sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Como fazer um bom fichamento?
Exigências básicas para se fazer um bom fichamento:
1 Identificar a Fonte da Leitura (Livro, Tese não publicada, Artigo em revista etc);
1.1 Ano da Publicação (ou do documento, caso não tenha sido publicado);
1.2. Nome da Editora (em caso de ter sido publicado);
1.2.1. Número da Edição e/ou da impressão (nem sempre existe em publicações mais antigas);
1.2.2. Número de páginas (do livro e/ou da parte lida).
1.3. Título da Obra;
1.3.1. Título da Obra no Original (em caso de obra estrangeira. Está na ficha catalográfica)
1.3.2 Título do Capítulo ou do trecho lido (caso tenha lido um trecho sem título ou sub-título, procure dar um a partir da frase empregada pelo autor no início de um parágrafo);
1.4. Localização da obra (se obtida em biblioteca, da propriedade do próprio aluno etc);
1.5. Nome do Autor (ou autores) e/ou do Organizador;
1.5.1. Nome do Tradutor (no caso de ser uma obra escrita originalmente em outro idioma);
2. Tema da Obra (Administração, Sociologia etc.);
2.1. Palavras-chaves (caso haja na ficha catalográfica da obra valha-se delas, mas use também as que te pareçam mais indicadas);
2.2. Idéia ou idéias principais do autor (registre as que lhe pareçam as mais importantes. Aqui já se exigirá do aluno um esforço de síntese ao tentar captar tais idéias);
2.2.1. Objetivo (s) principal (is) do autor (nem sempre o autor explicita seu objetivo);
3. Reprodução de trechos da leitura (dos que considerar os relevantes para a apreensão do conjunto da leitura. Importante ao final da reprodução identificar o item e a página de onde copiou);
3.1. Conceitos utilizados acompanhados da explicação do autor;
3.2. Nomes de outros autores ou livros citados no texto (trata-se da bibliografia comentada pelo autor ao longo de seu texto e sobre a qual ele faz referências);
4. Glossário de palavras e conceitos (há semelhança com o item 3.1.,mas há ligeira diferença);
5. Comentários do aluno sobre a leitura (fácil, difícil, o que aprendeu, o concluiu, etc.).
5.1. Dúvidas da leitura que deseja esclarecer em aula (se mais de uma numerá-las).
Quanto a forma de elaboração do fichamento, penso ser apropriado que este seja feito com ao menos duas (2) colunas para melhor divisão e clareza, mas não mais do que quatro (4) a fim de não torná-lo detalhado demais.
A MÚSICA E A POESIA NEGRA NO CONTEXTO BRASILEIRO
ARANTES, Alessandro de Oliveira (EMBNT/UERN/PCP/ASPAM).
“é através do som do tambor, instrumento que demarca a musicalidade africana, que o poeta elabora sua visão de irmandade de um povo em diáspora” (ADOLFO, 2000:26).
RESUMO:
Este trabalho tem como princípio fundamental, mostrar um pouco do contexto da música e poesia negra no Brasil, abordando alguns aspectos de forma breve, e de grande importância, onde procuramos iniciar falando um pouco acerca do contexto sociocultural e histórico, enfocando nas linhas iniciais a questão de que nosso país é uma sociedade multicultural, formada por vários povos, e que coexistem em um todo, e que contribuíram grandemente para estabelecer uma cultura forte e miscigenada, sendo esta uma marca que faz de nossa nação única; também abordar sobre a música e a poesia negra, especificamente no Brasil, onde procuramos explicar de forma simples que as diferentes manifestações artísticas, no âmbito do texto e da música, mostrando que os elementos conseguem coexistir harmonicamente, e que juntos conseguem valorizar as suas raízes negras. Depois abordamos um pouco sobre a música negra no Brasil, mostrando os diferentes e mais populares ritmos de origem negra, enfocando aqueles que são mais presentes, também sobre os instrumentos usados por esses movimentos, também falamos sobre a poesia negra brasileira. Também, abordamos sobre a poesia negra, procurando mostrar de forma breve alguns expoentes dessa literatura, mostrando suas marcas mais importantes.
