sábado, 13 de junho de 2009
Filmes que fazem a cabeça
Uma Mente Brilhante
Por Cláudio Leyria
"Uma Mente Brilhante" (A Beautiful Mind, EUA, 2001) retrata a biografia do matemático norte-americano John Forbes Nash, que criou uma teoria sobre jogos que depois foi aplicada à economia e à política, mudando a estrutura da vida social. Por conta desta contribuição, Nash ganhou o Prêmio Nobel em 1994.
Nash é gênio mas aos 31 anos começou a ser acometido pela esquizofrenia, afastando-se do mundo acadêmico e do mundo da racionalidade durante 30 dramáticos anos em que a sua vida profissional e pessoal se desmoronou quase por completo.
A esquizofrenia se caracteriza principalmente por alteração das funções de percepção, pensamento, afeto e conduta.
No caso do filme, o personagem apresentava alucinações visuais. Na vida real, Nash sofria de alucinações auditivas. No pensamento, ele tinha idéias delirantes, que consistem em falsas crenças, não corrigidas pela confrontação com a realidade, que tendem a se difundir e ir tomando conta da mente. No caso de Nash, as idéias delirantes eram de perseguição. Havia, no seu entendimento, uma conspiração e ele estava empenhado em descobri-la.
O grande mérito do diretor Ron Howard foi colocar o espectador dentro da mente de Nash. O filme trata a esquizofrenia do ponto de vista do esquizofrênico. Todas as visões que ele tem e que parecem ser perfeitamente reais são inicialmente apresentadas como fatos plausíveis. Assim, é possível entender o drama do personagem porque o roteiro faz o espectador acreditar nas suas visões. Estas visões são basicamente formadas por três personagens imaginários com que Nash "convive".
Quando está no auge de seu problema psiquiátrico, Nash, interpretado por Russel Crowe, acredita estar trabalhando para o serviço de inteligência contra os comunistas. Assim, nada mais parece ter importância, nem a família, nem a continuidade de sua vida acadêmica. Tudo o que ele quer é descobrir uma bomba que vai explodir em qualquer lugar os EUA.
Nash acredita que com sua inteligência poderia decifrar códigos publicados em revistas (esta seria a forma dos terroristas se comunicarem).
Curiosamente, o filme dá dicas de que os personagens que Nash vê são ilusões. Há uma cena em que uma menina, fruto da imaginação de Nash, corre pelo gramado da universidade de Princeton. Mas a menina passa por um bando de pombos e as aves não voam quando ela passa por eles.
E os três personagens que Nash vê são na verdade sua personalidade dividida, cada um tendo um aspecto, que somados dá a personalidade do matemático.
O filme prega uma campanha contra o preconceito, mostrando que pessoas que parecem ser meros loucos, merecem muito respeito, porque, quaisquer que sejam as maneiras de se comportar, ainda podem contribuir muito à sociedade.
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