quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Método Paulo Freire: Trabalhando com a educação de jovens e adultos

RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO (Paulo Freire).

Método Paulo Freire: alfabetização pela conscientização

O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvida pelo educador, o método nasceu em 1962 quando Freire era diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife onde formou um grupo para testar o método na cidade de Angicos, RN onde alfabetizou 300 cortadores de cana em apenas 45 dias, Freire criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, que comumente se denomina como linguagem de cartilha, por exemplo “Eva viu a uva”, “o boi baba”, “a ave voa”, dentre outros.
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”(Paulo freire)
 O método propõe a identificação das palavras-chave do vocabulário dos alunos - as chamadas palavras geradoras. Elas devem sugerir situações de vida comuns e significativas para os integrantes da comunidade em que se atua, como por exemplo, "tijolo" para os operários da construção civil.  Diante dos alunos, o professor mostrará lado a lado a palavra e a representação visual do objeto que ela designa. Os mecanismos de linguagem serão estudados depois do desdobramento em sílabas das palavras geradoras. O conjunto das palavras geradoras deve conter as diferentes possibilidades silábicas e permitir o estudo de todas as situações que possam ocorrer durante a leitura e a escrita.
"Em sala de aula, os dois lados aprenderão junto, um com o outro - e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar. Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo".(ROMÃO, José Eustáquio, Revista Nova Escola p.2)
A valorização da cultura do aluno é a chave para o processo de conscientização preconizado por Paulo Freire, ele propôs o que chamou de Temas Geradores, onde o educador e educando em sala de aula aprendem juntos, a diversidade pode contribuir para o dinamismo da aula, para o despertar do interesse, da atenção e do envolvimento, garantindo a todos a possibilidade de se expressar sobre aspectos da realidade, mantendo uma ligação com o universo conhecido deles, impulsionando-os para novas descobertas, pois aprendemos melhor aquilo que temos interesse em aprender. Os Temas Geradores ajuda a organizar o trabalho de sala de aula porque possibilita uma aprendizagem significativa.

 “Os conteúdos de ensino são resultados de uma metodologia dialógica. Cada pessoa, cada grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se parte. O importante não é transmitir conteúdos específicos, mas despertar uma nova forma de relação com a experiência vivida. A transmissão de conteúdos estruturados fora do contexto social do educando é considerada “invasão cultural” ou “depósito de informações” porque não emerge do saber popular".
(http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.com.br/2010/03/metodo-paulo-freire.html )

A proposta de Freire parte do estudo da realidade que é a fala do educando, e a organização do dado que é a fala do educador, surgindo os Temas Geradores da problematização da prática de vida dos educandos e os conteúdos de ensino que são resultados de uma metodologia dialógica.

"Uma das grandes inovações da pedagogia freireana é considerar que o sujeito da criação cultural não é individual, mas coletivo". (ROMÃO, José Eustáquio, Revista Nova Escola p.2)

Etapas do método

Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.
Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos significados sociais dos temas e palavras.
Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.
As fases de aplicação do método

Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:
1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais simples para as mais complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.
5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.

O trabalho com o tema gerador na EJA fase I, possibilita a interdisciplinaridade integrando as disciplinas Língua Portuguesa, Matemática, e Estudo da Sociedade e Natureza, desenvolvendo temas que estejam relacionados com o dia-a-dia dos educandos, partindo de sua realidade e valorizando a sua vivência, através de músicas, poemas, textos informativos e reflexivos, além de facilitar a assimilação dos conteúdos, favorece a integração do grupo.

COLOCANDO EM PRÁTICA
Trabalhando com tema gerador em sala multisseriada- 1ª a 4ª etapa: 
Exemplos: 
Sugestão de Atividades: Tema Gerador FAMÍLIA (minha realidade)
Marcadores: oficina de capacitação EJA 2012
Disponível em: http://ensinareaprender-crisreis.blogspot.com.br/2012/06/tema-gerador-eja-fase-i.html
Sugestão de Atividades: Palavra Geradora VIDA ( Valéria Souto)
Disponível em:http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.com.br/2010/03/metodo-paulo-freire.html
Livros  de Paulo Freire em PDF
Disponível em:http://www.elivros-gratis.net/livros-gratis-paulo-freire.asp#.UHDZJU4cXa0.blogger

Ver também fontes pesquisadas:

BRASIL ALFABETIZADO: experiências de avaliação dos parceiros, disponível em: http://pt.pdfsb.com/readonline/596c684865517830566e4a344458316855513d3d-1286946. Acessado em 13/11/2012

MÉTODO PAULO FREIRE, disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_Paulo_Freire#Etapas_do_m.C3.A9todo. Acessado em 13/11/2012

