sexta-feira, 22 de julho de 2011

Tropicalismo e A Poesia Marginal


O movimento musical popular chamado Tropicalismo originou-se, ainda na década de 60, nos festivais de M. P. B. realizados pela TV Record, que projetaram no cenário nacional, os jovens Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo Os Mutantes e Tom Zé, apoiados em textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do maestro Rogério Duprat.

Com humor, irreverência, atitudes rebeldes e anarquistas os tropicalistas procuravam combater o nacionalismo ingênuo que dominava o cenário brasileiro, retomando o ideário e as propostas do Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade. Dessa forma, propunham a devoração e de deglutição de todo e qualquer tipo de cultura, desde as guitarras elétricas dos Beatles até a Bossa Nova de João Gilberto e o "nordestinismo" de Luiz Gonzaga.

Características dos textos:
ironia e paródia, humor e fragmentação da realidade; enunciação de flashes cinematográficos aparentemente desconexos, ruptura com os padrões tradicionais da linguagem ( pontuação sintaxe etc.).
Suas influências foram fundamentais na música, mas repercutiram também na literatura e no teatro.
Com o AI-5, seus representantes foram perseguidos e exilados.
A partir daí, a linguagem artística ou se cala ou se metaforiza ou apela para meios não convencionais de divulgação.

A Poesia Marginal


Segundo a professora Samira Youssef Campedelli (M Literatura, História e Texto, 3, Saraiva) "a poesia desenvolvida sob a mira da polícia e da política nos anos 70 foi uma manifestação de denuncia e de protesto, uma explosão de literatura geradora de poemas espontâneos, mal-acabados, irônicos, coloquiais, que falam do mundo imediato do próprio poeta, zombam da cultura, escarnecem a própria literatura.

A profusão de grupos e movimentos poéticos, jogando para o ar padrões estéticos estabelecidos, mostra um poeta cujo perfil pode ser mais ou menos assim delineado ele é jovem, seu campo é a banalidade cotidiana, aparentemente não tem nem grandes paixões nem grandes imagens, faz questão de ser marginal". Experimentalismo, moralidade, ideologia e irreverência são algumas de suas características.

A divulgação dessa obra foge do "circuito tradicional": são textos fechados em muros; jornais, revistas e folhetos mimeografados ou impressos em gráficas de fundo de quintal e vendidas em mesas de restaurantes, portas de cinemas, teatros e centros culturais; happening e shows musicais; até uma "chuva de poesia" foi realizada no centro de São Paulo, da cobertura do edifício Itália, em 1980.

Ainda de acordo com a Professora Samira (opuscit, p.354) "Recupera-se alguns laços com a produção do primeiro Modernismo (1922) - poemas -minuto, poemas ¬piada; experimentaram-se técnicas como a colagem e a desmontagem dadaístas; praticaram-se formas consagradas, como o sonetos ou o haicai; tudo foi possível dentro do território livre da poesia marginal, como bem atestam os poemas de Paulo Leminsky, à moda grafite, com sabor de haicai:

NÃO DISCUTO COM O DESTINO O QUE PINTAR EU ASSINO
Representantes desse grupos: Wally Salomão, Cacaso,Capinam, Alice Ruiz, Charles, Chacal, Torquato Neto e Gilberto Gil (Marginalia e "Geléia Geral")
o céu não cai do céu
O céu não cai do céu, poema de Régis Bonvicino
Não é rara também a paródia, assim como a metalinguagem.
Enquanto os concretistas atribuem grande importância à construção do poema, os marginais preocupam-se sobretudo com a expressão, ora de fatos triviais, ora de seus sentimentos. Por isso, boa parte dessa poesia marca-se por um tom de conversa íntima, de confissão pessoal.

O conto na Internet

Os avanços tecnológicos, o da Internet principalmente, abriram novas fronteiras para os autores e leitores. Muitas vezes, eles se confundem nesse mágico universo virtual, a tal ponto que já ninguém parece saber quem é o autor e quem é o leitor.
Os sites literários ou pseudo-literários abriram as portas para todo aquele que deseja aventurar-se na produção de contos, crônicas e poesias. O conto, principalmente, o de teor erótico, ganha cada vez mais destaque em alguns sites. Estamos na era do hipertexto, abrindo novas possibilidades de criação e de leitura. Sobre o hipertexto, escreve Ramal (2002?)

