sexta-feira, 10 de maio de 2013

Para Sempre (Carlos Drummond de Andrade)


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Referências:

ANDRADE, Carlos Drummond de. Para Sempre. Crônicas de Carlos Drummond de Andrade. São Paulo: Pensador.Info. Portal Uol, 2012.Disponível em: Acesso em: 10/05/2013.

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