PALAVRAS-CHAVE: Sociedade brasileira. Povos. Expressão cultural. Resistência. Música. Poesia e literatura.
INTRODUÇÃO:
A sociedade brasileira contemporânea que temos hoje se originou não somente da herança cultural europeia e indígena, sendo assim, as várias etnias que coexistem e integram a nossa sociedade multicultural, desse país que hoje é chamado de Brasil; nós brasileiros devemos bastante, particularmente aos povos que compõe e que ajudaram (de maneira indireta) a contribuir com a formação de uma nação multicultural, sendo que a nossa cultura foi formada a partir da incorporação e miscigenação de valores, elementos étnicos e sociais de cada povo que veio imigrado para nossas terras, também aqueles que vieram escravizados dos países africanos, refugiados da Ásia e Europa, povos colonizadores de Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra, que na tentativa de colonizar e estabelecer uma nova nação subordinada a uma nação maior fez com que a sua cultura fosse imposta em detrimento daquelas já existentes (as indígenas, pré-colombianas e ancestrais) que há milênios permanecem e sobrevivem, algumas extintas e outras respirando e assimilada a outras culturas.
O Brasil de hoje como conhecemos, está passando por um processo de valorização das culturas que nela existem, principalmente aquelas que foram subjulgadas e proibidas em décadas passadas por regimes ditatoriais, que suprimiam qualquer forma de expressão, culto, música, poesia e literaturas oriundas dos povos por eles tidos como inferiores. Entre os quais, destacam-se os cidadãos oriundos das etnias africanas, asiáticas e de alguns países sul-americanos e europeus, mais especificamente as culturas africanas tiveram um grande papel em nossa cultura, e que será abordado nessa pesquisa, onde procuramos mostrar como ela se faz presente em tudo que fazemos, mais especificamente na música e poesia que será alvo de nossa abordagem teórico-metodológica.
1 A MÚSICA E A POESIA NEGRA NO CONTEXTO BRASILEIRO
A música e a poesia de origem negra coexistem no Brasil de forma harmoniosa, sendo que a primeira vem se fortalecendo de uma forma impressionante, e passando a influenciar e a originar ritmos e estilos musicais novos ou mesclados com outros, igualmente a poesia que vem se revelando como um forte instrumento de expressão, resistência e libertação dos valores negros, e um resgate de sua identidade étnica, o que foi inspirado no movimento chamado de Pan-africanismo, que tinha como princípio resgatar e valorizar os elementos pluriculturais negros, revelando ao mundo uma nova maneira de ser negro, resgatando o orgulho da identidade negra, revalorizando suas tradições e sua participação na história, conforme Laranjeira (1995) nos diz que é, hoje, tido como assente que o Pan-africanismo influenciou todos os grupos e movimentos da sociedade, da política e da cultura dos negros africanos e extra-africanos no sentido de uma identificação com sua comunidade racial e, muitas vezes, com um sentimento e uma prática de solidariedade e fraternidade universal.
Essas ideias libertárias e princípios de integração e valorização dos negros de maneira geral foram disseminados no Brasil pelos escravos e imigrantes oriundos dos Estados Unidos principalmente e também de Angola, Guiné, Moçambique, África do Sul, Jamaica, Haiti e Suriname, onde fugindo da repressão causada pelos povos dominadores, e pela escravização que ocorriam nesses países, e alguns deles ao chegar a nosso país, passaram a influenciar de forma significativa e a contribuir com os elementos de sua cultura na nossa já existente.
1.1 A MÚSICA NEGRA NO BRASIL
A música negra em nosso país teve como origens através da incorporação de movimentos culturais existentes em outros países, e que foram trazidos para nossas terras através da migração que mencionamos no capitulo anterior, e que tinham como princípio básico a necessidade de valorizar e resgatar ideais, valores étnicos e herança cultural, artística e social de seus povos de origem; além de proporcionar essa matriz de distinção étnico-cultural, também como forma de resistência, expressão e libertação, além de exaltar princípios religiosos, artísticos e literários (esse último será abordado mais a frente).
