terça-feira, 18 de janeiro de 2011

GÊNEROS DO DISCURSO OU TIPOS TEXTUAIS


Comunicar-se eficientemente parece, a princípio, algo fácil e simples a qualquer indivíduo, dada a agilidade e a habilidade que todos têm de usar a linguagem. No entanto durante esse processo realizado automaticamente, ou seja, sem uma real consciência do que subjaz à competência lingüística, não se questiona a seqüência de passos a percorrer para que se consiga realizar o complexo ato de comunicação por meio da língua.

Nesse sentido a comunicação seria extremamente difícil se, como diz Bakhtin (1997, p. 302), os indivíduos não dominassem os gêneros de discurso e tivessem de criá-los no processo de fala. As dificuldades da criação de um gênero a cada construção de enunciado de modo totalmente livre seriam sentidas na perda da agilidade do processo. Daí ser necessário admitir, com Bakhtin, que a língua se realiza por meio de enunciados (orais ou escritos). Dadas as diferentes situações de uso, os enunciados vão sendo organizados, agrupados em tipos - de acordo com a finalidade - e ensinados de forma a levar o aprendiz a tomar conhecimento dos diferentes tipos e a usá-los de acordo com os objetivos que têm em mente (Pasquier e Dolz, 1996).

Os enunciados - organizados e agrupados - são usados em toda e qualquer atividade humana. Essas atividades se caracterizam por condições especiais de atuação e por objetivos específicos, e, sendo inúmeras, cada esfera de atividade desenvolve tipos relativamente estáveis de enunciados que passam a ser comumente associados a elas. Mesmo variando em termos de extensão, conteúdo e estrutura, os enunciados conservam características comuns, daí serem considerados tipos relativamente estáveis. Bakhtin (1997) chama de gêneros de discurso essestipos estáveis de enunciados. Vale ressaltar que o termo gênero normalmente é associado aos estudos literários, daí a tendência, nos estudos lingüísticos, para o uso da expressão tipos de texto, considerada mais neutra (Silva, 1995).

Estando assentado que um passo no processo de comunicação é a escolha do tipo de texto, o que fica por verificar é quais são e como podem ser classificados os tipos de textos.

3. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS

Num levantamento geral, Vilela (1999) abstrai os pressupostos que fundamentam as diferentes tipologias textuais existentes, classificando-as da seguinte maneira:

1) as que consideram as características textuais internas dos textos (ou formais);

2) as que consideram os traços textuais exteriores aos textos (ou funcionais);

3) as que conciliam traços internos e externos ao texto (formais e funcionais).

Conforme Vilela, uma problemática que se reflete no plano discursivo, e conseqüentemente na classificação dos tipos textuais, é proveniente da clássica dicotomia langue-parole de Saussure (1971). Frente a essa dicotomia, Bakhtin (1997) admite que a unidade de comunicação na fala é o enunciado, estando aí implicado um continuum entre os aspectos formais e funcionais do discurso, continuum este que Silva (1995) - por extensão - toma como base ao formular um “modelo de análise” e classificação de tipos textuais.

Mara Lucia Fabrício de Andrade (UNESP).

GÊNEROS E TIPOS: UMA APROXIMAÇÃO.

Disponível em: http://www.filologia.org.br/soletras/2/06.htm

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