quinta-feira, 26 de novembro de 2009
EÇA de QUEIROZ - texto 3
Resumo da Obra
Leiria, vista geral da cidade.
O romance O Crime do Padre Amaro inicia-se com a morte de José Miguéis, pároco da
cidade de Leiria. Para ocupar o seu lugar é designado, graças a influências políticas, o
jovem Amaro Vieira, que havia saído do seminário há pouco tempo.
A indicação de Amaro agradou muito ao Cônego Dias, que, além de ser seu exprofessor
de Moral, ficou incumbido, a pedido do próprio Amaro, de arranjar-lhe um
lugar para se hospedar. Assim, o Cônego instalou-o na casa da sua “amiga” S.
Joaneira. Essa idéia não agradou muito ao Mendes, Coadjutor da Sé, pois ele
acreditava que a convivência, na mesma casa, do jovem padre com a bela Amélia,
filha de S. Joaneira, poderia gerar comentários maldosos.
Apesar disso, o Cônego não deu importância ao Coadjutor, pois com esse “arranjo” ele
não precisaria mais ajudar financeiramente a sua “amiga”, uma vez que o dinheiro do
aluguel pago por Amaro cobriria os gastos dessa “generosa caridade”.
Ao chegar a Leiria Amaro hospeda-se na casa da S. Joaneira e lá conhece Amélia.
Amaro passa então a desfrutar das regalias disponíveis na casa (comida, bebida,
companhia etc.). Em seu quarto, Amaro lê “maquinalmente” suas “orações”, pois sua
atenção está voltada totalmente ao “tique-taque das botinas de Amélia e o ruído
das saias engomadas que ela sacudia ao despir-se”.
Em seguida temos dois longos “flash-backs” (corte no tempo narrativo), que são
importantíssimos para o entendimento global da obra, pois neles nos são revelados as
origens de Amaro e Amélia.
No “flash-back” de Amaro descobrimos como foi a sua infância e Adolescência. Além
disso, podemos observar que o “meio” em que Amaro foi formado determinou seu
caráter fraco, sensual e mentiroso.
(QUERIDOS ALUNOS, ESTE TEXTO CONTÉM 08 PÁGINAS, postei aqui somente a página 01. @K@!)
EÇA de QUEIROZ - TEXTO 2
Resumo da Obra
O romance O Crime do Padre Amaro inicia-se com a morte de José Miguéis, pároco da
cidade de Leiria. Para ocupar o seu lugar é designado, graças a influências políticas, o
jovem Amaro Vieira, que havia saído do seminário há pouco tempo.
A indicação de Amaro agradou muito ao Cônego Dias, que, além de ser seu exprofessor
de Moral, ficou incumbido, a pedido do próprio Amaro, de arranjar-lhe um
lugar para se hospedar. Assim, o Cônego instalou-o na casa da sua “amiga” S.
Joaneira. Essa idéia não agradou muito ao Mendes, Coadjutor da Sé, pois ele
acreditava que a convivência, na mesma casa, do jovem padre com a bela Amélia,
filha de S. Joaneira, poderia gerar comentários maldosos.
Apesar disso, o Cônego não deu importância ao Coadjutor, pois com esse “arranjo” ele
não precisaria mais ajudar financeiramente a sua “amiga”, uma vez que o dinheiro do
aluguel pago por Amaro cobriria os gastos dessa “generosa caridade”.
Ao chegar a Leiria Amaro hospeda-se na casa da S. Joaneira e lá conhece Amélia.
Amaro passa então a desfrutar das regalias disponíveis na casa (comida, bebida,
companhia etc.). Em seu quarto, Amaro lê “maquinalmente” suas “orações”, pois sua
atenção está voltada totalmente ao “tique-taque das botinas de Amélia e o ruído
das saias engomadas que ela sacudia ao despir-se”.
Em seguida temos dois longos “flash-backs” (corte no tempo narrativo), que são
importantíssimos para o entendimento global da obra, pois neles nos são revelados as
origens de Amaro e Amélia.
No “flash-back” de Amaro descobrimos como foi a sua infância e Adolescência. Além
disso, podemos observar que o “meio” em que Amaro foi formado determinou seu
caráter fraco, sensual e mentiroso.
(QUERIDOS ALUNOS, ESTE TEXTO CONTÉM 78 PÁGINAS, postei aqui somente a página 01. @K@!)