MÉTODO PAULO FREIRE, disponível em: http://cantinhodesugestoesparaeja.blogspot.com.br/2010/03/metodo-paulo-freire.html. Acessado em 13/11/2012

Paulo Freire, o mentor da educação para a consciência, disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml?page=1. Acessado em 13/11/2012

Paulo Freire, Vida e obra. Disponível em: http://www.educacaonaescola.com.br/paulo-freire/. Acessado em 10/10/2012

Paulo Freire, Relação Professor Aluno, vídeo disponível em:
http://youtu.be/-NQzQlPrQwQ. Acessado em 10/10/2012


Referências:

REIS, Cristiane. Método Paulo Freire. Educação de Jovens e Adultos. [Artigo]. Blog. Apucarana, Paraná: Blog Ensinar é aprender, 2012. Disponível em: http://ensinareaprender-crisreis.blogspot.com.br/2012/11/metodo-paulo-freire.html  Acesso em: 07/08/2013.

Método Paulo Freire de alfabetização: as lembranças emocionadas da 1ª turma

Método Paulo Freire de alfabetização completa 50 anos neste mês. Primeira turma teve 380 alunos de Angicos, dos quais 300 se formaram

Paulo Alves de Souza, 70 anos, Maria Eneide de Araujo Melo, 56, e Idália Marrocos da Silva, 83. Três personagens de uma história que teve como cenário a pequena cidade de Angicos, localizada na região central do Rio Grande do Norte, a 170 km de Natal, e que completa 50 anos neste mês de abril. Os três fizeram parte da experiência de alfabetização de adultos, conhecida como as 40 Horas de Angicos, na qual foram alfabetizados cerca de 300 angicanos, em 1963, sob a supervisão do educador Paulo Freire.
A experiência, inédita no Brasil, tinha uma meta ousada: alfabetizar adultos em 40 horas. Mas não era só isso. De acordo com o professor doutor Éder Jofre, Paulo Freire pretendia despertar o ser político que deve ser sujeito de direito. “A palavra ‘tijolo’ fez parte do universo vocabular trabalhado em Angicos. Era uma palavra que fazia parte do cotidiano dessas pessoas. Mas não era só ensinar a escrever tijolo, tinha também a questão social e política. Era questionado: você trabalha na construção de casas, mas você tem uma casa própria? Por que não tem? Levava o cidadão a pensar nessas questões”, explica Éder Jofre, que é doutor no método Paulo Freire.
método paulo freire alfabetização
Paulo Souza, aluno da primeira turma do método Paulo Freire, se emociona ao lembrar das aulas (Foto: Fernanda Zauli/G1 RN)
Paulo Souza lembra que naquela época, quando tinha 20 anos, já não tinha esperanças de aprender a ler, até que chegou na cidade a notícia do curso de alfabetização de adultos. “Eu não pensei duas vezes. Fui na hora.” Ele conta que trabalhava o dia todo e seguia para as aulas que aconteciam em uma casa no centro da cidade. “Naquela época aqui era só mato. Depois do trabalho a gente seguia para a aula com o caderninho debaixo do braço. Aquilo mudou a minha vida, porque quando a gente não sabe ler a gente não participa de nada, a gente não é ninguém”, diz, emocionado.
Maria Eneide também participou das aulas de alfabetização. Com 6 anos de idade, ela não era o público alvo do curso, mas acompanhava os pais porque não tinha com quem ficar em casa. “Meu pai e minha mãe estavam no curso, então eu ia com eles. Eu aprendi a ler no colo do meu pai e quando ele não podia ir eu acompanhava minha mãe e depois ensinava meu pai”, lembra. A experiência foi determinante na vida de Eneide. “A partir dali eu tive certeza de que seria professora e hoje dou aula para alunos da educação infantil”, diz.
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Aos 83 anos de idade, Idália Marrocos da Silva diz que se lembra ‘como se fosse hoje’ das aulas. “Nós íamos para uma casa e tínhamos aula na sala. Naquela época essas aulas aconteciam em todo lugar: na igreja, na delegacia, nas casas das pessoas. Muita gente aprendeu a ler com essas aulas”, lembra. De sorriso fácil e boa memória. Dona Idália lembra que muita gente tinha medo de ir às aulas porque na época diziam que Paulo Freire era comunista e que os alunos do curso seriam perseguidos. “Muita gente tinha medo. Minha mãe não queria que eu fosse, mas essas aulas mobilizaram a cidade inteira. Foi quase uma revolução e eu queria fazer parte”, conta, na cadeira de balanço, em uma casa simples onde mora sozinha.
Entenda o método Paulo Freire

