Confesso que fui meio irresponsável ao não planejar nada para homenagear as mulheres neste histórico dia 08 de março. Mas também não sou muito ligado a isso de datas comemorativas. Acredito que todas estas datas instiutuídas existam apenas para duas coisas (i) rememorar as tragédias ou (ii) serem subvertidas à lógica capitalista que usa delas a título de aumentar o consumismo. No caso do Dia Internacional da mulher ocorre o primeiro caso que se desdobra noutro aspecto, o de ser um dia de luta em que elas, as mulheres, ainda se colocam na posição da necessidade de espaço. Todos os direitos que elas conquistaram parecem aos seus olhos como que inválidos, uma vez que esta necessidade por espaço ainda é algo inerente. Antes de brigarem por espaço, acredito que este fenômeno machista já tornou-se algo mais que cultural, é "genético" socialmente e, dificilmente haverá plenitude como elas sonham; deveriam elas lutarem pela validade dos direitos.
...
Mas politicagens à parte, se é de espaço que elas reclamam, este ficará dedicado às mulheres, que fazem a literatura de nosso estado.
I
Nísia Floresta. Educadora, escritora e poetisa, Nísia representa o ufanismo de sua própria época e uma necessidade de se auto-afirmar enquanto mulher haja vista seus ideiais estarem anos-luz do nosso Estado porque ela os trazia da Europa, onde passou maior parte de sua vida.
III
Depois Auta de Souza, que com sua vida breve, produziu versos singulares no corpo da literatura potiguar. "Auta de Souza, é veemente exemplo de como o talento e a força de vontade superam dificuldades aparentemente insanáveis" (GURGEL, 2001, p. 46) Não apenas o carácter feminino que dão traços à poetisa, mas Auta constitui o típico físico, pele escura e desprovida de beleza, que na sociedade em que viveu, idos Novecentos, "nenhum dos três predicados contaria a seu favor" (GURGEL, 2001, p. 46).
IV
Palmira Wanderley. A importância da poetisa encerra no fato de que "ela representa a consolidação do verso modernista entre nós". (GURGEL, 2001, p. 52)
V
Zila Mamede. De jornalista, a poetisa nas horas vagas, bibliotecária por profissão, Zila com sua obra e sua carreira intelectual carregam um nome que a faz ser admirada por todos que a conhecem.
VI
Myriam Coeli, poetisa e primeira mulher no estado a exercer como profissional a profissão de jornalista. Seu universo poético em "versos límpidos" se marca pela "ternura, vigor, metafísica e cotidiano, dor e lúcida revolta" (GURGEL, 2001, p. 99).
VII
Madalena Antunes Pereira. Sua obra carrega uma qualidade literária e excepcional e se coloca como marco na produção em prosa por mulheres no estado. Cearaminiense, Madalena Antunes e seu Oiteiro se coloca entre os maiores expontes da intelectualidade literária de nosso estado.
VIII
Marize Castro, a poetisa que, no Estado, inaugura uma nova etapa da produção poético-literária: o da poesia mimeógrafo, ou poesia marginal. Marize carrega em sua obra a marca da ousadia no trato com a matéria poética, "uma poesia que afrontava as convenções e falsos moralismos" (GURGEL, 2001, p. 139).
IX
Contabilizando esse rol de figuras mais que importantes no cenário das letras potiguares, não podemos deixar de reservar espaço para Nivaldete Ferreira, a poetisa da grande sensibilidade, mas também da aridez e contenção do verso. Traços cabralianos e mamedianos.
X
Clotildde Tavares, autora do mais autêntico livro da geração contracultural da poesia potiguar, consoante Tarcísio Gurgel.
XI
Diva Cunha, a menina dos remorsos fé e mundano.
XII
Iracema Machado e muitas outras que lembradas ou não merecem a devida atenção, porque nelas se encerra um grau elevável e louvável de contribuição a este cenário. Todas elas carregam em si singularidades que as fazem servir de modelo de vida no foram e ainda são na sociedade.
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referências: GURGEL, Tarcísio. Informação da literatura potiguar. Natal, RN: Argos, 2001.
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