EÇA de QUEIROZ - TEXTOS PARA APRESENTAÇÃ EM SALA
A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós
Fonte:
QUEIRÓS, Eça de. A cidade e as serras. São Paulo : Ática. (Série Bom Livro)
Texto proveniente de:
A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
Permitido o uso apenas para fins educacionais.
Texto-base digitalizado por:
Marciana Maria Muniz Guedes - São Paulo/SP
Este material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as informações acima sejam mantidas.
I
O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.
No Alentejo, pela Estremadura, através das duas Beiras, densas sebes ondulando pôr e vale, muros altos de boa pedra, ribeiras, estradas, delimitavam os campos desta velha família agrícola que já entulhava o grão e plantava cepa em tempos de el-rei d.Dinis. A sua Quinta e casa senhorial de Tormes, no Baixo douro, cobriam uma serra. Entre o Tua e o Tinhela, pôr cinco fartas léguas, todo o torrão lhe pagava foro. E cerrados pinheirais seus negrejavam desde
Arga até ao mar de âncora. Mas o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elísios, nº.202.
Seu avô, aquele gordíssimo e riquíssimo Jacinto a quem chamavam em Lisboa o D.Galião, descendo uma tarde pela travessa da Trabuqueta, rente dum muro de quintal que uma parreira toldava, escorregou numa casca de laranja e desabou no lajedo. Da portinha da horta saía nesse momento um homem moreno, escanhoado, de grosso casaco de baetão verde e botas altas de picador, que, galhofando e com uma força fácil, levantou o enorme Jacinto – até lhe apanhou a bengala de castão de ouro que rolara para o lixo. Depois, demorando nele os olhos pestanudos e pretos:
- Ó Jacinto Galião, que andas tu aqui, a estas horas, a rebolar pelas pedras?
E Jacinto, aturdido e deslumbrado, reconheceu o sr. Infante D. Miguel!
Desde essa tarde amou aquele bom Infante como nunca amara, apesar de tão guloso, o seu ventre, e apesar de tão devoto o seu Deus! Na sala nobre da sua casa (à Pampulha) pendurou sobre os damascos o retrato do "seu Salvador", enfeitado de palmitos como um retábulo e, pôr baixo a bengala que as magnânimas mãos reais tinham erguido do lixo. Enquanto o adorável, desejado Infante penou no desterro de Viena, o barrigudo senhor corria, sacudido na sua sege amarela, do botequim do Zé Maria em Belém à botica do Plácido nos Algibebes, a gemer as saudades do anjinho, a tramar o regresso do anjinho. No dia, entre todos benedito, em que a Pérola apareceu à barra com o Messias, engrinaldou a Pampulha, ergueu no Caneiro um monumento de papelão e lona onde D. Miguel, tornado S. Miguel, branco, de auréola e asas de Arcanjo, furava de cima do seu corcel de Alter o Dragão do Liberalismo, que se estorcia vomitando a Carta. Durante a guerra com o "outro, com o pedreiro-livre" mandava recoveiros a Santo Tirso, a S.Gens, levar ao Rei fiambres, caixas de doce, garrafas do seu vinho de Tarrafal, e bolsas de retrós atochadas de peças que ele ensaboava para lhes avivar o ouro. E quando soube que o sr. Miguel, com dois velhos baús amarrados sobre um macho, tomara o caminho de Sines e do final desterro – Jacinto Galião correu pela casa, fechou todas as janelas como num luto, berrando furiosamente:
- Também cá não fico! Também cá não fico!
(QUERIDOS ALUNOS, ESTE TEXTO CONTÉM 79 PÁGINAS, postei aqui até a página 2, o resto é com vcs. @K@!)
ultraromantismo: JOÃO DE DEUS DE NOGUEIRA RAMOS
Seria o beijo
(João de Deus, in 'Campo de Flores')
domingo, 15 de novembro de 2009
AMOR DE PERDIÇÃO - Camilo Castelo Botelho
Camilo Castelo Branco conquistou fama com a novela passional Amor de Perdição. Bem ao gosto romântico, a característica principal da novela passional é o seu tom trágico. As personagens estão sempre em luta contra terríveis obstáculos para alcançar a felicidade no amor. Normalmente, essa busca é frustrante. Mesmo quando os amantes ficam juntos, isso é conseguido a custa de muito sofrimento. Os direitos do coração, frequentemente, vão de encontro aos valores sociais e morais. Segundo o autor, Amor de Perdição foi escrito em 15 dias em 1861, quando ele estava preso na cadeia da Relação, na cidade do Porto, por ter-se envolvido em questões de adultério.