O que é um hipertexto? Como o próprio nome diz, é algo que está numa posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto existem vários links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na Internet, cada site é um hipertexto – clicando em certas palavras vamos para novos trechos, e vamos
construindo, nós mesmos, uma espécie de texto. Na definição de Jay Bolter (1991): "as partes de um hipertexto podem ser agrupadas e reagrupadas pelo leitor".

O conto moderno ganha, com o hipertexto, um novo formato, permitindo uma viagem de múltiplas leituras, podendo o leitor clicar sobre palavras ou frases, procurando novos caminhos, explicações e, em alguns casos, partindo para a tradução ou para uma nova leitura, totalmente diferente.
Contos que pulverizam a norma culta, contos com erros gritantes de ortografia; narrações sem sintaxe, sem tensão, contos que inovam na linguagem, reproduzindo tudo aquilo que acontece nos chats, invadem o espaço virtual. No meio desse mar de assustadoras novidades, alguns contos conseguem resgatar os valores clássicos deste tipo de narração, mexendo com a imaginação, com a emoção, intelecto e sentimentos dos leitores.
Os blogs, por exemplo, estão virando mania mundial, como afirma Mugnol (2005):

Blog é uma espécie de diário virtual. Mas vem deixando de ser coisa de adolescente. Hoje, esses sites são encarados com credibilidade e têm nutrido o impulso criativo de muita gente. É claro que ainda há uma penca de lixo virtual trafegando por aí. [...] Há estimativas de que o fenômeno blog alcance a marca de 53 milhões até o final desse ano. No Brasil, segundo o Ibope/NetRatings só em abril 7 milhões de pessoas acessaram blogs ou fotoblogs. Nesse emaranhado de informação tem gente criando, tem gente experimentando, tem gente ousando. Há e tem gente também aproveitando o espaço como um exercício para a escrita. [...] Augusto Sales, editor da revista literária Paralelos (www.paralelos.org), tem acompanhado de perto a efervescente nova geração de escritores, principalmente no Rio de Janeiro. Para ele, os blogs são uma boa maneira de entender a produção de "jovens autores, aspirantes, jornalistas e toda sorte de gente que escreve."

A explosão dessas narrativas na Internet, invadindo sites, blogs, páginas pessoais e outros espaços virtuais, com certeza modificará o gosto dos leitores, influenciará positiva ou negativamente sua percepção sobre o que é conto. Está acontecendo, sem dúvida nenhuma, uma nova revolução, tão ou mais significativa que a invenção da imprensa ou o espaço cedido pelos jornais, para os contos, no século XIX. Explica Lemos (2002) que:

A emergência dessas páginas pessoais está associada a novas possibilidades que as tecnologias do ciberespaço trazem de liberação do pólo da emissão, diferentemente dos mass media que sempre controlaram as diversas modalidades comunicativas. Esta liberação do emissor (relativa, como toda liberdade, mas ampliada em relação aos mass media) cria o atual excesso de informação, mas também possibilita expressões livres, múltiplas. O excesso, paradoxalmente, permite a pluralização de vozes e, efetivamente, o contato social.

Em outro trecho do seu trabalho, Lemos afirma:

A web está povoada de milhares de sites literários. Esta constatação mostra, evidentemente, a liberação do pólo da emissão, com sites de diaristas comuns ao lado de sites de escritores premiados. O crescimento do material literário na rede pressupõe o reconhecimento do ciberespaço como dinamizador do pólo da emissão, possibilitando a liberdade de disponibilização de textos. Como afirma Moraes, "a facilidade de publicar está na raiz de um fenômeno comunicacional já mencionado: as difusões pela Internet escavam brechas nos controles da grande mídia" (MORAES, 2001, p. 100). Assim, seria fácil descartar os diaristas como exibicionistas doentios - embora entre eles existam alguns - mas outros são excelentes escritores, estando além da mera diarréia de palavras.

