sexta-feira, 6 de julho de 2012

O palácio da aventura (Antero de Quental)

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura.
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada e espada já, rota e armadura...
E eis que súbito o aviso fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o vagabundo, o Deserdado...
Abrir-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

ANTERO DE QUENTAL

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