quando relata com suas palavras, ou escolhe palavras para representar o seu modo de dizer, ele estará sendo parcial, ou seja, não está sendo fiel a realidade.


2.5. Os efeitos do "mas":


Esse recurso é muito utilizado para separar ideias e visões diferentes de um mesmo assunto, onde, no texto, ocorrerá de surgir uma ideia contrária ou que demonstre uma visão diferente na mesma linha, nos dando a impressão de um confronto entre ideias.

2.6. Por trás das linhas de reportagem:

O título da reportagem mostra apenas uma parte daquilo que ela é de fato, nos deixando apenas pistas do que é o assunto, o que instiga ao leitor em conhecer afundo a matéria veiculada, mas não deixando de se atentar para a linguagem dela, pois em alguns casos a mesma pode não ser verdadeira, por isso devemos ficar atentos para o ponto de vista que ela está defendendo, e as referências dela; as matérias podem sim entrar em confronto com as ideias do leitor, fazendo com que ele questione algo que ele conhece, fazendo com que ele procure mais informações, principalmente as que lhe darão uma boa base de conhecimento sobre um assunto.

Capítulo 2 - 2º Bimestre - Língua Portuguesa - 5º Período EJA
Profº Grad. Alessandro de Oliveira Arantes (EMBNT/NAESM/UERN)
Escola Municipal Benvinda Nunes Teixeira, Guamaré/RN.