segunda-feira, 29 de junho de 2009

RELEITURAS



Desilusão


Patativa do Assaré(Antônio Gonçalves da Silva)
Como a folha no vento pelo espaçoEu sinto o coração aqui no peito,De ilusão e de sonho já desfeito,A bater e a pulsar com embaraço.Se é de dia, vou indo passo a passoSe é de noite, me estendo sobre o leito,Para o mal incurável não há jeito,É sem cura que eu vejo o meu fracasso.Do parnaso não vejo o belo monte,Minha estrela brilhante no horizonteMe negou o seu raio de esperança,Tudo triste em meu ser se manifesta,Nesta vida cansada só me restaAs saudades do tempo de criança.


(Mantida a grafia original)


Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, nasceu numa pequena propriedade rural de seus pais em Serra de Santana, município de Assaré, no sul do Ceará, em 05-03-1909. Filho mais velho entre os cinco irmãos, começou a vida trabalhando na enxada. O fato de ter passado somente seis meses na escola não impediu que sua veia poética florescesse e o transformasse em um inspirado cantor de sua região, de sua vida e da vida de sua gente. Em reconhecimento a seu trabalho, que é admirado internacionalmente, foi agraciado, no Brasil, com o título de doutor "honoris causa" por universidades locais. Casou-se com D. Belinha, e foi pai de nove filhos. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956. Cantos de Patativa, em 1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. Tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Sua memória está preservada no centro da cidade de Assaré, num sobradão do século XIX que abriga o Memorial Patativa do Assaré. Em seu livro Cante lá que eu canto cá, Patativa afirma que o sertão enfrenta a fome, a dor e a miséria, e que "para ser poeta de vera é preciso ter sofrimento".O Releituras junta-se às comemorações pelos 100 anos de nascimento do grande poeta cearense, falecido no dia 08/07/2002, aos 93 anos.
O texto acima foi extraído do livro "Ispinho e Fulô", editado pela Universidade Estadual do Ceará/Prefeitura Municipal de Assaré - 2001, pág. 182.


Fonte com outros textos: http://www.releituras.com/

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