Especificamente, a música originária dos povos africanos existe hoje sobre diferentes formas, e sobrevivem em nossa sociedade de forma pura ou miscigenada, sendo assim, no Brasil existem mais de 60 gêneros musicais de origem negra, alguns puros e outros mistos, e também alguns novos, que se originaram através da evolução de outros, entre os quais destacamos alguns que são mais difundidos e conhecidos:
a) Samba: Estilo musical originário da mistura de ritmos africanos, especificamente os de Angola, e que chegaram à Bahia durante a época da escravatura, e que deram origem ao samba de roda, e posteriormente aos samba como conhecemos hoje, que foi concebido através da mistura dos elementos do Maxixe, lundu, semba, batucada, jongo, modinha e choro;
b) Afoxé: É um ritmo afro de origem iorubá, para alguns pesquisadores seria uma forma diversa do maracatu. O termo Afoxé da África denota a festa profano-religiosa efetuada pela nação no momento oportuno. A expressão afoxé teve uso restrito, apenas entre os seus participantes, já que os autores dedicados ao estudo do maracatu não a registram;
c) Lundu: gênero musical contemporâneo e uma dança brasileira de natureza híbrida, criada a partir dos batuques dos escravos bantos trazidos ao Brasil de Angola e de ritmos portugueses. Da África, o lundu herdou a base rítmica, certa malemolência e seu aspecto lascivo, evidenciado pela umbigada, os rebolados e outros gestos que imitam o ato sexual. Da Europa, o lundu, que é considerado por muitos o primeiro ritmo afro-brasileiro, aproveitou características de danças ibéricas, como o estalar dos dedos, e a melodia e a harmonia, além do acompanhamento instrumental do bandolim.
d) Maracatu: Estilo musical rítmico característico do estado de Pernambuco é caracterizado principalmente pela percussão forte, em ritmo frenético, que teve origem nas congadas, cerimônias de coroação dos reis e rainhas da Nação negra, originaram-se também de manifestações artísticas locais;
e) Pagode: Originário do samba, sendo um gênero musical originado no Rio de Janeiro, que surgiu nos fundos de quintais, muito comuns no subúrbio da cidade.
f) Rap: Estilo musical caracterizado por um discurso rítmico com rimas e poesias, que surgiu no final do século XX entre as comunidades negras dos Estados Unidos. É um dos cinco pilares fundamentais da cultura hip-hop, podendo ser interpretado a capella bem como com um som musical de fundo, chamado beatbox. Os cantores de rap são conhecidos como rappers ou MCs, abreviatura para mestre de cerimônias.
g) Reggae: Estilo musical desenvolvido originalmente na Jamaica do fim da década de 1960. Embora por vezes seja usado num sentido mais amplo para se referir à maior parte dos tipos de música jamaicana, o termo reggae indica mais especificamente um tipo particular de música que se originou do desenvolvimento do ska e do rocksteady.
h) Soul: é um gênero musical dos Estados Unidos que nasceu do rhythm and blues e do gospel durante o final da década de 1950 e início da década de 1960 entre os negros.
i) Funk Carioca: Esse estilo musical é oriundo do Rio de Janeiro, mais precisamente das favelas. Apesar do nome, é diferente do funk originário dos Estados Unidos. Isso ocorreu, pois a partir dos anos 1970 eram realizados bailes black, soul, shaft ou funk, com o tempo, os DJs foram buscando novos ritmos de música negra, mas o nome original permaneceu.
j) Ijexá: O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés, possuindo um ritmo suave, mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança, onde é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso.
k) Axé: Estilo musical surgido na Bahia na década de 80, esse ritmo se tornou a marca registrada do estado, originou-se segundo Syllos & Montanhaur (2002) da mistura entre o frevo pernambucano, ritmos afro-brasileiros, reggae, merengue, forró, maracatu, calipso e outros ritmos afro-latinos.
l) Gospel: Gênero musical composto e produzido para expressar a crença, individual ou comunitária, cristã. A música gospel é escrita e executada por muitos motivos, desde o prazer estético, com motivo religioso ou cerimonial, ou como um produto de entretenimento para o mercado comercial.
