quinta-feira, 30 de maio de 2013

Importante! Carta aos leitores do blog Pescando Letras

Caros leitores, leitoras, seguidores, associados e público em geral que curtem nossos posts, pesquisas, publicações, conteúdos de maneira geral, que estamos abertos para sugestões, críticas, elogios ou propostas, solicitações de pesquisas, publicações de textos autorais ou de cunho próprio, envie para o e-mail: pescandoletras@gmail.com ou dos demais associados e editores do blog.

Os textos serão analisados de acordo com a classificação do gênero, devendo conter obrigatoriamente, a citação de autoria, com nome e sobrenome do autor, título do texto ou livro. edição (se necessário, no caso de ser um livro), classificação do gênero (poesia, conto, etc), local onde foi escrito, instituição a qual pertence (escola, universidade, etc) e data da elaboração, para poder elaborar a referência conforme as normativas NBR 6023; NBR 6024; que sugerem e normatizam a citação de referência, autoria e posse do texto.

Também, no caso de haver fotos, ilustrações, procede-se da mesma maneira.

Lembretes:

-No caso de solicitações de pesquisas ou conteúdos, o mesmo será publicado no blog com as devidas referências de postagem, afim de evitar plágios.

-No caso de transcrições de textos, o cuidado deverá ser maior com as referências, no caso de o texto possuir direitos autorais, tendo que solicitar ao autor uma autorização para publicar tal texto, e deve-se conter as referências do mesmo.

-No caso de solicitações de publicações de textos de autoria própria, o mesmo deverá apresentar a ficha catalográfica em anexo ao texto, no caso de ter sido publicado por um bibliotecário, ou ser um trabalho acadêmico, TCC ou afins; no qual deverá seguir a mesma regra para os demais.

-Sobre a questão de publicações de anúncios, posts de outros blogs, sites, ou afins, deve-se atentar-se para a temática dos mesmos, pois não será permitida a postagem de conteúdos que não se enquadre na proposta do blog, mas deve-se expor nos gadgets, na barra lateral do blog, o que fica mais cômodo, e não interfere na ordem dos textos.


No mais, em nome da equipe Pescando Letras, agradecemos a compreensão e a atenção de todos.

Guamaré, 30 de maio de 2013.


Atenciosamente,
ALESSANDRO DE OLIVEIRA ARANTES (UERN/UFRN)
http://lattes.cnpq.br/1860918230350608
Graduado em letras com ênfase em Leitura e produção textual
Administrador, editor e seguidor do blog


A cigarra e a Formiga (Jean de La Fontaine)

Traduzido por: Bocage

Tendo a cigarra em cantigas
Folgado em todo o verão
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.

Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga
Que morava perto dela.

Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso estio.

"Amiga, - diz a cigarra -
Prometo, à fé d'animal,
Pagar-vos antes de agosto
Os juros e o principal."

A formiga nunca empresta,
Nunca dá, por isso junta:
"No verão em que lidavas?"
À pedinte ela pergunta.

Responde a outra: "Eu cantava
Noite e dia, a toda hora.
-Oh! Bravo!, torna a formiga:
Cantavas? Pois dança agora!"

Referências:

BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. A cigarra e a Formiga. Tradução. Fábula. In: LA FONTAINE, Jean de, 1621-1695. Fábulas: antologia / La Fontaine. - 4. ed. - São Paulo: Martin Claret, 2012.

Extraído do livro:

LA FONTAINE, Jean de, 1621-1695. Fábulas: antologia / La Fontaine. - 4. ed. - São Paulo: Martin Claret, 2012. - (Coleção a obra-prima de cada autor; 200)

O menino e o mestre-escola (Jean de La Fontaine)

Traduzido por: Barão de Paranapiacaba

Tenho em vista zurzir na minha história
Todo o pedante, autor de vão discurso,
Que ralhando, não vale a quem se afoga,
              À mingua de recurso.

Rapaz travesso, doidejando às soltas,
Perto da margem de empolado rio
Tais cabriolas fez que, ao fim de contas,
              Dentro d'água caiu.

Quis o céu que no sítio do sinistro
Vegetasse, a propósito, um salgueiro,
A que, abaixo de Deus, savar a vida
              Deveu o calaceiro.

Passava por ali um mestre-escola;
E o rapaz a gritar: "Senhor, socorro!
Acudi-me, por Deus, que o ramo estala,
              E, em se quebrando, eu morro".

Ouvindo este clamor, o pedagogo,
Sem notar ser imprópria a ocasião,
Dirige ao pobre, prestes a afogar-se,
              Este longo sermão:

"Vede a que ponto chega a travessura!
Vão lá matar-se por traquinas tais!
Como é difícil tomar conta deles!
              Oh! Desgraçados pais!

Quanto à família e aos mestres envergonham!
Que sustos causam! Que profunda mágoa!"
Tendo assim esgotado o palanfrório,
              Tira o menino d'água.

Gente, em que não pensais, aqui se abrange;
Pedantes, tagarelas, censores,
Entram no quadro, que esboçado fica
              Com verdadeiras cores.

Faz grande turma cada classe dessas,
- Raça, da Providência abençoada,
Que em tudo busca exercitar, sem peias,
              Sua língua afiada. -

Mas ouve, amigo meu: Se em transes luto
Vem primeiro livrar-me do embrechado;
Deita arenga depois e a gosto exaure
              O teu palavreado.

Referências:

PARANAPIACABA, Barão. O menino e o mestre-escola. Tradução. Fábula. In: LA FONTAINE, Jean de, 1621-1695. Fábulas: antologia / La Fontaine. - 4. ed. - São Paulo: Martin Claret, 2012.