Após essa imensa bolha de produção, bolha borbulhante e confusa que amalgama bons e maus textos, o universo literário não será o mesmo. A velocidade da Internet possibilita a criação de uma ponte direta entre o escritor (e também do pseudo-escritor) e os leitores. Instantaneamente eles se comunicam, trocam idéias, discutem narrações, estilos, finais e até criam novas histórias.
Um universo novo abre-se para todos com a inserção do conto no espaço virtual.

3. Pisando no umbral de um novo universo

Das noites impregnadas de medo nas cavernas até o mundo de hoje, com uma aparentemente ilimitada liberdade para alçar vôo e expressar-se, a humanidade avançou, cresceu e ganhou novos meios para expressar seus medos, emoções, pensamentos, sentimentos, futilidades, para posicionar-se perante o mundo, para tentar compreender, interpretar esse universo que nos rodeia e do qual, querendo ou não, fazemos parte.

O conto, como expressão narrativa, acompanhou o homem desde os tempos da oralidade, desde as remotas fogueiras que iluminavam o mundo pré-histórico. Apesar das modas, apesar de que em muitos momentos a poesia, o romance e outras expressões literárias ou artísticas dominaram o panorama cultural, o conto manteve-se forte e firme, mudando a "pele", mudando sua estrutura, modernizando-se, encantando e desencantando toda uma multidão de leitores.
Alguns autores, como Borges, por exemplo, nunca escreveram romances. Suas narrativas foram praticamente só contos, sem esquecer seus brilhantes ensaios. Outros teóricos afirmam que o conto ocupará, num futuro não muito distante, o lugar mais alto dentro da literatura mundial.

Por ser breve, sintético, intenso e transmitir, de maneira condensada, sentimentos, emoções e ações, o conto adapta-se perfeitamente à vida moderna, agitada e febril.
Como expressão artística, o conto é de uma singularidade extraordinária. Julio Cortázar comparava o conto a uma fotografia, uma foto instantânea que capta um momento especial da vida. Outros autores falam num simples flash, rápido e perturbador. Essa singularidade, temperada com brevidade, tensão e unicidade, faz com que o conto seja perfeitamente compatível com o homem moderno, expressando desejos, sentimentos, anseios, inquietações.

Independentemente da roupagem com a qual o autor o revista, o conto com alma, com valor literário, alcançará o leitor e estabelecerá um forte vinculo com ele, transformando sua leitura num momento único e sublime.

4. REFERÊNCIAS

CORTÁZAR, J. La casilla de los Morelli. Barcelona (Espanha): Tusquets Editor. 1975.

EPPLE, J. A. Introdução. Disponível em: Acessado em Acessado em 15 de abril de 2006.

SILVA, V. M. A. e. Teoria da literatura. 8ª edição. Coimbra (Portugal): Livraria Almedina, 2000.

VÁZQUEZ, M. Á. Estudio y aplicación de elementos fantásticos en dos cuentos de Cortázar: I - Casa tomada. no. 23, janeiro de 2004. Disponível em Acessado em 14 de abril de 2006.

http://www.artigonal.com/literatura-artigos/o-conto-alguns-aspectos-deste-genero-literario-395289.html

Carlos Higgie. Publicado em: 24/04/2008 artigonal

Linguagens

Na Era de Emerec a palavra linguagem será empregada num sentido geral - aquele que o Petit Robert dá «por extensão» como sendo: «todo o sistema de signos que permite a comunicação entre os homens ' ou possibilita que um conjunto complexo se torne inteligível». Certos linguistas preferem guardar a palavra linguagem para descrever «a função de expressão do pensamento e da comunicação entre os homens, exercida pelos órgãos de fonação (palavra) ou por uma notação de signos materiais (escrita)» (Petit Robert, 1967). A este tipo de linguagem, tipicamente humano, chamaremos a linguagem verbal, para sublinharmos bem que ele se baseia no verbo, na palavra.

Para estudar as linguagens, recorremos à semiologia, essa «ciência que estuda a vida dos signos no seio da vida social», e da qual o pai da linguística moderna, Ferdinand de Saussure, pressentiu a necessidade: «ela ensinar-nos-á em que consistem signos e que leis os regem”. Como ainda não existe não se pode dizer o que virá a ser; mas ela tem direito à existência, o seu lugar já está determinado».