Existem também em nosso país, ritmos que não são populares, mas que representam uma significativa parcela da população, e que por elas são praticadas, sendo eles: Blues, Rhythm and Blues (R&B), Hip-Hop, Ska e Jazz.
1.1.1 Instrumentos Musicais de origem negra
Entre os inúmeros instrumentos musicais de origem negra ou africana, destacamos aqueles que são mais conhecidos, e amplamente utilizados em nossa música, nos diferentes ritmos e estilos musicais hoje. Destacamos o Berimbau, Pandeiro, Atabaque, Timbau, Timba, Surdão de mão, Tambor, Afoxé, Pandeirola, Banjo, Cuíca, Conga, Xequerê, Marimba, Tantã, Surdo, Tamborim, Repique, Arghul, Balafon, Bendir, Caxixi, Ganzá, Djembe, Ghaida, Korá, Reco-reco, Senza, Quissanga, Uffataha, Ud, e muitos outros que não foram mencionados por aqui. Entre esses instrumentos supracitados, vemos que muitos deles são amplamente utilizados em nossa música, o Samba é com certeza o que agrega mais instrumentos dessa origem, assim como a Suingueira (pagode baiano), as baterias das escolas de samba e o Axé, que fazem uso destes instrumentos com intensidade e frequência.
1.2 A POESIA NEGRA NO BRASIL
A poesia negra brasileira como conhecemos existe no chamado grupo de literaturas afro-brasileiras, sendo que elas são pouco acessíveis, por não serem muito populares ou não serem acessíveis ao público por uma série de fatores que não irei me deter nesta abordagem, sendo assim, a poesia ainda resiste, e tem como sua principal forma de divulgação, no caso brasileiro, as obras são geralmente edições do autor, vendidas em bares, portas de teatro e outros espaços públicos (mas raramente em livrarias).
Uma das primeiras tentativas de caracterização geral da produção poética negra brasileira foi feita por Cassiano Nunes, no ensaio “A poesia negra no Modernismo Brasileiro”, publicado no número 5 da revista Cultura em 1972, onde o autor procurou mostrar e sugerir que as características da produção poética negra brasileira devem ser divididas de quatro formas básicas: os temas da vida da população negra, a utilização de ritmos negros, a utilização de um vocabulário “novo, rico e sugestivo” e a expressão das vivências negras. Também o autor nos mostra que as “vivências negras” seriam “Alegria natural, despreocupação, prática de magia, sentimentos de religiosidade”, mas também afirma que o negro brasileiro desconhece o rancor, sentimento hoje alimentado em algumas situações artificialmente, maliciosamente, pelo negro norte-americano. “Ao lado das justas explosões de ira, também vicejam o vigarismo, a chantagem, a profissionalização da negritude” (Nunes 1972: 119-121).
Sendo assim, notamos que a poesia negra brasileira se assemelha com aspectos da literatura negra americana, mas difere na questão da retratação do comportamento e vivência dos negros, conforme exalta Benedita Damasceno (1988) explorando algumas das características da poesia negra brasileira moderna são basicamente:
A procura e/ou afirmação da identidade negra; b) a ausência de um código de cor básico e obrigatório; c) o uso de temas da vida e da população negra resultante de vivências próprias ou de estudos e observações conscientes; d) a reprodução de ritmos negros; e) a introdução na poesia de termos e palavras do vocabulário afro-brasileiro; f) a transformação e a reabilitação semântica da linguagem (DAMASCENO 1988: 69).
