Quando se trata da linguagem informal, percebemos que certas expressões já se incorporaram ao vocabulário dos falantes, parece tudo tão automático, que muitas vezes as proferimos sem ao menos entendermos o verdadeiro significado. Mas que tal sabermos a origem das mesmas, a fim de que possamos enriquecer nossos conhecimentos sobre a linguagem? Remontando aos tempos pré-modernos, havia uma expressão muito usual entre os casais que queriam sentir-se mais à vontade sem que ninguém estivesse segurando a vela. Pois bem, esta expressão “Segurar Vela” remonta um passado bastante histórico. Quando não existiam lâmpadas, a principal fonte de luz eram as velas. Não era hábito incomum, na época, os trabalhadores braçais as segurarem para que seu senhor enxergasse o que estava fazendo. Nos recintos abertos ao público à noite, como teatros, meninos acendiam e seguravam velas para iluminar o palco. Em obscuros tempos medievais, um criado da casa tinha singular e discreta obrigação: a de segurar um candeeiro para iluminar as relações sexuais dos patrões, entretanto, o criados deveria ficar de costas para não ver os folguedos e, assim não invadir a privacidade do casal - embora pudesse escutar gemidos e grunhidos, sons da própria alcova. O grotesco procedimento caiu em desuso, obviamente, após a invenção da eletricidade. Caso fôssemos associar esta expressão à modernidade atual, ela certamente se restringiria ao universo das gírias, como sendo aquela pessoa que não é bem aceita, que “embaça” a convivência. Outra expressão é Vira-Lata - que retrata aquele cachorro sem pedigree, o mais baixo representante da raça canina, que vive na rua revirando lixo a procura de comida, sem ter ninguém que se interesse por ele. Por volta da década de 40, Carlito Rocha, então presidente do Botafogo - Rio, encantou-se com um vira-lata malhado de preto e branco, as cores do alvinegro carioca. Ele transformou Biriba no mascote do clube,e a lenda conta que o animal ajudou o time a levantar o título de 1948, com só uma derrota - para o São Cristóvão, por 4X0, logo no primeiro jogo do campeonato. Pode ser lenda, mas tem pessoas que acreditam... Coroa - É um termo jocoso atribuído a pessoas com mais de 40 anos. Mas a expressão vem do latim corona, círculo, roda. Em termos físicos, é o ornamento de formato circular usado sobre a cabeça como símbolo de poder e legitimidade - até mesmo em concursos de beleza. É a tonsura circular usada por sacerdotes na parte superior da cabeça, o círculo luminoso que se forma ao redor do Sol ou da Lua em decorrência da modificação da luz na atmosfera úmida. A parte do dente revestida de esmalte, o arranjo floral sobre o túmulo e o ornamento que arremata o topo de um edifício, seu coroamento. Perceberam quantas acepções? Porém, nenhuma analogia com a figura humana com mais de 40anos, não é mesmo?
Por Vânia Duarte
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