Paulo Freire desenvolveu um método de alfabetização baseado nas experiências de vida das pessoas. Em vez de buscar a alfabetização por meio de cartilhas e ensinar, por exemplo, “o boi baba” e “vovó viu a uva”, ele trabalhava as chamadas “palavras geradoras” a partir da realidade do cidadão. Por exemplo, um trabalhador de fábrica podia aprender “tijolo”, “cimento”, um agricultor aprenderia “cana”, “enxada”, “terra”, “colheita” etc. A partir da decodificação fonética dessas palavras, ia se construindo novas palavras e ampliando o repertório.
O método Paulo Freire estimula a alfabetização dos adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, através de palavras presentes na realidade dos alunos, que são decodificadas para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo.
Paulo Freire
Paulo Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford.
“A concepção freiriana procura explicitar que não há conhecimento pronto e acabado. Ele está sempre em construção”, explica Sonia Couto Souza Feitosa, coordenadora do Centro de Referência Paulo Freire (CRPF), entidade mantida pelo Instituto Paulo Freire. “Aprendemos ao longo da vida e a partir das experiências anteriores, o que faz cair por terra a tese de que alguém está totalmente pronto para ensinar e alguém está “totalmente” pronto para receber esse conhecimento, como uma transferência bancária. Esse caráter político, libertador, conscientizador é o diferencial da metodologia de Paulo Freire dos demais métodos de alfabetização.”
O método Paulo Freire foi desenvolvido no início dos anos 1960 no Nordeste, onde havia um grande número de trabalhadores rurais analfabetos e sem acesso à escola, formando um grande contingente de excluídos da participação social. Com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi preso e exilado, e seu trabalho interrompido.
“Já naquela época Paulo Freire defendia um conceito de alfabetização para além da decodificação dos códigos linguísticos, ou seja, não basta apenas saber ler e escrever, mas fazer uso social e político desse conhecimento na vida cotidiana”, explica Sonia, que é licenciada em Letras e Pedagogia, com mestrado e doutorado pela Faculdade de Educação da USP.
Desde seus primeiros escritos, Paulo Freire considerou a escola muito mais do que as quatro paredes da sala de aula. Apesar de aplicado entre jovens e adultos, o método também pode ajudar na alfabetização e letramento de crianças.
O método Paulo Freire é dividido em três etapas. Na etapa de Investigação, aluno e professor buscam, no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua biografia. Na segunda etapa, a de tematização, eles codificam e decodificam esses temas, buscando o seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido. E no final, a etapa de problematização, aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido.
Nascido no Recife, Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Ele morreu em maio de 1997, e no ano passado foi declarado patrono da educação brasileira. “O legado que ele nos deixa, entre tantas contribuições, é de esperança”, destaca a coordenadora. “Um legado de entender a educação como espaço de transformação social, que nos ajuda não só a ler a história, mas sermos também escritores da história.”

Referências:
ZAULI, Fernanda. Método Paulo Freire de alfabetização: as lembranças emocionadas da 1ª turma. [Artigo informativo].  In: Portal G1 RN. Natal, Rio Grande do Norte: Pragmatismo Político, 2013.
Por Fernanda ZauliG1 RN

Poemas e pensamentos de Paulo Freire

Verdades da Profissão de Professor

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.

(Paulo Freire)


" A creditamos que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
Se a nossa opção é progressiva, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente
e não de sua negação, não temos outro caminho se não viver a nossa opção.
Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que dizemos e o que fazemos"

(Paulo Freire)


Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.

(Paulo Freire)

Se a educação sozinha não pode tranformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.

(Paulo Freire)

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão

(Paulo Freire)

A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém.

(Paulo Freire)

Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.

(Paulo Freire)

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.

(Paulo Freire)

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.

(Paulo Freire)

As terríveis conseqüências do pensamento negativo são percebidas muito tarde.

(Paulo Freire)

Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.

(Paulo Freire)

“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”

(Paulo Freire)

Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.

(Paulo Freire)

(...) todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...). Temos de saber o que fomos, para saber o que seremos”

(Paulo Freire)

Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

(Paulo Freire)

"A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação, exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunão."

(Paulo Freire)

O amor é uma intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro.”

(Paulo Freire)

A teoria sem a prática vira 'verbalismo', assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.

(Paulo Freire)

A Educação qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimento posta em prática.
Paulo Freire

(Paulo Freire)

“Para a concepção crítica, o analfabetismo nem é uma ‘chaga’, nem uma ‘erva daninha’ a ser erradicada (...), mas uma das expressões concretas de uma realidade social injusta.”
(Ação Cultural para a Liberdade, 1976)

Paulo Freire

Paulo Freire : Biografia resumida - O caminho de um Educador

Nasceu em Recife em 1921 e faleceu em 1997. É considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente. Em uma pesquisa no Altavista encontramos um número maior de textos escritos em outras línguas sobre ele, do que em nossa própria língua.
Embora suas idéias e práticas tenham sido objeto das mais diversas críticas, é inegável a sua grande contribuição em favor da educação popular. Publicou várias obras que foram traduzidas e comentadas em vários países.