Também ela defende e estabelece que existam quatro constantes discursivas ou “leis fundamentais” da poesia negra brasileira: entre elas a emergência do eu enunciador, que revela “a determinação do poeta de desvencilhar-se do anonimato e da ‘invisibilidade’ que o relegou a sua condição de descendente de escravos ou ex-escravos; a construção de uma epopeia negra, por meio da qual se procede ao resgate da história do negro, (re)contada em versão ‘não oficial’; a reversão dos valores, buscando a afirmação da identidade negra pela inversão ideológica do universo semiótico ligado ao negro, num quase virar do avesso as isotopias do “negro burro”, “negro indolente” etc.; uma nova ordem simbólica, que nada mais é do que uma consequência natural da “lei” anterior, na qual o poema se torna o espaço da destruição de uma simbologia estereotipada (Bernd, 1988: 77, 89). No início do século XX como surgimento de uma atuante imprensa negra no Brasil, e é por meio dela que se faz conhecido o nome do poeta Lino Guedes (1897-1951), considerado por Oswaldo de Camargo (1987: 75) como o primeiro poeta negro brasileiro que aceitou-se como negro.
Nos dias de hoje, se aceitar como negro na literatura é algo bem difícil, pois muitos ainda temem sofrer preconceitos ou ser discriminado por suas origens, além de pensar que as pessoas irão julgar mal seus trabalhos, por causa de um estereótipo de que o negro não teria a capacidade de criar tais obras, mas como vemos em nossa sociedade, essas barreiras estão sendo quebradas e o negro está conseguindo se destacar nesse cenário.
A literatura negra se define, assim, na medida em que o(a) autor(a) negro(a) torna-se sujeito de seu próprio discurso. Deixa de ser personagem secundário, deixa de ser o “ele/ela” para ser protagonista, tornando-se o “eu” que tem a posse de suas falas. Mas a passagem do ser o “outro” na produção literária para um “eu” requer necessariamente a experiência histórica do ser negro; também “o conceito de literatura negra não se atrela nem à cor da pele do autor nem apenas à temática por ele utilizada, mas emerge da própria evidência textual cuja consistência é dada pelo surgimento de um eu enunciador que se quer negro” (BERND, 1988, p. 2).
1.2.1 Poetas negros e sua literatura como forma de expressão
Dentre os expoentes da literatura negra assim citamos alguns autores negros que ficaram conhecidos por sua rica poesia Oswaldo de Camargo, que além de poeta, é jornalista, contista, novelista e músico amador, sendo que ele é considerado a maior autoridade brasileira em literatura negra, pois desde os 17 anos, ele dedica-se a literatura e a seu acervo literário, um dos mais brilhantes quando o assunto é negritude. Nascido em 1936, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, ele é um dos responsáveis pela inclusão da literatura negra no circuito cultural do Brasil; também destacamos Lima em 1926, quando aparece a figura de um poeta pobre e pequeno, surgindo assim uma nova fase da literatura negra; também Lino Guedes, que escreve com os olhos voltados para a comunidade negra; Luiz Gama e Cruz e Souza escreveram sobre o negro, mas não para um público negro, enquanto Lino Guedes escreve como negro, também sobre o negro e para o negro, num momento de ebulição cultural e social; depois veio Solano Trindade com sua poesia política, contestatória e marxista, que dá um rumo de grandeza à literatura negra cantando e exaltando Zumbi dos Palmares, fazendo com que a literatura negra atual segue essas duas tendências, somadas às influências africanas e, sobretudo norte-americanas, além de outros que não foram possíveis de mencionar, pois são vários, cada qual com sua obra em particular e que merecem uma atenção especial sobre suas publicações e também aqueles que fazem ou fizeram parte dos movimentos literários que passaram ou ainda estão vigentes no país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, a sociedade brasileira deveria valorizar mais e passar a reconhecer que a música e a poesia negra tem um papel importante na formação da sociedade brasileira, sendo que, a primeira, se faz mais presente no cotidiano, enquanto a poesia ainda se encontra um pouco inacessível, por muitos leitores ainda desconhecerem alguns nomes dessa literatura, também elas passaram a serem mais estudados por pesquisadores, interessados em descobrir e entender de fato o que ela é, assim como a música negra, que vem influenciando significativamente na música brasileira, bem como, também, os movimentos culturais de maneira geral, e principalmente aqueles que possuem a mesma origem. Outro ponto a ser exaltado é a tamanha influência que a cultura africana teve em nosso país, contribuíram para a diversificação rítmica, poética, musical e literária, também com a parte de instrumentos musicais e técnicas rítmicas, além da escrita e forma das poesias, abordando temas do cotidiano negro, procurando exaltar e trazer para o conhecimento público os sentimentos, ideais, sonhos, e toda forma de expressão e exaltação dos valores e preservação de culturas afro-brasileiras, proporcionando uma liberdade de expressar e demonstrar seus valores e o que sentem de fato.