De facto, mais de sessenta anos passados sobre esta declaração, não se pode dizer que a semiologia já esteja organizada e que as suas relações com a linguística que, segundo Saussure, não era então uma parte dessa ciência geral, sejam perfeitamente claras. Ao contrário, «surgem por todo o lado teorias e modelos» linguísticos, hipóteses de terminologia até ao esmigalha mento, até ao babelismo » . Não tentaremos acrescentar novas teorias. Contentar-nos-emos com utilizar a distinção fundamental de Saussure, entre língua e palavra, alargando a nossa noção de linguagem. Recorreremos igualmente ao seu sistema de análise do signo, significante, significado, que aplicaremos, não só ao signo linguístico, mas também a todos os signos. O audio-scripto-visual será uma classificação operacional.

...

As linguagens são consideradas como sistemas de signos,... Distingue as linguagens de base, que são unidimensionais (no sentido em que jogam com um único modo de percepção) e as linguagens sintéticas, que implicam a fusão de duas linguagens de base; chega até à linguagem polissindética.

As linguagens de base são três: linguagem audio; linguagem visual e linguagem scripto, que diz respeito ao mundo especial da significação, a scriptosfera, criado por linguagens hibridas, tais como a escrita fonética, a notação musical e certas linguagens-máquinas.


Transcrito do livro "A era de EMEREC " de Jean Cloutier, Ministério da Educação e Investigação Científica - Instituto de Tecnologia Educativa, 1975.

Mais informação no endereço URL:

www.geocities.com/Eureka/8979/index.htm

Semiótica

Na moderna acepção, desenvolvida por Charles S. Pierce , a semiótica é a doutrina dos signos, tendo por objeto o estudo da natureza, tipos e funções de signos. Devido aos desenvolvimentos das últimas décadas na linguística, filosofia da língua e semiótica, o estudo dos signos ganhou uma grande importância no âmbito da teoria da comunicação. Basicamente, um signo é qualquer elemento que seja utilizado para exprimir uma dada realidade física ou psicológica; nesta relação, o primeiro funciona como significante em relação à segunda, que é o significado (ou referente); as relações entre significantes e significados podem ser de 2 tipos: denotação e conotação .

Um som, uma cauda de cão a abanar, um sinal de trânsito, um punho erguido, um caractere escrito são exemplos (entre outros possíveis) de signos; é importante realçar que os signos por si próprios nada significam, para se tornarem compreensíveis pressupõem a existência de um código que estabeleça, dentro duma dada comunidade, a totalidade das relações entre significantes e significados, por forma a tornar possível a interpretação dos signos. Desta forma, cada comunidade desenvolve os seus sistemas de signos e respectivos códigos, por forma a viabilizar a comunicação entre os seus membros; à medida que se vai subindo na cadeia biológica as necessidades de comunicação vão-se intensificando, o que se reflete naturalmente em sistemas de signos e códigos de comunicação cada vez mais sofisticados.

Muitos códigos têm sido estabelecidos dentro das sociedades humanas, destacando-se como os mais importantes os códigos da língua (falada e escrita) e os códigos não verbais (movimentos e posturas do corpo, indicações vocais e para linguísticas, jogo fisionómico, aparência física, contato, fatores ambientais e espaciais); a criação dos signos não verbais foi anterior à criação dos signos verbais, sendo as duas formas de comunicação inseparáveis. Em semiótica, de acordo com a divisão feita por C.W.Morris , os signos são estudados em três níveis:

1) sintático (analisa a estrutura dos signos, o modo como se relacionam, as suas possíveis combinações, etc)

2) semântico (analisa as relações entre os signos e os respectivos significados)

3) pragmático (estuda o valor dos signos para os utilizadores, as reacções destes relativamente aos signos, o modo como os utilizam, etc).

Existem numerosas classificações de signos na literatura científica; na sua diversidade, os signos fornecem os meios para definir ou referir tudo aquilo que apreendemos através dos sentidos, bem como o que pensamos, sabemos, desejamos ou imaginamos; os signos permitem a conceptualização (a formação de uma ideia sobre uma realidade não presente),influenciam fortemente o comportamento humano, bem como a nossa percepção do mundo (sendo provável até que estejam na origem do acto de pensar).

Fonte: http://www.univ-ab.pt/~bidarra/hyperscapes/video-grafias-6.htm