Suas primeiras experiências educacionais foram realizadas em 1962 em Angicos, no Rio Grande do Norte, onde 300 trabalhadores rurais se alfabetizaram em 45 dias. Participou ativamente do MCP (Movimento de Cultura Popular) do Recife. Suas atividades são interrompidas com o golpe militar de 1964, que determinou sua prisão. Exila-se por 14 anos no Chile e posteriormente vive como cidadão do mundo. Com sua participação, o Chile, recebe uma distinção da UNESCO, por ser um dos países que mais contribuíram à época, para a superação do analfabetismo.

Em 1970, junto a outros brasileiros exilados, em Genebra, Suíça, cria o IDAC (Instituto de Ação Cultural), que assessora diversos movimentos populares, em vários locais do mundo. Retornando do exílio, Paulo Freire continua com suas atividades de escritor e debatedor, assume cargos em universidades e ocupa, ainda, o cargo de Secretario Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo, na gestão da Prefeita Luisa Erundina, do PT.

Algumas de suas principais obras: Educação como Prática de Liberdade, Pedagogia do Oprimido, Cartas à Guiné Bissau, Vivendo e Aprendendo, A importância do ato de ler.

Pedagogia do Oprimido

Para Paulo Freire, vivemos em uma sociedade dividida em classes, sendo que os privilégios de uns, impedem que a maioria, usufrua dos bens produzidos e, coloca como um desses bens produzidos e necessários para concretizar o vocação humana de ser mais, a educação, da qual é excluída grande parte da população do Terceiro Mundo. Refere-se então a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes, onde a educação existe como prática da dominação, e a pedagogia do oprimido, que precisa ser realizada, na qual a educação surgiria como prática da liberdade.

O movimento para a liberdade, deve surgir e partir dos próprios oprimidos, e a pedagogia decorrente será " aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade". Vê-se que não é suficiente que o oprimido tenha consciência crítica da opressão, mas, que se disponha a transformar essa realidade; trata-se de um trabalho de conscientização e politização.

A pedagogia do dominante é fundamentada em uma concepção bancária de educação, (predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador, sendo os educandos, como vasilhas a serem enchidas; o educador deposita "comunicados" que estes, recebem, memorizam e repetem), da qual deriva uma prática totalmente verbalista, dirigida para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, numa relação vertical, o saber é dado, fornecido de cima para baixo, e autoritária, pois manda quem sabe.

Dessa maneira, o educando em sua passividade, torna-se um objeto para receber paternalisticamente a doação do saber do educador, sujeito único de todo o processo. Esse tipo de educação pressupõe um mundo harmonioso, no qual não há contradições, daí a conservação da ingenuidade do oprimido, que como tal se acostuma e acomoda no mundo conhecido (o mundo da opressão)- -e eis aí, a educação exercida como uma prática da dominação.

Referências

____. Paulo Freire : Biografia resumida - O caminho de um Educador. [Artigo]. Centro Refe educacional, 2013. Disponível em: www.centrorefeducacional.pro.br\paulo.html

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dilema Existencial (Poesia)

A loucura para uns, é a inteligência para outros
O lesado para alguns, é a alegria para outros
O sucesso para alguns, é a inveja para o outro
O despertar para uns, é o enlouquecer para outros.

A paixão para uns, é a perdição para outros
O pão para alguns, é a torrada de outros
O desafio para alguns, é o pesadelo para outros
O jogo de uns, é a diversão de outros.

A solidão de uns, é a liberdade de outros
O escutar de alguns, é o ouvir de outros
O chamar de alguns, é o reconhecer de outros
O prazer de uns, é o gostar de outros.

A aliança de uns, é a união de outros
O passar para alguns, é o ficar para outros
O equilíbrio para alguns, é o centrar de outros
O relembrar de uns, é o falar de outros.

No dizer popular, uns e alguns são os mesmos
No dizer formal, uns são outros, e os mesmos são eles
No jornal circular, outros são uns, e eles mesmos são alguns
No geral, existencial de alguns, eles são eles, alguns são alguns

No dizer, outros são outros, e loucos são loucos
Passa o dia, passa o tempo
A loucura passa, a doidice fica, o sonho permanece
O sucesso aparece.

ARANTES, Alessandro de Oliveira. Dilema Existencial. Poesia. Belford Roxo: Pescando Letras, 2013.
http://www.overmundo.com.br/