REFERÊNCIAS
ADOLFO, Sérgio Paulo (2000): Vozes negras em terra de branco. In: Signum: Estudos Linguísticos. Londrina, n. 3, p. 19-30.
ALENCAR, Edigar de. Nosso senhor do samba. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1988.
ARANHA, Ana. Vinte anos de baianidade. Revista Época [on line], Edição 351. [S. I.]: 07 fevereiro 2005. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT904129-1661,00.htm >. Últilmo acesso em 15 setembro 2012.
BERND, Zilá (1988b):. Introdução à Literatura Negra. São Paulo, Brasiliense.
CAMARGO, O. org. 1986. A razão da chama: antologia de poetas negros brasileiros. São Paulo: Edições GRD.
DAMASCENO, B. G. 1988. Poesia negra no Modernismo brasileiro. Campinas: Pontes.
GARDEL, André. O Encontro Entre Bandeira e Sinhô. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1996
LARANJEIRA, Pires (1995): A Negritude africana de língua portuguesa. Porto, Afrontamento.
MORAIS JUNIOR, Luis Carlos de. O Sol nasceu pra todos: a História Secreta do Samba. Rio de Janeiro: Litteris, 2011.
NUNES, C. 1972. “A poesia negra no Modernismo brasileiro”. Cultura 5: 118-123.
OXFORD English Dictionary (Dicionário de Inglês Oxford). Oxford University Press. ISBN13: 9780195170771
O AFOXÉ trata-se de mais um ritmo afro presente na cultura local: De origem iorubá, a palavra afoxé poderia ser traduzida como "a fala que faz". Wikipédia, 2012. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Afox%C3%A9_(ritmo)> Acesso em: 07 nov. 2012.
SANTOS, Donizeth Aparecido. Espéculo. Revista de estudios literarios. Universidad Complutense de Madrid - Espanha. Madrid, UCM, 2010. Disponível em: acesso em: 07 nov 2012.
SYLLOS, Gilberto de. e MONTANHAUR, Ramon. Bateria e Contrabaixo na Música Popular Brasileira. 3ª edição.Rio de Janeiro: Lumiar,2002, (p. 65).
_____. Dicionário Cravo Albin da música popular brasileira. Instituto Cultural Cravo Albin, UFRJ/UNIRIO/SEE-RJ/. Rio de Janeiro: Brasil, 2012. Disponível em: http://www.dicionariompb.com.br/ Acesso em: 07 nov. 2012.
ANEXOS
ANEXO 1: Exemplo de Lundu
Umbigada (Lundu de Roda)
(Autor desconhecido)
Uê, uê... uê, uá..Uê, uê... uê, uá...
A lua vai saí e eu vô girá. A lua vai saí e eu vô girá.
Vou caçá meu tatu, meu tamanduá.
Vou caçá meu tatu, meu tamanduá.
Uê, uê... uê, uá...Uê, uê... uê, uá...
Umbigada de papudoé papudo que dá.
Eu também sô papudoeu também quero dá.
Uê, uê... uê, uá...Uê, uê... uê, uá...
O jacu tá no pau, atira, Antonio.
O jacu tá no pau, eu vô atirá.
Umbigada de papudo é papudo que dá.
Eu também sô papudo eu também quero dá.
Uê, uê... uê, uá...Uê, uê... uê, uá...
Urubu desceu na terra com fama de dançadô.
Gavião pegô a dama gavião foi quem dançô.
Ora dança, urubu! Não senhor! Ora dança, urubu! Não senhor!