Extraído do livro:

LA FONTAINE, Jean de, 1621-1695. Fábulas: antologia / La Fontaine. - 4. ed. - São Paulo: Martin Claret, 2012. - (Coleção a obra-prima de cada autor; 200)

O grande cometa brilhante

O grande cometa brilhante (magnum cometes lucidum)

Cometa fugaz
     Como uma estrela
De rastro cintilante
            Que incendeia
No firmamento azúreo
                   Pálido e resplandescente passeia
Fugaz e sublime
                       De tons verdáceos
Com rastro de fumaça
                         De gelo seco a metano
De gás, gelo e rochas metálicas
                         Que corta o céu
Brilhando como a luz do luar
                        Com um som estonteante
Assombrando os superticiosos
                      Deixando um rastro de temor e emoção
Nos pondo em alerta
                    Com o risco de sua aproximação
Cometa verdáceo
                 Passando pelo firmamento meridional
Ao sul do cone
              A frente do céu negro
Na planície alva de gelo
          Do sul de nosso planeta
Para ver-lo passar
       Rápido, lindo e espetacular
Cruzando e nos permitindo
    Apreciar sua bela cauda
Sendo uma joia na imensidão
 Que vai e que vem
Ao vagar da eternidade.

ARANTES, Alessandro de Oliveira. O grande cometa brilhante (magnum cometes lucidum). Guamaré: Pescando Letras, 2013.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O Discurso


Definição conceitual

Discurso é toda situação que envolve a comunicação dentro de um determinado contexto e diz respeito a quem fala, para quem se fala e sobre o que se fala.
Quanto à fala, na narração pode vir de três formas: discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre.
Vejamos cada um dos tipos de fala das personagens a seguir:

Discurso Direto

O discurso direto é o registro das palavras proferidas por uma personagem. O narrador deve expor a fala da personagem através do recurso gráfico: travessão ou aspas. É um tipo de discurso alheio a quem narra a história, ou seja, não há interferência por parte do narrador.
Alguns verbos, chamados de elocução, são utilizados no começo, no meio ou após os discursos, são eles: dizer, perguntar, responder, exclamar, ordenar, falar, protestar, contestar, alegrar, alegar, concordar, etc..

Exemplo:

- Por que você não vai à festa? – perguntou Maria.
João, muito feliz com a pergunta, respondeu:
- Sim, vou acompanhar você, ou achou que a deixaria ir sozinha?

Discurso Indireto

O discurso indireto é definido como o registro da fala da personagem sob influência por parte do narrador. Nesse tipo de discurso, os tempos verbais são modificados para que haja entendimento quanto à pessoa que fala. Além disso, costuma-se citar o nome de quem proferiu a fala ou fazer algum tipo de referência. Observe:

Discurso direto:

- Eu vou à festa se você me acompanhar. – disse João.

Passando para o Discurso Indireto:

João disse que ia à festa se Maria o acompanhasse.

Discurso Indireto Livre

O discurso indireto livre ocorre quando a narrativa é interrompida para dar lugar a uma fala da personagem sem, contudo, utilizar o recurso gráfico (aspas, travessão) do discurso direto. As falas ou pensamentos das personagens surgem abruptamente durante a narração e, por este motivo, o leitor deve estar atento ao que lê.

Exemplo: Maria falava muito baixo, quase cochichando, independente de onde estava. Não achava ético conversar, mesmo que com o som da voz moderado, normal para a maioria. Conversar para os outros ouvirem? Para que? E todo mundo tem que saber o que faço ou o que penso? Alguns pensavam que era timidez, mas ela não se importava.

Referências:

VILARINHO, Sabrina. Discurso. In: Organização dos discursos e suas modalidades. Seção: Redação. [Artigo]. São Paulo: Mundo Educação, 2011. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com.br/redacao/discurso.htm. Acesso em 16/05/2013.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Crônica do Amor (Arnaldo Jabor)


Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.
Arnaldo Jabor

Referências:

JABOR, Arnaldo. Para Sempre. Crônicas de Arnaldo Jabor. São Paulo: Pensador.Info. Portal Uol, 2012.Disponível em: Acesso em: 10/05/2013.

Para Sempre (Carlos Drummond de Andrade)


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Referências:

ANDRADE, Carlos Drummond de. Para Sempre. Crônicas de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Pensador.Info. Portal Uol, 2012.Disponível em: Acesso em: 10/05/2013.

Chegou o verão! (Luís Fernando Veríssimo)


Chegou o verão!

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura
e muita gordura, pouco trabalho e muita micose.

Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água
da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca.

Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no
tênis.

Mas o principal ponto do verão é.... A praia!

Ah, como é bela a praia.

Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.

Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias.

Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a
prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do
sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão
chegando.

Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três
geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa,
toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de
férias.

Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados
e prontos pra enterrar a avó na areia.

E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação,
as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os
adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.

As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho
afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do
chinelo.

Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como furar a areia pra
fincar o cabo do guarda-sol.

É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar
em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da
maravilha que é entrar no mar!

Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de
cerveja no fundo.

Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita
cheia de areia, vem àquela vontade de fritar na chapa.

A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o
chapéu, os óculos escuros e puxa um ronco bacaninha.

Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!

Mas, claro, tudo tem seu lado bom.

E à noite o sol vai embora.

Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma
banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo.

O shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa,
desde creme de barbear até desinfetante de privada.

As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia
oferece.

Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede
pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.

O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família.

Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e
torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo
possa se encontrar no mesmo inferno tropical...

Referências:

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Chegou o verão!. Crônicas de Luis Fernando Veríssimo. São Paulo: Pensador.Info. Portal Uol, 2012. Disponível em: Acesso em: 10/05/2013.