Como o drama de Romeu e Julieta, a obra focaliza dois apaixonados que têm como obstáculo para a realização amorosa a rivalidade entre as famílias. A ação se passa em Portugal, no século 19. O narrador diz contar fatos ocorridos com seu tio Simão. Residentes em Viseu, duas famílias nobres, os Albuquerques e os Botelhos, odeiam-se por causa de um litígio em que o corregedor Domingos Botelho deu ganho de causa contrário aos interesses dos primeiros. Simão é um dos cinco filhos do corregedor. Devido ao seu temperamento explosivo, Simão envolve-se em confusões. Seu pai o manda estudar em Coimbra, mas ele se envolve em novas confusões e é preso. Liberto, volta para Viseu e se apaixona por Teresa Albuquerque, sua vizinha.
A partir daí, opera-se uma rápida transformação no rapaz. Simão se regenera, torna-se estudioso, passa a ter como valor maior o amor, e todos os seus princípios são dele decorrentes. Os pais descobrem o namoro. O corregedor manda o filho para Coimbra. Para Teresa restam duas opções: casar-se com o primo Baltasar ou ir para o convento. Proibidos de se encontrar, os jovens trocam correspondência, ajudados por uma mendiga e por Mariana, filha do ferreiro João da Cruz. Mariana encarna o amor romântico abnegado.
Apaixona-se por Simão, embora saiba que esse amor jamais poderá ser correspondido, seja pelo fato de Teresa dominar o coração do rapaz seja pela diferença social: ela era de condição humilde, filha de um ferreiro. Mesmo assim, ama a tal ponto de encontrar felicidade na felicidade do amado.
Depois de ameaças e atentados, Teresa rejeita o casamento. Por isso será enviada para o convento de Monchique, no Porto. Simão resolve raptá-la, acaba por matar seu rival e se entrega à polícia. João da Cruz oferece-se para ajudá-lo a fugir, mas ele não aceita, pois é o típico herói romântico.
Matou por amor à Teresa, portanto assume seu ato e faz questão de pagar. Enquanto Simão vai para a cadeia, sua amada vai para o convento. Mariana, por sua vez, procura estar sempre ao lado de Simão, ajudando-o em todas as ocasiões. Condenado à forca, a sentença é comutada e Simão é degredado para a Índia. Quando ele está partindo, Teresa, moribunda, pede que a coloquem no mirante do convento, para ver o navio que levará seu amado para longe. Após acenar dizendo adeus, morre. Seu amor exagerado a leva à perdição.
Durante a viagem, Mariana, que acompanha Simão, mostra-lhe a última carta de Teresa. Ele fica sabendo da sua morte, tem uma febre inexplicável e morre. Seu amor exagerado o leva à perdição. Na manhã seguinte, seu corpo é lançado ao mar. Mariana não suporta a perda e se joga ao mar, suicidando-se abraçada ao cadáver de Simão. Seu amor exagerado a leva à perdição.
@k@!
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
AULA DE LITERATURA PORTUGUESA II DO DIA 19/11
"Aka, vem ká.Olhaí, confirmado. Estreia da peça. A FARRA DE BENEDITO NA TERRA DE JOÃO REDONDO.Dias 21 e 22 de Novembro. Teatro Porto de Ama. Agora, pra fazer um dengo a tu... ensaio geral, na sede do grupo, Rua das Begônias, 776, COHAB, Macau, (Todo mundo sabe donde é). Dia 19 de novembro, às 20h, 5ª Feira."
Temos um compromisso, certo? Aguardo todos lá.
@K@!
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
A INFLUENCIA DA LUA SOBRE OS HOMENS
Hoje, voltando de Macau no ônibus, procurei o lado da janela para observar a lua que estava simplesmente magnífica. A pesar de ela não estar totalmente cheia, mas estava com um brilho contagiante. É claro que toda a Natureza é bela e importante para a vida em geral, mas a lua, até onde sei, é um dos elementos da natureza que mais age diretamente ou indiretamente sobre todas as coisas inclusive o homem.
Ela com seu brilho, não só atraiu meu olhar por estar linda esplêndida e encantadora, como também penetrou diretamente na minha alma, esvaziou minha mente, levou-me a refletir sobre o certo e o errado, expulsou de meu coração o pessimismo, o ódio e o rancor, e, trousse o otimismo, a esperança e a fé. E mais, ainda, a lua, depois de um longo tempo de observação e reflexão, ensinou-me de maneira sutil e lenta, que a vida é bela, e vale a pena usarmos o amor até para quem nos odeia, e amar com maior intensidade quem nos ama, sem medir conseqüências, nem olhar barreiras, enfim, sem temer mal algum.