ANEXO 2: EXEMPLO DE POESIA NEGRA
BATUQUE
Batuque
tuque
tuque
todo o muque
no tambor.
/.../
Esses negros loucos batendo
já com a cor de Exu-Bará nos dedos,
couro contra couro,
mas o couro do inhã é mais forte,
lá vai seu ronco de trovoada
e a terra vai rachar em fendas
- toque de Xangô.
Batuque
tuque
tuque
todo o muque
no tambor. (Silveira, 1981:16)
ALÔ
Alô Guianas
Surinam
Colômbia
Todamérica
nossos tambores
de caule e couro
e som de cerne
se saúdem
fraternos. ( Silveira, 1981:13 )
terça-feira, 6 de novembro de 2012
Língua Brasileira? Afinal, que língua é falada no Brasil?
“Não falamos português, falamos
brasileiro!”, diz Eni P. Orlandi, autora do livro Língua
Brasileira e Outras Histórias. A autora tem também um artigo
publicado intitulado Língua
Portuguesa, na revista Ciência e
Cultura. Nele, a autora afirma que a dúvida sobre qual idioma nós falamos é
antiga! Segundo ela, “esta é uma questão que se coloca desde os princípios da
colonização no Brasil”.
“A língua brasileira, ou o português no
Brasil, não é apenas uma contextualização do português de Portugal; ela é uma
historicização singular, efeito da instauração de um espaço-tempo particular
diferente do de Portugal. Espaço-tempo que se caracteriza pela forte unidade da
língua brasileira na representação do imaginário nacional. Em países de
colonização, como o Brasil, dá-se o processo do que chamamos heterogeneidade
linguística pelo qual a língua funciona em uma identidade dupla. Desse modo,
línguas que são consideradas as mesmas, porque se historicizam de maneiras diferentes
em sua relação com a formação dos países, são línguas diferentes. Ou seja,
falamos a ‘mesma’ língua, no caso do português do Brasil e o de Portugal, mas
falamos diferente.” (Fonte: Enciclopédia das Línguas no Brasil)
Para Orlandi, a língua brasileira é tão
diferente da portuguesa quanto o latim é do português. A Revista Galileu de outubro dá alguns exemplos das
diferenças entre a “mesma língua”! Quem for assinante pode ler a matéria aqui, se não for seu caso,
aqui vão alguns exemplos:
Tempos
Compostos
A preferência nacional é por tempos construídos com dois verbos, enquanto o português prefere os tempos simples
Brasileiro – “Vai passar nessa avenida um samba popular”
Português – “Passará nessa avenida um samba popular”
A preferência nacional é por tempos construídos com dois verbos, enquanto o português prefere os tempos simples
Brasileiro – “Vai passar nessa avenida um samba popular”
Português – “Passará nessa avenida um samba popular”
Topicalização
Em terras brasileiras, costumamos repetir parte das frases de maneiras diferentes
Brasileiro – “O menino, ele saiu depressa”
Português – “O menino saiu depressa”
Em terras brasileiras, costumamos repetir parte das frases de maneiras diferentes
Brasileiro – “O menino, ele saiu depressa”
Português – “O menino saiu depressa”
Gerúndio
Nós preferimos dizer no gerúndio, e o português, no infinitivo
Brasileiro – “Às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois”
Português – “Às vezes no silêncio da noite, eu fico a imaginar nós dois”
Nós preferimos dizer no gerúndio, e o português, no infinitivo
Brasileiro – “Às vezes no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois”
Português – “Às vezes no silêncio da noite, eu fico a imaginar nós dois”
Discurso
O jeito de pensar, construir as frases e os significados é diferente entre brasileiro e português
Brasileiro – “A coxinha acabou”
Português – “Temos coxinha, mas acabou”
O jeito de pensar, construir as frases e os significados é diferente entre brasileiro e português
Brasileiro – “A coxinha acabou”
Português – “Temos coxinha, mas acabou”
Pronomes
O brasileiro gosta de colocar o pronome antes do verbo e o português, depois
Brasileiro – “Deixa disso, camarada, me dá um cigarro”
Português – “Deixa disso, camarada, dê-me um cigarro”
O brasileiro gosta de colocar o pronome antes do verbo e o português, depois
Brasileiro – “Deixa disso, camarada, me dá um cigarro”
Português – “Deixa disso, camarada, dê-me um cigarro”
Significados
E as duas línguas tem a mesma palavra, mas com definições diferentes
Brasileiro: Bizarro (com o sentido de esquisito, com aspecto estranho)
Português: Bizarro (com o sentido de bem equipado, bem-apessoado)
E as duas línguas tem a mesma palavra, mas com definições diferentes
Brasileiro: Bizarro (com o sentido de esquisito, com aspecto estranho)
Português: Bizarro (com o sentido de bem equipado, bem-apessoado)
Segundo a revista, não chega a ser um
problema essas diferenças, “é apenas o nosso jeito de falar”.
Porém, em alguns casos chega a ser
engraçado. Por exemplo, se esse blog estiver sendo lido por um português, e eu
escrever que é melhor que ele tome uma pic* no c*, ele vai procurar um médico.
Se for um brasileiro, vai entender porque eu coloquei esses asteriscos no meio!
Referências:
CARDOSO, Bruno. Língua
Brasileira?. In: portal: O
jornalista.com. O jornalista: Brasil, 2009.
ORLANDI, Eni. P. Língua Brasileira apud Português. In: ELB Labeurb. Unicamp:
Campinas, 2010. <http://www.labeurb.unicamp.br/elb/portugues/lingua_brasileira.html>
Conjunções, quais são e como funcionam?
As conjunções são
palavras invariáveis que servem para articular/ligar frases ou elementos
semelhantes da mesma frase.
Há dois tipos de conjunções: coordenativas e
subordinativas.
Conjunções coordenativas
– ligam dois elementos semelhantes da mesma frase ou duas frases da mesma
natureza, independentes gramaticalmente mas entre as quais existe uma relação.
Ex. :
Alguns rapazes e algumas raparigas foram ao cinema.
Hoje foram ao cinema, mas amanhã vão ao teatro.
Conjunções
subordinativas – ligam duas frases, uma das quais está subordinada, ou seja,
depende de outra. As conjunções subordinativas introduzem as frases
subordinadas.
Ex. :
Quando saíram, foram ao cinema.
COORDENATIVAS
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CONJUNÇÕES
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LOCUÇÕES
|
Copulativas
(indicam
adição)
|
e,
nem, também, que
|
não
só ... mas também,
não
só ... como também,
tanto
... como
|
Adversativas
(indicam
oposição)
|
mas,
porém, todavia,
contudo,
entretanto, que
|
apesar
disso, no entanto, ainda assim, não obstante, de outra sorte
|
Disjuntivas
(indicam
alternativa)
|
ou
|
ou
... ou, já ... já, ora...ora, nem ... nem, quer ... quer, seja... seja, seja
... ou
|
Conclusivas
(exprimem
uma conclusão)
|
logo,
pois, portanto
|
por
conseguinte,
por
consequência
|
SUBORDINATIVAS
|
CONJUNÇÕES
|
LOCUÇÕES
|
Causais
|
porque,
pois, porquanto, como (= porque),
que
( = porque)
|
visto
que, pois que, já que, por isso que , por isso mesmo que
|
Temporais
|
quando,
enquanto, mal, apenas, que
|
antes
que, depois que, logo que, assim que, desde que, até que, primeiro que,
sempre que, todas as vezes que, tanto que, à medida que, ao passo que
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Finais
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que
( = para que)
|
para
que, a fim de que
|
Para além destas
conjunções subordinativas, há ainda as subordinativas concessivas,
consecutivas, comparativas e integrantes que serão estudadas mais tarde.
Referências:
SOA. Lurdes. Conjunções.
Informativo. In Língua Portuguesa. Programa Prof2000. Portugal, 2012.
[Artigo]<http://www.prof2000.pt/users/lurdes_soa/conjun%C3%A7%C3%B5es-info.htm>
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