Você já fez amor em um lugar onde naquele momento só existisse a lua como testemunha? Já imaginou como seria isso? Seja na praia, no campo ou em qualquer outro lugar, porém que a lua estivesse presente, cobrindo seus corpos com o brilho de sua luz como se fossem seus lençóis?...se não imaginou, imagine. Se já imaginou, realize. Se já realizou então você sabe o segredo da lua. Basta vê-la, principalmente em noite de lua cheia, pra você se recordar do grandioso momento, e querer vivenciá-lo de novo. Pois o prazer é total, é dobrado. Imagino eu, e é o que vou procurar fazer para confirmar minha imaginação.
Portanto, ame viver e aprenda com a lua, que nada faz anão ser derramar sua beleza por cima de onde ela passa. Ilumina lugares escuros, enche mares, embeleza cabelos, e apazigua corações.
Eurico, o Presbítero - Alexandre Herculano
Eurico, então, se entrega à religiosidade, tornando-se o Presbítero de Cartéia, para se afastar das lembranças de Hermengarda, através das funções religiosas e da composição de poemas e hinos religiosos.
No entanto, quando ele descobre que os árabes estão invadindo a Península Ibérica, liderados por Tarrique, alerta seu amigo Teodomiro e se transforma no enigmático Cavaleiro Negro. De maneira heróica, Eurico, agora Cavaleiro Negro, luta em defesa de sua terra e, devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos Godos e lhes dá forças para combater o invasor.
Quando a vitória parece certa para os Godos, Sisibuto e Ebas, filhos do imperador Vitiza, traem seu povo, a fim de ganhar o trono espanhol. Logo após, Roderico, rei dos Godos, morre em batalha e o povo passa a ser liderado por Teodomiro. Enquanto isso, os árabes invadem o Mosteiro da Virgem Dolosa e raptam Hermengarda. O Cavaleiro Negro a salva quando o "amir" estava prestes a profaná-la. Durante a fuga, Hermengarda é levada até as Astúrias, onde está seu irmão Pelágio.
Em segurança numa gruta, Hermengarda encontra Eurico e declara seu amor por ele. Contudo, Eurico não acredita que esse amor possa se concretizar, devido às suas convicções religiosas, e revela a real identidade do Cavaleiro Negro. Ao saber disso, Hermengarda perde a razão e Eurico, ciente de suas obrigações, parte para um combate suicida contra os árabes.
Eurico, o Presbítero - Alexandre Herculano
Eurico, então, se entrega à religiosidade, tornando-se o Presbítero de Cartéia, para se afastar das lembranças de Hermengarda, através das funções religiosas e da composição de poemas e hinos religiosos.
No entanto, quando ele descobre que os árabes estão invadindo a Península Ibérica, liderados por Tarrique, alerta seu amigo Teodomiro e se transforma no enigmático Cavaleiro Negro. De maneira heróica, Eurico, agora Cavaleiro Negro, luta em defesa de sua terra e, devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos Godos e lhes dá forças para combater o invasor.
Quando a vitória parece certa para os Godos, Sisibuto e Ebas, filhos do imperador Vitiza, traem seu povo, a fim de ganhar o trono espanhol. Logo após, Roderico, rei dos Godos, morre em batalha e o povo passa a ser liderado por Teodomiro. Enquanto isso, os árabes invadem o Mosteiro da Virgem Dolosa e raptam Hermengarda. O Cavaleiro Negro a salva quando o "amir" estava prestes a profaná-la. Durante a fuga, Hermengarda é levada até as Astúrias, onde está seu irmão Pelágio.
Em segurança numa gruta, Hermengarda encontra Eurico e declara seu amor por ele. Contudo, Eurico não acredita que esse amor possa se concretizar, devido às suas convicções religiosas, e revela a real identidade do Cavaleiro Negro. Ao saber disso, Hermengarda perde a razão e Eurico, ciente de suas obrigações, parte para um combate suicida contra os árabes.
domingo, 1 de novembro de 2009
A Linguagem da Política - Inovações lingüísticas no português conteporâneo
Por que a linguagem da Política especificamente? Porque a Política faz parte do nosso cotidiano, penetra em nossos lares pela mídia, é dinâmica, é rica, é renovadora. Uma inovação na linguagem da Política é um eficaz recurso de Comunicação, irradiando-se em ondas por todo o país e penetrando em outros campos do saber.
Quando Fernando Henrique criou fracassomania, o termo se irradiou, em ondas sucessivas, por todo o território brasileiro, e sua aceitação fez gerar o antônimo sucessomania e os respectivos derivados fracassomaníaco e sucessomaníaco.
A Política forma a história do país, cujo principal esporte é o futebol. Assim, o radical –mania se expande à área do futebol, formando, em plena copa de 94, ronaldinhomania.
A adoção de uma inovação política está diretamente relacionada ao prestígio de seu criador. Tivemos um exemplo recente. Quando o ministro Rogério Magri, do governo Collor, criou imexível, apesar da produtividade de prefixo e sufixo, houve uma polêmica nacional. Em 1995, no governo Fernando Henrique, o ministro Adib Jatene criou infritável, usando o mesmo processo, e houve ampla aceitação.
Essa pesquisa iniciou-se em 1994, com material recolhido nos principais jornais e revistas do país: JB, O Globo, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Estado de Minas, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Gazeta do Povo, Zero Hora, A Tarde, A Crítica, Revista Veja, Revista Isto É, Revista Manchete. Essa coleta estendeu-se até o início de 1996. Compreende a era pós-Collor, com Itamar Franco no poder e primeiro ano do governo de Fernando Henrique.
A escolha desse período não foi aleatória. 1994 foi um ano atípico. O Brasil esteve governado por um vice-presidente porque o presidente da República fora afastado por um processo de impeachment. Foi ano eleitoral. Sendo Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, criou – se o Plano Real – ou Plano FHC. O Brasil conviveu com duas moedas: o cruzeiro real e o real, além da fase de transição com o indexador URV. 1995 representou a posse de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República e a continuidade do Plano Real, mantendo-se o real como moeda nacional. Foi ano de muitas crises, começando pela do SIVAM e culminando com a da pasta rosa.
A partir da coleta desse material, organizei-o em grupos, por níveis lexicais, locucionais e frasais. Destaquei inovações propriamente ditas, retomada de palavras em sentido político e empréstimos lingüísticos.
Catalogados os termos, dei início à organização dos verbetes, que foram assim constituídos: classe gramatical (de acordo com o contexto); gênero (baseado na classificação de Mattoso Câmara); processo de formação (numa visão sincrônica, estudando-se a produtividade atual de sufixos e prefixos); etimologia (em caso de retomada de palavras); sentido político; conteúdo histórico; e abonação com indicação da fonte.
Muitos foram os termos criados a partir de lexemas antroponímicos: adhemarismo, brizolismo, cardosismo, collorato, collorizar, fernandohenriquismo, lular, malufismo, marcelista, menemizar, quercismo, sarneyzismo, sarneyzista, ulyssista etc.
Siglas e vocábulos acrossêmicos também geram derivados: ciepão, cutista, embrateleca, pefelagem, pefelista, pepebista, petismo, urvirização etc.
Vocábulos de aspecto híbrido são freqüentes, como se pode observar em fumódromo, showmício, SIVAMgate, umbigotropia.. .
Entre as inovações lexicais, destacaram-se substantivos formados, em sua maioria, por processo de derivação. Grande foi a produtividade dos sufixos –ção, –ismo e –ista e dos prefixos anti-, dês– e super-.
Processo comum foi o que se convencionou chamar de “dupla derivação em cadeia”: um verbo gera outro verbo e este novo verbo gera um substantivo. É o que se observa com o verbo fazer, que gera *fazejar, de natureza freqüentativa, que, por sua vez, gera fazejamento. O processo também pode ocorrer de substantivo para verbo, gerando novo substantivo: Fujimori gera * fujimorizar, que gera fujimorização.
Foram registradas inovações de natureza técnica, ao lado de outras de característica popular, algumas, até, jocosas, de cunho metafórico. Umas caem no gosto popular, como acabar em pizza, sendo adotadas pelo sistema; outras refletem o momento histórico e, logo, serão esquecidas e substituídas, como realmário, nome jocoso atribuído à moeda real numa alusão ao craque brasileiro que se destacou na Copa do Mundo de 94. Outras, levando-se em conta o prestígio do criador, irradiam-se por todo o território brasileiro, como foi o caso de fracassomania.
Nícia de Andrade Verdini Clare (UERJ)
http://www.filologia.org.br/ixcnlf/16/02.htm